FRIZZO, Kamila. Gestão da inovação do modelo de negócios e desempenho inovador e sustentável. Dissertação de Mestrado em Administração, Universidade Federal de Santa Maria, RS, 2018.
1. Problematização e tese defendida
Conforme a autora, a inovação constitui-se no motor da atividade empresarial, pois disso resulta a competição e, por conseguinte, o surgimento de novas ideias. No entanto, ela afirma que é difícil para qualquer instituição se manter absolutamente inteirada dos avanços surgidos em todos os campos tecnológicos. Essa pressão tecnológica tem obrigado as empresas a tentar encontrar os avanços e ideias que lhes sejam mais proveitosos.
Para obter tal proveito, as empresas deveriam explorar e adaptar-se a dois ambientes complementares: o interno, ou seja, os sistemas que integram a sua estrutura interna; e o externo, isto é, o sistema competitivo gerado pelo mercado.
Assim, por exemplo, se uma empresa como a Google, se preocupasse somente com o desenvolvimento de suas próprias pesquisas e não aprendesse com o que é produzido pelos seus competidores, provavelmente iria à falência. Da mesma forma, se tal empresa somente buscasse inovação copiando o que foi produzido pelas suas rivais, também não teria êxito.
Desta forma, é importantíssimo um banco de informações que choque os dados dos sistemas internos e externos, comparando-os constantemente, buscando, assim, as causas de problemas inerentes à empresa. Esse banco de informações faria parte do modelo de gestão estudado pela autora, o IA.
Dentre as distintas ferramentas e métodos que estudam e geram novidades para o mercado e para as estruturas e sistemas das firmas, a autora resolveu analisar um modelo específico, ou seja, as práticas de gestão em Inovação Aberta (IA), a associação desta ao modelo inovador e sustentável das indústrias brasileiras.
Tal modelo permite às organizações introduzirem uma complexidade de ativos do ambiente externo, como ideias, tecnologias, inovações e indivíduos, a fim de completarem o conhecimento e obterem melhor desempenho inovador, além de permitir a exportação da tecnologia gerada internamente para o mercado (FRIZZO, 2018, p. 22).
Isto é, a empresa abre-se não apenas em termos de competição dos produtos e mercadorias, mas em todos os aspectos, copiando o útil, aprimorando, deixando-se interagir com os grandes centros geradores de tecnologia, modernizando-se etc.
Embora o método ora tratado já possua literatura abundante, diz a autora, carece de maior investigação no que tange à relação entre fontes internas e externas de inovação, modelo de negócios e desempenho inovador e sustentável nas organizações (FRIZZO, 2018, pp. 24-25).
Para averiguar essas relações, ela estudou três médias e pequenas indústrias de setores de produção distintos: educação e saúde, papel e celulose e química, as quais tinham como eixo principal de suas inovações a incremento de processos e produtos, não tendo foco nas inovações radicais.
Como fruto de suas observações, autora chegou à seguinte hipótese: As práticas de gestão em IA estão associadas ao modelo de negócios e ao desenvolvimento sustentável em empresas e indústrias brasileiras (FRIZZO, 2018, p. 07).
2. Resultados
As empresas das áreas de papel e celulose, saúde e educação, segundo os dados propostos pela autora, possuem mercado relativamente estável, o que não demandaria tantas inovações.
Por sua vez, as indústrias do setor químico teriam mercados mais instáveis, mais competitivos em termos de geração e adequação às novas tecnologias.
Conclui, portanto, a pesquisadora que: Embora se observe a preocupação das empresas em atender aos critérios sustentáveis, pode-se inferir, de acordo com a sua natureza e estratégia, que as inovações e melhorias da empresa do setor de saúde e educação estão mais voltadas para questões sociais, as da empresa de papel e celulose, para questões ambientais, e as da multinacional do setor químico, para a introdução de inovação em geral no mercado (FRIZZO, 2018, p. 110).
Ou seja: O nível de estruturação da gestão de fontes externas de informação tecnológica varia de acordo com a necessidade e a demanda de cada empresa. Em relação ao modelo de negócios, pode-se perceber que a inovação, a interação com os agentes externos e a sustentabilidade constituem a proposta de valor das empresas. Os achados sugerem, ainda, que, a partir da conectividade com as fontes externas e do atendimento aos critérios sustentáveis, as empresas passaram a obter desempenho inovador por intermédio do desenvolvimento de novos produtos e processos e de algumas ações pontuais em marketing e organizacionais, bem como do desempenho sustentável (FRIZZO, 2018, p. 07).
Assim, a autora confirma a hipótese de que a gestão em IA associa-se ao paradigma de negócios e desenvolvimento sustentável adotado pelas em empresas e indústrias nacionais.