RESENHA: Sistema de indicadores de gestão da inovação em PMES industriais tradicionais

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BERTAZI, Luís Eduardo do Amaral. Sistema de indicadores de gestão da inovação em PMES industriais tradicionais. Dissertação de Mestrado, Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia da Produção, São Paulo, 2017.


Luís Eduardo do Amaral Bertazi é estrando e Engenheiro de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP). Consultor de empresas com expertise em projetos de estratégia, plano de negócios, gestão financeira, operações e gestão industrial. Já atendeu aos setores de infraestrutura, logística e transportes, telecomunicações, bens de consumo, papel e celulose, internet, educação, incorporação imobiliária, associações e agências governamentais.

As empresas necessitam investir em inovação tecnológica e gerencial para sobreviverem em um mercado tão competitivo, diz o autor. Contudo não basta apenas investimento em pesquisa e desenvolvimento. 

Ou seja, às vezes uma empresa gasta milhões em pesquisa, porém os resultados são ínfimos, pois se não houver uma boa gestão dos recursos, provavelmente a empresa terá prejuízos. 

Não se estar aqui a falar de investimentos como o fazem as empresas do Vale do Silício que financiam determinados projetos, tendo clara consciência de que cada cem financiados apenas um ou outro terão bons resultados. 

Neste caso, o financiamento é um risco, mas um risco que cedo ou tarde será recompensado com a descoberta de algo novo. Foi assim que empresas como o Google, WhatsApp surgiram: alguém viu que as ideias de alguns jovens poderiam (ou não) ser um bom negócio futuro, investiram relativamente pouco e o resultado foi magistral.

O tipo de investimento das indústrias a que se refere o texto ora resenhado é diferente, pois os recursos são voltados para a própria empresa, para melhorá-la em termos de competitividade. É algo que se ela não fizer bem pode, por isso, ir à bancarrota, pois seus competidores estão buscando a excelência também.

Assim, a gestão da inovação é de relevante importância, pois racionaliza o onde, o quanto e o como será investido, buscando assim minimizar incertezas e riscos. Desta forma, portanto, o autor delimita o tema da sua dissertação, pois não buscará abordar apenas a inovação de produtos (como o fazem o Google e a Amazon, por exemplo), mas também os processos gerenciais, sobretudo os responsáveis por mensurar as fases de cada processo. 

Além do mais, não tem como público-alvo as grandes empresas, senão as pequenas e médias, sempre mais carentes de inovações, que não possuam intensidade tecnológica em suas estruturas operacionais.

O autor afirma que os estudos sobre inovação geralmente visam à grande empresa, as multinacionais, as transnacionais, esquecendo-se de que as que mais geram empregos são as pequenas e médias. Estas, em países como o Brasil, possuem o agravante de estarem sempre em conflito com a burocratização e os arroubos do fisco. 

Abrir uma pequena empresa no país demora muito, depois, para mantê-la, é outra batalha, pois a concorrência e os poucos incentivos governamentais a colocam constantemente na berlinda.

A academia, por sua vez, não está muito preocupada em entender, mensurar e oportunizar desenvolvimento para este setor. Assim, as ferramentas usadas pelas grandes empresas ficam cada vez mais distantes das pequenas e médias.

Por outro lado, as pequenas empresas não têm a complexidade de sistemas que possuem as grandes empresas, e isso termina por favorecer em alguns pontos, pois, se elas sofrem com a burocracia estatal e com os diversos tipos de tributos, terminam por ser menos burocráticas internamente. Ou seja, geralmente os processos são tomados por um dono que vê um problema e, imediatamente, tenta resolvê-lo, não tendo que passar por conselhos administrativos, de acionistas etc.

E é justamente nesse momento, ou seja, na hora em que se toma a decisão, que o auxílio das teorias da inovação deve atuar. É por causa de tomadas de decisão sem o devido cuidado, sem a devida reflexão e conhecimento panorâmico das realidades culturais, econômicas, administrativas e políticas que levam as pequenas empresas à falência prematura.

Reverter esse quadro é um dos intentos do autor.

Então, ele se pergunta: Quais os indicadores de inovação mais adequados para as PEMs indústrias tradicionais, de setores de média ou baixa intensidade tecnológica? (BERTAZI, 2017, p. 13).

O autor desenvolveu sua pesquisa de campo em três fases: 1ª) Caracterizada pela compreensão de aspectos gerais da gestão da inovação e seleção de duas empresas para estudo de caso; 2ª) Identificou os sistemas de gestão e indicadores utilizados pelas duas empresas; 3ª) Percepção de que, de fato, as pequenas e médias empresas analisadas estavam necessitando um choque de inovação, por isso o autor construiu uma ferramenta que permitiria as empresas adaptar-se ao contexto contemporâneo.

O resultado foi o seguinte: em suas redes internas, as empresas possuíam sistemas que geravam atrasos, perdas de tempo, e que estavam preocupados exclusivamente com os resultados de suas metas. Tais metas poderiam ser potencializadas se houvesse uma gestão mais adequada tanto da administração dos recursos quanto da inovação dos produtos. 

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Embora uma empresa esteja atingindo suas metas, isso não é sinônimo de que esteja apta para manter-se no mercado, pois o êxito pode ser momentâneo e aparente, cabendo uma sondagem mais profunda tanto do mercado, dos instrumentos internos, dos produtos colocados à disposição do consumidor e das taxas de produtividade.












Sobre o autor
Elton Emanuel Brito Cavalcante

Doutorando em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente - UNIR; Mestrado em Estudos Literários pela Universidade Federal de Rondônia (2013); Licenciatura Plena e Bacharelado em Letras/Português pela Universidade Federal de Rondônia (2001); Bacharelado em Direito pela Universidade Federal de Rondônia (2015); Especialização em Filologia Espanhola pela Universidade Federal de Rondônia; Especialização em Metodologia e Didática do Ensino Superior pela UNIRON; Especialização em Direito - EMERON. Ex-professor da rede estadual de Rondônia; ex-professor do IFRO. Advogado licenciado (OAB: 8196/RO). Atualmente é professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia - UNIR.

Informações sobre o texto

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