No dia 14/12/99, na Comissão de Constituição e Justiça da Cãmara Federal, foi aprovado o PL 2961/97, que altera as leis de abuso de autoridade, de improbidade administrativa , a lei de ação civil pública também, porque introduz privilégios de foro até agora inexistentes. A votação foi polêmica, com 269 votos a favor, 127 contra e 3 abstenções. O dito projeto,que também leva o apelido de "lei do cabresto",em seu texto diz que juizes, promotores, procuradores, delegados de polícia e membros dos Tribunais de Contas estarão cometendo crime de abuso de autoridade, caso revelem indevidamente fatos ou informaçõese sob sigilo legal, e que violem a imagem das pessoas investigadas. Até aí tudo bem. Já existe lei proibindo relevações indevidas. Mas o dito projeto coloca esses operadores do direito como potenciais criminosos ( E PERIGOSOS ) pois comina penas de reclusão de seis meses a dois anos, multa de 5000 a 200.000 reais, perda de função e inabilitação para outra qualquer função pública, pelo prazo de três anos, depois de condenados. Além desse PL 2961/97 há um PLS de autoria do Senador Jorge Bornhausen - muito mais severo - e dispositivos da reforma judiciária que tratam da atividade do MP. A Deputada Zulaiê Cobra, que defende o projeto aprovado na Câmara, disse que "É preciso acabar com os excessos de holofotes do Ministério Público". O governo tem interesse na aprovação do PL no Senado, embora não o admita abertamente. Querem ressucitar as comissões gerais de inquérito da ditadura. Há certos tipos de investigações que não podem e nem devem ser subtraídas do jornalismo sério e investigativo. Quem se pega muito com a defesa da imagem do investigado, não se lembra de que os investigados que caem na malha dos Tribunais de Contas e possam responder a ações de improbidade administrativa, são administradores que dilapidam o patrimônio dos municípios, dos Estados e da Nação. Quando se trata de investigação da coisa pública, o sigilo é um entrave à solução e um perigo para quem toca os processos respectivos. Pois os investigadores ficam muito mais vulneráveis, podem ser alvo de ameaças ou de atentados. E as investigações contra os poderosos, os apaniguados do poder do momento, não andam sem o dedo da imprensa séria e consciente. Basta de se recorde o caso do ex-Deputado Hildebrando Pascoal, cuja solução foi favorecida pela divulgação das notícias. Os defensores das leis da mordaça querem que a adminsitração pública vire uma caixa preta. É sintomático que agora, quando algumas pessoas poderosas finalmente começam a responder pelos seus atos criminosos, o Deputado André Benassi (PSDB/SP - que está investigado pelo MP ) ressucitou o projeto que estava engavetado, porque fora considerado inconstitucional. Em outros projetos está previsto até que o Conselho Superior do MP tenha poder de arquivar representações iniciadas por promotores ou procuradores. É fixado um prazo de seis meses para a investigação terminar. Ora, vai haver panos para as mangas ao ingresso de muitas medidas reclamando excesso de prazo, e invalidar esses procedimentos. Tudo conspira contra a independência funcional, contra a transparência do funcionamento da adminstração pública, e a favor da continuidade do reino da impunidade que, infelizmente, é o nosso país. Armanda Figueirêdo [email protected] PS.: Deste março deste ano tento que a Procuradoria-Geral da República inicie uma investigação contra um ministro do STJ(antes era do TRF em Recife) que mandou prender dois filhos que ele não quer reconhecer e os ameaçou de morte. Até agora o que há de concreto até agora pe uma ação de perdas e danos que o ministro moveu contra mim. Quer dinheiro. Ele, que atraiu o interesse da imprensa quando me chamou de desequilibrada no Senado.Não moveu ação penal, porque não lhe conviria uma exceção da verdade. A representação ( que é o terceiro pedido ) ainda não foi sequer autuada e numerada. O ministro prometeu a ACM que faria o teste de paternidade se fosse escolhido ministro. Está no STJ ( e ainda mandando no TRF no Recife ), e telefona ameaçando o Juiz de Jaboatão que preside a ação de investigação de paternidade. Imagine com a vigência de leis de mordaça e de cabresto !!!

Respostas

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    Armanda Figueiredo Segunda, 17 de janeiro de 2000, 14h32min

    Recife, 17/01/2000
    Complementando a mensagem anterior, quero anunciar aos leitores dos debates que compilei artigos sobre a lei da mordaça, e-mails recebidos colegas e amigos, e organizei o tablóide virtual chamado "Mordaça pra que te quero". Pedidos para o endereço [email protected] . Isso enquanto não foi lançada ao cyberespaço a HP "Almanaque da Vovó", que terá páginas sobre MP, donas de casa, problemas de consumidores, notícias da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica, sociedades orquidófilas, poesia, assuntos que interessem a quem opera temas de Direito.
    Sempre contra mordaças, cabrestos,algemas, ou quaisquer outros instrumentos cerceadores das liberdades cívicas.
    O mesmo endereço de pedidos serve para remessa de colaborações.

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    Paula Lins Goulart Terça, 15 de fevereiro de 2000, 23h25min

    Armanda: em muito alegrou a sua resposta, tenho alguns livros dos quais você me recomendou. Estou ainda nos primeiros passos da minha pesquisa e confesso que tenho um pouco de medo de viciar-me na internet. Em relação ao seu tema poderia compará-lo ao meu, quanto aos aspectos sociais advindos da Lei da Mordaça e a conseqüente comparação com a Ação Civil Pública que é uma verdadeira lição de democracia. Sei que ainda dou meus primeiros passos em relação ao direito, mas fico tranqüila ao saber que existe gente como você lutando por um Brasil cada vez melhor.

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    Paula Lins Goulart Quinta, 11 de maio de 2000, 0h21min

    Dra. Armanda,

    Ao entar para este Fórum de debates buscava dados para a minha monografia, e à medida que fui me aprofundando nas pesquisas junto com meu professor orientador que é o Procurador Geral de Justiça do RN, cheguei a especificar o meu tema para O limite da atuação ministerial no exercício da Ação Civil Pública frente as garantias do direito à honra, imagem e intimidade, o que gerou subsídios para adentrar no universo da Lei da Mordaça. Gostaria de receber se possível os textos sobre o assunto que você possui para o e-mail [email protected].

    Grata,

    Paula LIns Goulart.

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    walker Quinta, 01 de junho de 2000, 22h09min

    Dra. Armanda

    Ao entrar nesse Fórum de Debates, meu intuíto era conseguir alguns subsídios para um Seminário de Ciências Politicas, na Universidade Católica de Pelotas-RS, deparei-me com o explendido enfoque prestado por V.Sa. no qual foi e está sendo muito útil para o debate em sala de aula, gostaria de receber mais informaçoes de tudo o que está por traz dessa tão polémica lei que tramita no Congresso.
    Outrossim, agradeço o espaço que me dera.

    meu e-mail é [email protected] - [email protected]

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    Costa Terça, 03 de outubro de 2000, 1h31min

    Quero, primeiramente, parabenizá-la por escrever tal matéria que é de suma importância para todo o povo brasileiro, que vem a ser este projeto concebido por por forças "ocultas" e maliciosas que muito perdem com a publicidade da justiça. Gostaria também, se possível, que Vsa. senhoria me mantivesse informado acerca deste assunto, visto que os meios de comunicação impresso e televisivo são viciados em não publicar com a ênfase que merece tal matéria. Obrigado!

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