Desde abril do ano passado (1999) estagio em um escritório de pequeno porte, de uma advogada amiga da minha família. Assim que cheguei lá, o escritório estava ainda terminando de ser montado; a doutora advogava já há um ou dois anos, mas só agora estava montando seu escritório próprio em um lugar decente. Nos primeiros meses estava tudo indo muito bem... eu vislumbrado com a prática do Direito (meu primeiro estágio), os clientes pagando, as causasaumentando em número, o escritório crescendo, até que alcançou um número considerável (levando-se em conta ser apenas uma advogada) de clientes, em sua maioria de classe média-alta. As causas advogadas são cíveis: separações e divórcios, inventários, etc... mas principalmente revisões de débitos contra bancos e financeiras, de pessoas físicas ou jurídicas.Grande parte dos clientes são empresas atingidas pela famosa "crise", com graves problemas financeiros - é comum coordenarmos processos de falência, por exemplo.

Desde o final do ano passado, no entanto, as coisas começaram a ficar tenebrosas. A inadimplência por parte dos clientes, que já ocorria como exceção, passou a se tornar a regra.A advogada não é lá uma cobradora nata, então temos clientes devendo desde o início de 1999. Se fosse contabilizado de maneira detalhada, os débitos ao escritório totalizariam mais de R$50.000,00. Esse mês (janeiro de 2000) apenas uma cliente efetuou pagamento... R$700,00, referente a uma parcela que deveria ter sido paga em outubro do ano passado. Continuando as coisas dessa forma, vislumbro inclusive o fechamento do escritório.

Gostaria de ouvir conselhos dos srs. nesse sentido. Qual a melhor maneira de cobrar um cliente? Como conciliar isso com a ética profissional? O que os srs. aconselhariam a advogada com quem estagio, e mesmo a este estagiário ainda envolto em fraldas jurídicas?

Antecipadamente grato,

"Magnaud" [email protected]

Respostas

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    Carlos A.S.Côrtes Segunda, 07 de fevereiro de 2000, 23h52min

    Caro Dr. Magnaud
    Infelizmente a "crise"a que levou o nosso país, o nosso Imperador Fernando II (FHC), atingiu também aos causídios, pois queiramos ou não fazemos parte desta sociedade sofrida, sem dinheiro e sem muitas opções.
    Aqui no Rio, os escritórios estão parcelando os honorários em valores tão baixos que parece até crediário das Casas Bahia.
    Creio que o momento é de sobrevivência na esperança de que com a reforma do Judiciário possamos ter um forum mais ágil e dinâmico, com solução mais rápida dos processos e desta forma o recebimento de honorários do cliente e os de sucumbência.
    Nosso escritório atua a base de contratos de honorários e não nos sentiremos nem um pouco fora de ética quando tivermos que executar um cliente por falta de cumprimento de suas obrigações contratuais.
    O que posso aconselhá-lo é, ao ser constituído faça um bom contrato de honorários, especificando datas, valores e prazos, pois ajuda a fazer com que o constituinte cumpra com sua parte, já que a sua você deve exercê-la com retidão. Caso não seja cumprido o contratado, data venia, execução de honorários.
    Não esqueça que pior que não ter clientes é tê-los, trabalhar corretamente e não receber os honorários devidos.
    Finalmente, você escolheu uma das mais belas profissões, estude muito, especialize-se e tenha sempre em mente a necessidade de elevarmos a nossa profissão com honestidade e dignidade para que possamos ser respeitados nesta sociedade.
    Saudações e boa sorte.
    Côrtes

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    Luiz Antonio Pavan Sexta, 09 de junho de 2000, 22h10min

    Pois é, a "crise" atingiu a todos, principalmente nós, aqueles que labutamos no sentido de buscar a Justiça aos constituintes.
    Não é demais lembrar que, no momento do problema, quando o cliente adentra ao escritório do advogado, este é tratado até como um semi-deus. No decorrer da demanda, quando o cliente nota que o "monstro" não era tão medonho, o advogado passa a ser uma peça secundária na solução do problema que, "afinal de contas, não era tão grande".
    Lembre-se sempre: O PIOR INIMIGO DO ADVOGADO É O CLIENTE.
    E nunca é demais ter um bom contrato de honorários, dentro das tabelas fornecidas pela OAB.
    Na prática, o melhor é receber em parcelas ou até cheques pré-datados. Pior do que receber aos poucos é não receber e, queira ou não, a nossa profissão é um negócio como qualquer outro, que necessita ter o retorno financeiro para a sobrevivência do mesmo.
    Um grande abraço.
    Pavan

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    LUIZ JÚLIO BERTIN Sexta, 28 de julho de 2000, 10h42min

    Infelizmente estamos empatados. Não somos os únicos. Resta mudar para melhor. Devemos começar a nos preocupar em escolher melhor nossos governantes! Esta é realmente a melhor solução.

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    Rosalia do Carmo Nascimento da Silva Terça, 29 de agosto de 2000, 19h17min



    Cara Colega!
    A verdade é que está muito difícil para todos. No seu caso é preciso fazer um bom acordo com os clientes para receber o que é de direito. Caso contrário, terá que executá-los. Para sua segurança faça sempre um bom contrato de honorário até mesmo parcelando o pagamento, se for o caso.

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