Concordo plenamente com os esclarecedores dizeres do Pensador.
Ações voluntárias concorrem ao Prêmio Bom Exemplo 2011
fonte: http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2011/05/acoes-voluntarias-concorrem-ao-premio-bom-exemplo-2011.html;
ONG: http://www.ligasolidaria.org.br/default.asp;
Em meio a séculos de história, o voluntariado no Brasil passou por uma série de momentos até constituir-se no que é hoje: uma atitude cívica de consciência social e solidariedade.
Quatro fases de uma história
No Brasil,o voluntariado tem uma história que remonta aos primeiros anos da colonização, com a fundação da Santa Casa de Misericórdia de Santos, em 1543. Neste período, religião e caridade estavam fortemente ligadas e centradas na área da saúde. As ações voluntárias ficaram assim caracterizadas até a segunda metade do século XIX, quando o voluntariado passou por uma reorganização institucional estimulado pela união de parte da sociedade, para combater a disseminação de doenças contagiosas. Identifica-se nesta primeira fase o forte caráter assistencialista e filantrópico, estimulado principalmente pela população abastada. A elite tinha controle sobre as instituições, que eram financiadas por homens ricos e "damas caridosas". Educandários, asilos e hospícios foram criados e destinados à assistência social dos necessitados.
Estado de bem estar social
Alguns anos mais tarde, no período pós-guerra, os países passaram a desenvolver políticas públicas para prestar atendimento aos necessitados, criando o chamado"estado de bem-estar social". O Brasil, nessa época, instituiu uma legislação própria, como a Lei de Declaração de Utilidade Pública (1935) que regulava a colaboração do Governo junto às instituições filantrópicas. A maneira como o Estado começava a lidar com a questão do voluntariado constitui sua segunda fase. Pautando-se pelo princípio da subsidiariedade, no qual utilizava mecanismos como atribuição de certificados, subvenções e convênios, o Estado controla o conjunto privado da filantropia. Neste período, pela própria característica do governo Vargas, houve uma atenção maior à parcela da sociedade civil composta por trabalhadores sem carteira assinada, informais e desempregados, dando continuidade à política de caridade cristã, tentando proteger uma parcela da população.
As iniciativas daquele governo deram início, também, à separação entre o que era entendido como direito social (Previdência Social e Consolidação das Leis Trabalhistas, por exemplo), e o que era visto como filantropia. Outra criação deste período foi a fundação, em 1942, da Legião Brasileira de Assistência(LBA), presidida sempre por primeiras-damas. A atitude do Estado era, portanto, a de cooperação, pois criava uma série de incentivos para que a sociedade civil e as instituições privadas assumissem parte do atendimento às necessidades emergenciais da população. Durante toda esta fase, a caridade e a benemerência - e não o direito - foram os principais reguladores das ações voluntárias e filantrópicas.
Voluntariado combativo
A terceira fase do voluntariado inicia-se no final da década de 50, com o surgimento demovimentos sociais, e é conhecida como voluntariado "combativo". Nos anos 70, apesar de parte do voluntariado estar sob influência do estado ditatorial, surgem as primeiras ONGs do país, fomentadas por organizações européias, com o intuito de promover projetos de desenvolvimento no Terceiro Mundo. Em 1979, o governo lança o Programa Nacional de Voluntariado (Pronav), cujo objetivo era arrecadar recursos para os programas da LBA, através da atuação de grupos voluntários espalhados por todo o território nacional. Durante o processo de redemocratização, no início da década de 80, o movimento voluntário passa a ser intensamente reavaliado e questionado politicamente, muitas vezes associando-se às atividades político-partidárias voltadas à democratização e aos direitos humanos.
Voluntariado cidadão
O quarto momento da história do voluntariado caracteriza-se, portanto, pela atuação de ONGs, fundações e empresas privadas numa espécie de co-responsabilidade entre tais instituições e o Estado. Nesta época, o Brasil passava pelo processo de reajustes políticos, administrativos e econômicos que culminaram na diminuição de financiamentos para a assistência social. A consequência foi a necessidade de organização de um novo voluntariado voltado para o preenchimento dos espaços não assistidos pelo Estado. Nessas condições, a articulação do voluntariado é vista como essencial para a intervenção social, uma vez que possibilita a ação individual para o bem público.
A nova cara do voluntariado
O novo modelo de trabalho voluntário foi possibilitado pela atuação de indivíduos motivados a exercer a cidadania em prol de causas comunitárias. É neste contexto que o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, articula o Movimento Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e Pela Vida que, sem ajuda financeira do governo, passa a distribuir toneladas de alimentos à população carente. A iniciativa de Betinho foi um marco de extrema importância para revitalizar, em âmbito nacional, a conscientização para a solidariedade. O movimento despertou também a vontade de atuar para a resolução de problemas imediatos e o aumento de reivindicações junto ao governo.
Em 1996 cria-se o Programa Voluntários, com a intenção de promover, qualificar e valorizar o trabalho voluntário no Brasil, uma iniciativa do Conselho da Comunidade Solidária. O Programa Voluntários incentivou a criação de Centros de Voluntariado em todo o país, a fim de promover a prática do trabalho voluntário e organizar suas ações através de núcleos específicos, contando hoje com mais de 60 centros.
A Lei 9.608, de 18 de Fevereiro de 1998, regulamenta o trabalho voluntário e é considerada um avanço para o desenvolvimento do voluntariado no Brasil. A Organização das Nações Unidas (ONU), com o apoio de 123 países, determinou que 2001 seria o Ano Internacional do Voluntário, realizando várias ações de conscientização e mobilização.
Rememorar a história das ações voluntárias na sociedade brasileira é essencial para entender o caminho traçado pelo voluntariado e a maneira como as iniciativas se transformaram em sustentáculos da assistência social. Com esta visão, o trabalho voluntário significa o avanço da participação da sociedade civil paraa solução de problemas públicos, ajudando, desta forma, a consolidar a democracia e a cidadania no país.
Hoje, as antigas concepções de voluntariado como a caridade, o assistencialismo ou a militância política, estão sendo superadas por um entendimento de voluntariado como ação cívica engajada com a real transformação de nossa sociedade.
Cronologia do Voluntariado no Brasil
1543 Fundação daSanta Casa de Misericórida, na Vila de Santos, Capitania de São Vicente.
1908 A Cruz Vermelha chega ao Brasil.
1910 Escotismo chega ao Brasil com o lema “ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião”.
1935 Promulgada a Lei de Declaração de Utilidade Pública, feita para regular as Instituições Filantrópicas.
1942 Presidente Getúlio Vargas cria a Legião Brasileira deAssistência (LBA).
1948 Declaração dos Direitos Humanos pela Nações Unidas – ONU.
1967 Governo cria o Projeto Rondon, incentivo a voluntários a prestar serviços assistenciais em comunidades carentes.
1970 Surgimento das Associações sem fins econômicos – Chamadas de ONGs.
1980/90 Discussões e reconhecimentos das ONGs como fortalecimento da sociedade civil organizada no enfrentamento das questões sociais.
1992 Conferência da Eco 92 consagra o conceito de desenvolvimento sustentável.
1993 Herbert de Souza, o Betinho, cria a Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria e pela vida.
1995 É criado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso o Conselho da Comunidade Solidária.
1996 Lançamento do Programa Voluntários.
1997 Criação dos primeiros Centros de Voluntariado do Brasil.
1998 Promulgada a Lei 9.608, que regulamenta o trabalho voluntário no Brasil.
2000 Declaração do Milênio, pelas Nações Unidas assinada por 191 países-membros, com 8 macro-objetivos, a serem atingidos pelos países até o ano de 2015.
2001 Promulgado pela ONU como o Ano Internacional do Voluntário.
2005 Conceito de Voluntariado Transformador surge com força.
2006 1º Encontro Nacional de Centros de Voluntariado
2008 2º Encontro Nacional de Centros de Voluntariado
Fonte: http://www.acaovoluntaria.org.br/mostraConteudo.asp?id=111