"saudade"....havia resolvido não falar mais nada, mas como respondeu a mim, então, vamos lá.
Primeiro lugar, não sou perfeita e estou muito longe..mas muito longe de ser boazinha ou certinha.
Não estou com o dedo em riste no seu nariz lhe dando lição de moral.
Eu não precisaria dizer muita coisa, vc mesma acabou de demonstrar que fez da profissão da sua mãe, um espelho, e seguiu seus passos.
Ou seja, aquilo que fazemos reflete sim em nossos filhos.
E se todos seus irmãos estudaram e estão bem, pq vc não estudou e não está bem?
Será que não faltou a sua mãe um pouco de pulso, e de vcs colaboração?
Eu tenho 42 anos e comecei a trabalhar com 12, vc diz que na época que seu pai faleceu, o irmão mais velho tinha 14 anos, pq não foi trabalhar?
Uma das minhas filhas tem 16 anos e começou a trabalhar com 12,viu uma receita de trufas, começou a fazer e vender na escola, na Páscoa se aventurou a fazer ovos de chocolate, e está firme e forte, em dezembro passado, veio me visitar aqui no Ceará e trouxe "só" R$ 1.000,00 de economias para gastar aqui.
Vai ver seguiu meus passos e os do pai....é vai ver que o exemplo dos pais faz a diferença na formação dos filhos...será?
Historinhas tristes todos temos, se não as nossas, as de alguém próximo...
Minha história tb é comovente, minha mãe lavava e passava roupas, fazia do nosso quintal estacionamento para os empregados de uma empresa chamada "aços Vilares", e também servia almoço aos empregados, e se ofereceu um dia pra lavar um dos carros que estavam muito sujos, e passou a lavar de todos eles, fez uma horta no fundo do quintal e um galinheiro, tudo pra ajudar no orçamento. Meu pai trabalhava, fazia horas extras, e chegava em casa e quando anoitecia se trocava e ia para o brejo pegar rã, tanto pra comermos, quanto pra vender, ate hoje tenho na minha lembrança o cheio do carbureto.
Apesar de ser honestíssimo, meu pai era bruto e violento, de repente pela situação que vivíamos, enfim, minha mãe também apesar de honesta, e super esforçada, sofria maus tratos.
Hoje com 63 anos, minha mãe de analfabeta que era, é Técnica em Enfermagem, é concursada do Estado de SP, e trabalha em mais um emprego, separou-se e leva sua vida.
Aposto que a grande maioria aqui tem relatos que dariam enredo de novela mexicana.
Não se pode comparar as épocas, hoje tem bolsa família, bolsa leite, dentista de graça, posto de saúde que já se sai de lá em 98% das vezes com o remédio.
Tem "minha casa, minha vida", tem auxílio aluguel, meia passagem de ônibus pra estudante, na maioria dos lugares, ônibus gratuito quando a escola é longe.
É difícil conseguir estes benefícios, é sim!
Mas se a vida de prostituta é tão ruim assim, insista, vença-os pelo cansaço.
Depois de passos errados que EU dei, minha realidade é bem diferente!
A pensão que o pai da minha filha paga, não cobrem os GASTOS DELA, e como aqui não há creche pública para a idade dela, e a única escolinha paga por aqui, é muito cara, e em uma das tentativas de deixá-la com uma cuidadora informal, levaram minha filha à UTI, pois tem Intolerância a Lactose, mas uma visita desta cuidadora, foi dar um danone para o filho e deu pra minha filha também, alegando que intolerância a lactose, é frescura de paulista.
Então depois de algumas experiências desastrosas, decidi sair do trabalho e fazer trabalhos alternativos em casa, assim cuido da neném.
Faço bolos, salgados, doces, trabalhos escolares, pesquisas na internet, segundas vias de contas diversas, dou aulas de reforço para crianças, fiz uma horta suspensa em garrafas pet pra economizar com verduras, e sabe onde eu moro?
Deixei SP, e vim morar num vilarejo de pescadores, que conheci há mais ou menos uns 20 anos, e que hoje deve ter exagerando, 2.000 pessoas.
Diminuí meu padrão financeiro, mas ainda assim, consigo separar uma parte, por menor que seja e coloco na poupança pro futuro dela, pois sei que chegará a hora em que ela vai ter que sair daqui pra estudar.
Quer outro exemplo bem prático?
Eu tenho a mania de quando cai algo, me machuco, o alguma coisa dá errado, de falar "porra"...advinha o que minha filha de 1 ano e 10 meses fala quando o que ela está fazendo dá errado??
Como vou chamar sua atenção se sou o exemplo?
Sabe o que tenho feito, trocado o palavrão por "porcaria", sabe o que acontecerá?
Ela vai começar a falar "porcaria" e deixará de falar o palavrão....
Não tenho nada a ver com sua vida, mas me dói saber que assim como vc seguiu os passos de sua mãe, se sua filha um dia se vir em dificuldades, provavelmente, e espero que não, ela seguirá os seus.
Assim como segui os da minha mãe, que numa situação adversa, procuro mil e uma coisas pra fazer.
Imagino a felicidade de sua mãe em ver que vc seguiu o mesmo caminho, com a diferença que ela tinha 7 bocas pra sustentar, e os tempos eram outros!
Boa sorte!
Só uma dúvida, se vc é a "prima" desta "vítima", pq não lhe dá acolhida por um tempo?
Vc é tão dedicada, tão preocupada....
E agora pra mim.....já deu mesmo!!