Gostaria de saber o que pensam os colegas (e futuros) sobre a abertura indiscriminada de faculdades de Direito. Falta de organização política de nossas classes profissionais? Como é permitido " abrir" cursos de Direito como quem abre bancas de revista - em cidades que não há sequer livrarias prá se comprar um código? Por que o Conselho Federal de Medicina é tão cauteloso ao permitir que surjam cursos novos (contrariamente a nossa área)? Gostaria de ouvir opiniões...

Respostas

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    LUIZ FLÁVIO R. DIAS Domingo, 24 de maio de 1998, 23h24min

    ILMA. COLEGA:
    Infelizmente tudo gira em torno do comércio, dos interesses de "politicalhos" que visam proteger unica e exclusivamente sua classe social, e não a da maioria há muito esquecida.
    Este descaso não é exclusividade apenas das nossas faculdades, mais de todas as classes e categorias de profissões, no tocante a nossa formação, particularmente, não há vontade nenhuma, por parte destes políticos, de se formarem bons profissionais do direito, pois caso contrário ficará a impunidade daqueles ameaçadas; os ideais da justiça, a PAZ SOCIAL E O BEM COMUM, mais pertos de serem alcançados, em fim.
    Infelizmente, somos uma ameaça!!!
    Sucesso!
    "ser fiel a verdade para poder servir a justiça..."
    Um abraço!

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    wolnei guimarães ribeiro Sábado, 30 de maio de 1998, 19h45min

    Infelizmente a Entidade representativa dos advogados, que por lei deveria fiscalizar o ensino jurídico no Brasil, é totalmente inoperante nesse assunto. Essas instalações são frutos do trabalho de colegas advogados, membros das diretorias das seccionais, ou foram, contratados como "lobistas. Esse é o problema todo. A nossa Entidade "esqueceu-se" da Classe e da profissão, e passou a preocupar-se com ideologias e politicas partidárias. Ficamos em segundo plano. O espírito corporativo da OAB morreu, coisa que não ocorre na classe médica, com a AMB nacional, ou, a AMRIGS, a nível do Estado do RS.

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    Carlos Arthur Duarte Camcho Domingo, 31 de maio de 1998, 3h41min

    Parabenizo a colega , antes de tudo, pela preocupação com o ensino jurídico em nosso país, nosso Brasil que precisa educar-se hoje, antes que tardio o nosso desenvolvimento, nossa democratização.....

    A abertura indiscriminada de Faculdades de Direito, sem se considerar aspectos outros que a simples "clientela" que recepciona, tem como consequência o baixo nível dos advogados e, de um modo geral, os operadores do direito.

    A bem da verdade, a crise das nossas Faculdades, incluindo-se aí a de Direito, está inserida em um imenso descaso, que há muito se iniciou, com a educação em nosso país.

    Mas não é só, este "mercado" de Faculdades embora possa parecer questão isolada, reflete a situação, de um modo geral, de nosso país.

    Assim, ao se iniciar o processo de abertura de uma unidade educativa, deparamo-nos com barganhas políticas para se conseguir respectiva autorização, a primeira faceta da inidoneidade atual.

    A concessão de licença para uma instituição que não apresenta condições mínimas de ensino, tais como biblioteca, salas de computação, estágio profissionalizante, C.A. e muitas outras formará, deposi, alunos despreparados, que por sua vez, tornam-se em professores....

    Mas, a causa primordial está na qualidade baixa de nosso ensino, nesta defasagem é que, realmente, se encontra o ponto nevrálgico: rega-se mais que as folhgens a terra, nossa Terra!!

    Antes as escolas públicas eram tidas como de qualidade, grande parte dos que por elas se formaram obtiveram uma chance considerável para continuar seu caminho, hoje descaminho.....

    Predominam hoje, no entanto, cursinhos e mais cursinhos...

    Cabe a nós, que obtivemos condições, embora eu as considere de per si enxutas, trabalharmos para um ensino melhor, este sim, e há consenso, é a forma de sermos no futuro, não um Brasil com menos faculdades de Direito,e sim uma nação mais digna, justa e, por que não, com operadores do direito mais habilitados a atender essa populaçaão que há de se tornar mais exigente.....um povo sabido, uma nação educada, uma gente culta é, a meu ver, nossa missão de hoje......a conseguimos também, senão principalmente, pela colaboração dos estudantes....

    Somos a grande força deste país, porém, quieta e conformada está, a contentar-se com a queda de um Presidente. É pouco, porque momentãneo, a grande batalha é a do dia a dia, exige de nossas forças mais, muito mais, por tempo infinito.

    Acabei por desviar um pouco do tema, sem problemas.....É UM DEBATE....SINCERO PORQUE SE DISCUTE COM O CORAÇÃO..

    Até mais...( estou há pouco tempo conectado, mais adiante proporei um tema, olha só, pode ser: QUAL O VERDADEIRO PAPEL DO ESTUDANTE DE DIREITO NA ATUAL CONJECTURA SOCIAL?
    COMO PODE ESTE ATIVO SOCIAL MUDAR O AMANHÂ??

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    Mario Camozzi Domingo, 05 de julho de 1998, 21h35min

    Prezada estudante. Li com atenção e respeito vosso ponto de vista a propósito de "aberturas de faculdades de direito" como se fossem "bancas de revista". O tema merece outra abordagem e reflexão. O MEC possui critérios técnico-científicos para autorizar a abertura de faculdades, e que funciona razoavelmente. As aberturas de faculdades não são um mal em si. O que é mau e causa espécie é a "cumplicidade" que existe entre "professores que fingem ensinar" e "alunos que fingem aprender". É toda uma "leva" de professores que sequer poderiam ostentar esse título tanto mais o de "educadores". São os "vendilhões do templo" poder-se-ia dizer. E os alunos, em busca de um "canudo de papel" não se apercebem disso. Só se apercebem quando, já no mercado de trabalho, "apanham" a não mais poder. Então, sobram críticas às "aberturas de faculdades". A Ordem dos Advogados do Brasil, que tanto se preocupa com os "exames de ordem" o que particularmente considero um "abuso" porquanto se sobrepõe ao MEC quando exige "algo" além do "diploma" para que o indigitado possa "advogar", é a maior culpada nesse processo. Segue com fidelidade a orientação contida no "Hino Nacional" e "dorme em berço esplêndido ao som do mar e a luz do céu profundo" deixando cair a patamares inaceitáveis o nível das "faculdades existentes". O que podemos dizer ao nosso companheiro que mora em local desprovido de "meios de estudo" e que pretende cursar ciências jurídicas? Que não pode? Discriminá-lo pelo fato de morar em longínquo rincão? Não, que se multipliquem as faculdades, mas que se ponha fim nessa "horda de maus professores e maus alunos"; que a OAB acorde e cumpra seu papel, não só fiscalizando o exercício da profissão, mas colaborando para a formação do aluno. O "mercado saberá distinguir o bom do mau profissional". É o que penso. Saudações.

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    Bruna Paola Borba de Queiroz Sexta, 25 de setembro de 1998, 3h37min


    Não só posso dizer que acho o seu questionamento oportuno e necessário como também me preocupo bastante com isso!

    Será que a morosidade da Justiça terá seu fim com a abertura indiscriminada de faculdades que todo ano despejam no mercado centenas de profissionais despreparados?

    Relamente, tenho observado a severidade do Conselho de Medicina que apesar da enorme procura (não é incomum de se encontrar estudantes bons e dedicados que tentam anos a fio engressar nas faculdades de medicina), não aumenta sensivelmente o número de vagas nas universidades. A que se deve o fato de que há tantas faculdades de Direito espalhadas pelo Brasil afora??????

    Qual vai ser o futuro da profissão e como vai ficar o mercado?

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    Patricia Sábado, 08 de maio de 1999, 14h43min

    Infelizmente vc nao esta coberto de razão, caro colega. Dizer de forma simples que nao nos preocupemos pois o mercado selecionará o melhor profissional he he he he é um belo engano. Será que vc nunca viu críticas terríveis a ocupação de cargos públicos, mesmo através de concursos em que os aprovados são na grande maioria aqueles de mais influencia no meio social????
    Amigo, creio na capacidade individual. Creio que o esforço pessoal de cada um de nós supera um mau professor e uma universidade ruim, mas infelizemente, as vezes, nao é o suficiente para nos projetar no mercado de trabalho.
    Sou de uma cidade relativamente pequena, daquelas em que todos se conhecem, conta-se nos dedos os advogados "bons e os ruins", será que essa contagem é real ou fictícia? Ou é fruto de uma sociedade elitista?
    Fica a minha esperança de um futuro brilhante para aqueles que se esforçam, que o mercado nos escolha, e logo....

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    Sérgio Coutinho Domingo, 02 de janeiro de 2000, 6h05min

    Prezados todos que até então se manifestaram,

    Destacarei algumas observações derivadas de opiniões diversas apresentadas.

    Luiz Flávio atenta para a negligência dos representantes políticos brasileiros.

    Wolnei afirma em resposta que o que há é descaso das seccionais da OAB.

    Entre alertas sobre professores e estudantes em pacto de mediocridade e estudantes recém-formados desqualificados para concursos públicos, em geral, predomina ainda a mesma concepção do que seja o ensino jurídico.

    Qual é a finalidade fundamental do ensino superior?
    Quando nos referimos à escola, a função é educar.
    Sobre cursos técnicos, preparar para o mercado de trabalho.
    O que dizer daquelas áreas que são eminentemente restritas ao ensino denominado "superior", inserido em faculdades e/ou universidades?
    Neste caso, predomina a produção de conhecimento.

    Não surgiram referências à produção de conhecimento nos cursos de Direito e as deficiências ao ensino jurídico que foram assinaladas deixam claro que para a maioria da classe jurídica o ensino jurídico deve simplesmente preparar profissionais para o mercado de trabalho. No máximo, alguns cautelosos discursarão que "a pesquisa jurídica é de grande relevância para a fundamentação das atividades profissionais".

    Quando não se tem a exata compreensão do que seja pesquisa acadêmica e da sua relevância para que a sociedade, através de pessoas especializadas, conheçam determinado problema, morre todo o estudo voltado à aparentemente singela mas essencial CURIOSIDADE científica. Sem sermos curiosos, não há como estudar para conhecer, mas sim predominará o estudo porque "cai em concurso todo ano" ou "entra no Exame da Ordem" ou "cobram no Provão". Em quantas provas além destas pensamos quando selecionamos aquilo que é mais importante aos nossos conhecimentos? Estaria o curso de Direito, então, funcionando como menos do que o profissionalizante e o ensino fundamental, mas apenas como um cursinho preparatório?

    Para a satisfação do cerne desta questão que foi por mim levantada é preciso indagar qual é a função social do Direito, ou melhor, porque ele existe e porque nós nos formamos. Em seguida, observar se satisfazemos no curso de Direito às nossas necessidades relacionando-as às finalidades da existência do curso. Se, por exemplo, pretendo ser promotor de justiça e tenho um programa de Direito Penal, Processual Penal, Constitucional apresentado, o máximo que reclamarei do ensino será se a preparação "prática" não for suficiente?

    Que conhecimento de métodos de pesquisa e que experiência em pesquisa professores e alunos têm? O estudo jurídico durante os anos da graduação têm qual finalidade: conhecer o Direito ou conhecer o que é preciso para as ambições profissionais individuais?

    Nada se fala contra as condições da pesquisa jurídica penso que por se pensar no ensino jurídico preferencialmente como um cursinho preparatório, perdendo-se de vista a relevância do Direito como área do conhecimento específica para que se compreendam os mecanismos de controle social existentes.

    Quaisquer divergências sobre minhas opiniões, qualquer aspecto isolado, estou interessado em debater.

    Meu texto está fragmentado para deixar as discussões mais abertas.

    Aguardo opiniões.

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    Leonardo Gonoring Gonçalves Quinta, 09 de agosto de 2007, 7h03min

    O apontamento feito por Sérgio é muito pertinente, e, aliás, é a realidade que vivo em minha faculdade. O curso de Direito, para muitos, e o caminho "mais curto" para um bom salário.

    Antes de começar a ler este tópico, estava pensando em criar um sobre a produção científica nos cursos de Direito, já que estou participando de um grupo de estudo para a produção de um Artigo. Estava buscando um tópico semelhante e me deparei com essa discussão e, confesso, que não imaginei que os dois pudessem se encontrar de maneira tão pontual quanto na argumentação de Sérgio.

    Afirmar que é descaso da OAB o fato de estarem sendo abertas tantas Faculdades de Direito quanto bancas de revistas é tão grave quanto dizer que é de responsabilidade da ANAC os aviões da TAM e da GOL terem caído.
    É um hábito muito recorrente de nós, brasileiros, colocarmos a culpa no outro, nos eximindo de nossa parcela de responsabilidade. Quantos movimentos de estudantes de Direito você viu no último mês? E no último ano? Última década?
    Nós, estudantes de Direito, estamos buscando apenas nossos interesses. Passar na prova da Ordem, montar um escritório, ganhar rios de dinheiro e que se dane o próximo, exceto se for meu cliente.

    A pergunta, bem colocado por Sérgio Coutinho, qual é o papel do operador do direito em nossa sociedade?
    Político? Sim! Temos que influenciar sim, pois temos conhecimento mais aprofundado e temos que impedir que legisladores atuem em beneficio próprio ou criem aberrações legais.
    Temos que fazer nosso papel. Mas qual? Não sei, talvez tenhamos que encontrar o papel do operador do direito na sociedade contemporânea e exercê-lo.

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