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A raposa e o galinheiro no mercado financeiro

A raposa e o galinheiro no mercado financeiro

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O escritor dinamarquês Hans Cristian Andersen dizia que os contos de fada devem ser escritos para que as crianças durmam e os adultos acordem. Lembro-me que quando li o livro "Sonho grande: Como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira revolucionaram o capitalismo brasileiro e conquistaram o mundo" Foi uma espécie de conto de fadas adulto para mim.

Na maioria dos chamados incidentes do capitalismo chama-me atenção duas variáveis quase sempre presentes: os conceitos dos gestores é sempre o melhor possível e as empresas renomadas de auditoria que acompanham estas sociedades nada apontam até que a bomba acontece.

É certo que o capitalismo é o melhor modelo, traz riqueza, competição, mérito, mas precisa ser aprimorado. Vejo por exemplo, nos últimos dias, narrativas aqui ou ali, sobre o caso da Americanas, procurando vender a tese de que o que aconteceu, o "sumiço de 20 bilhões" foi "inconsistência contábil". Fico perplexo. Este tipo de comportamento protecionista, por óbvio, são muitos interesses em jogo, é danoso ao próprio capitalismo. Se houve alguma inconsistência neste caso, só pode ter sido de caráter.

É por isso que sempre tenho a máxima do Andersen comigo: nunca coloque a raposa para tomar conta do galinheiro. As raposas são animais afáveis e educados, mas dissimulados e espertalhões. Costumam agir em bando, possuem ética relativizada, ausência de empatia, de caráter e a tudo justificam em nome da ambição.

Ê o maior detalhe sobre as raposas, que parece com aquela outra fábula do escorpião é a sua natureza: ela nunca vai mudar e quando aparecer a oportunidade seu instinto de raposa sempre prevalecerá.

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