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Recuperação de Empresas: Desafios, Soluções e Oportunidades

Recuperação de Empresas: Desafios, Soluções e Oportunidades

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Como superar desafios financeiros e garantir a continuidade dos negócios com a recuperação judicial de empresas.

A pandemia do COVID-19 afetou financeiramente muitas empresas no Brasil, tornando a recuperação judicial uma opção viável para muitas delas. No entanto, esse processo é complexo e envolve muitos desafios e soluções. 

Neste artigo, abordaremos os desafios enfrentados pelas empresas em dificuldades financeiras, as soluções disponíveis para superá-los e as oportunidades que o mercado jurídico oferece para os advogados especializados em recuperação de empresas.

Acompanhe-nos nesta jornada e descubra como o Poder Judiciário está enfrentando o desafio de aplicar a Lei de Recuperação de Empresas e Falências de forma a preservar a função social da empresa, garantir a livre concorrência e a dignidade dos trabalhadores, evitando fraudes e abusos por parte dos devedores. 

Descubra como o judiciário está buscando formas inovadoras de lidar com os processos de recuperação e falência, a fim de garantir uma resposta efetiva aos desafios trazidos pela pandemia.

A lei de recuperação de empresas e falências foi criada com o objetivo de substituir o antigo regime de concordata, que era considerado ineficaz e burocrático. 

A nova lei buscou introduzir mecanismos mais flexíveis e modernos para viabilizar a superação da crise econômico-financeira das empresas, preservando a sua atividade produtiva, os empregos e os interesses dos credores.

Um dos principais instrumentos da lei é a recuperação judicial, que consiste em um processo judicial no qual o devedor apresenta um plano de reestruturação da sua dívida, que deve ser aprovado pelos credores e homologado pelo juiz. 

A recuperação judicial visa dar uma oportunidade para que o devedor se recupere e continue operando no mercado, evitando a falência.

No entanto, a aplicação da lei de recuperação de empresas e falências não é simples nem uniforme. Cada caso envolve uma complexa análise jurídica, econômica e social, que depende das peculiaridades do devedor, dos credores, do setor de atividade, do contexto macroeconômico, entre outros fatores. 

Ademais, há divergências doutrinárias e jurisprudenciais sobre diversos aspectos da lei, que geram insegurança jurídica e incertezas para os envolvidos.

Um exemplo recente de um caso polêmico e emblemático de recuperação judicial é o do grupo empresarial Cinel, dono da Gocil, a maior empresa de vigilância privada do país. 

A empresas de entrou com pedido de recuperação judicial em junho de 2020, alegando ter uma dívida total de R$ 1,2 bilhão, sendo R$ 510 milhões junto ao Banco do Nordeste (BNB).

O pedido foi contestado por alguns bancos credores, que acusaram o grupo de fraude e má-fé, alegando que contraíram empréstimos milionários junto ao BNB pouco antes de pedir recuperação judicial, sem intenção de pagar.

Mesmo assim o juiz da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo, responsável pelo caso, autorizou a abertura da recuperação judicial do grupo. 

Ele entendeu que, caso se comprove alguma fraude, os responsáveis serão responsabilizados civil e criminalmente e afastados da direção dos negócios. No entanto, o entendimento dele é de que isso não seria motivo para negar o pedido de recuperação da empresa. 

É importante ressaltar que a Lei de Recuperação de Empresas e Falências (Lei 11.101/2005) prevê que o pedido de recuperação judicial pode ser negado em casos de fraude ou má-fé por parte do devedor. No entanto, cabe ao juiz avaliar cada caso individualmente e determinar se há indícios de fraude ou má-fé que justifiquem a negação do pedido.

No caso em questão, o juiz autorizou a abertura da recuperação judicial, mas impôs medidas para garantir a transparência e a legalidade do processo.

O caso ainda está em andamento e não há uma decisão definitiva sobre a validade ou não da recuperação judicial do grupo. O que se pode observar é que se trata de um caso complexo e delicado, que envolve questões jurídicas, econômicas e sociais relevantes. 

Por um lado, há o interesse público em preservar a atividade econômica do grupo, que emprega cerca de 20 mil pessoas e presta serviços essenciais para diversos órgãos públicos e privados. Por outro lado, há o interesse dos credores em receber seus créditos e evitar prejuízos decorrentes de uma possível fraude ou má gestão.

A justiça brasileira terá que encontrar um equilíbrio entre esses interesses, levando em conta os princípios constitucionais que regem a ordem econômica do país.

Segundo o artigo 170 da Constituição Federal, a ordem econômica é fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tendo por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. 

Para tanto, a ordem econômica observa, entre outros, os princípios da livre concorrência, da redução das desigualdades regionais e sociais, da busca do pleno emprego e do tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país.

Esses princípios devem orientar a interpretação e a aplicação da lei de recuperação de empresas e falências, que é um instrumento jurídico importante para a promoção do desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo. 

Entretanto, a recuperação judicial não pode ser vista como uma forma de escapar das obrigações ou de proteger o patrimônio dos devedores, mas sim como uma oportunidade de reorganizar as atividades empresariais, preservar empregos, honrar compromissos e contribuir para o bem-estar social.

Se você está em busca de conhecimento prático sobre recuperação de empresas, considere a leitura do livro de nossa autoria intitulado "Recuperação de Empresas na Prática". A obra aborda os principais aspectos teóricos e práticos da lei de recuperação de empresas e falências, trazendo exemplos reais e atualizados que irão enriquecer o seu entendimento sobre o assunto. 

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Autor

  • João-Francisco Rogowski

    Jurista, Consultor de Negócios, Gestor de Bens e Direitos, Administrador Judicial, Jusfilósofo, Mentor, Palestrante, Professor e Escritor com mais de 50 obras publicadas. Suas obras também foram publicadas internacionalmente pelo Bubok Editorial Publishing Group.

    Além disso, é membro da Comissão de Direito Empresarial da Ordem dos Advogados do Brasil/SC, da AJUCRI - Associação de Juristas Cristãos, da Confraria dos Luminares, grupo constituído por Advogados, Magistrados, Professores, Parlamentares, Jornalistas, Filósofos, Teólogos e Escritores, e da sociedade literária da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) com sede em Lisboa, Portugal.

    Como pesquisador das Ciências Humanas, Jurídicas e Sociais, é o criador do método científico de Administração de Dívidas Empresariais e do Agronegócio. Também é o coordenador de Debates Científicos do Grupo Advocacia e Justiça e especialista em Soluções Estratégicas de Conflitos, pesquisando meios alternativos de dirimir litígios há 30 anos.

    Adicionalmente, é fundador do 1° Tribunal de Bairro do Brasil, especialista em Partilha de Bens na dissolução de sociedades, conjugais e empresariais, inventários e testamentos. Pós-graduado em Direito Empresarial, estudou na Universidade Nacional de Córdoba e ministra mentoria para advogados principiantes. Além de suas qualificações jurídicas, é historiador, teólogo e filósofo autodidata.

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