Manifestações e a mídia nacional
Manifestações e a mídia nacional
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Manifestos Populares
Nos últimos dias, o Brasil tem servido como palanque de manifestações e lutas. Jovens no país têm utilizado o péssimo e caríssimo transporte público como mote para a deflagração de reclamações coletivas. Tanto que vários municípios buscam minguar as reivindicações com a redução de minguados R$0,10 (dez) centavos.
O mais emblemático de toda essa situação é a cobertura que tem feito a mídia nacional. Enquanto a imprensa internacional apresenta o despertar de uma sociedade passiva, parte da cobertura jornalística do país busca renegar o movimento a atos criminosos de vândalos ou, como foi feito em diversas cidades brasileiras, tenta limitar o descontentamento, apregoando que ser trata de um descontentamento com o aumento vertiginoso da passagem do transporte público.
Uma emissora mantém diariamente um programa apresentado por um famigerado apresentador de telejornalismo policial muito além do seu horário habitual, apenas reportando algumas cenas de delinquência cometidas nessas manifestações. Esses atos de vandalismos tão comuns após jogos de futebol no Brasil.
Nossa mídia tenta parecer que o que tem ocorrido serve somente para congestionar ainda mais o trânsito que já é caótico. Esquecem-se da reportagem que nos forçaram a assistir, santificando aqueles torcedores presos na Bolívia, após morte de adolescente.
O que não falam é que aquele passivismo marcante na sociedade brasileira é fator determinante para termos a corrupção na magnitude que temos hoje. A miséria, a fraquíssima educação, a falta de segurança, a ineficácia do Judiciário (por falar nisso, onde está a justiça que o povo teria com o julgamento do mensalão?).
Ah, mas isso é explicável, nossa tv, uma das responsáveis pela pobreza cultural brasileira, prefere cidadãos incompetentes politicamente, àqueles que se revoltam. Optam por um coletivo robotizado, que sai cedo de casa, faz seu trabalho (ou ‘estuda’), que volta para seu lar e como recompensa, recebe um entretenimento fácil de ser digerido e que o faça esquecer seu dia de escravo.
Nossos políticos temem tudo isso, pois visualizam que a internet deixou de ser a praça de revolta e que as pessoas podem se reunir num local real e ameaçar o reino intocável. Pode ser um primeiro passo para a politização do povo, a queda do voto de cabresto e o serviço público como cabide de emprego.
Todavia isso é somente um delírio, por enquanto. Teremos que ver o desenrolar dos acontecimentos e até onde essa manifestação irá. Mas precisamos torcer para, que daqui para frente, ela seja a mola que conduzirá o país a um novo recomeço. Um recomeço, em que saberemos da nossa força e ela é quem forjará a política nacional.
Enquanto isso temos que conviver com os ‘paulos maluf’s’ da vida, pregando sua demagogia eloquente. Temos que ver esfregado em nossa cara o BBB do julgamento do mensalão, com os condenados que são mantidos soltos e com diversas regalias.
Aliás, não é segredo para ninguém que a trupe dos mensaleiros manda e desmanda no Governo. Assim, como bem disse o jornalista Guilherme Fiuzza em seu texto na Revista Época em 18 de março do corrente ano: “está confirmado: o julgamento do mensalão não teve a menor importância para o Brasil. Não se sabe ainda quando os condenados serão presos, se forem. Mas isso também não importa. Importa é que o esquema deu certo. O grupo político que organizou o maior assalto da história aos cofres públicos – ninguém jamais ousara criar um duto permanente entre o dinheiro do Estado e um partido político – vai muito bem obrigado.”.
Tanto estardalhaço com o julgamento dos mensaleiros, mas eles continuam ali, tranquilos, fazendo parte do poder máximo e recebendo apoio dos nossos grandes líderes.
Em tempo: A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal aprovou o projeto que determina o fim da proibição do Conselho Federal de Psicologia contra tratamentos que se propõe a reverter a homossexualidade. Ou seja, um político parou de nomear ruas, praças, batizar dias nacionais e tenta tirar esses ‘pobres coitados’ da marginalidade, já que são relegados a uma condição subumana, visto que preferem um relacionamento com o mesmo sexo. Isso é respeitar a diferença.
Lourembergue Alves Júnior, advogado, Diretor-Proprietário do escritório de advocacia ‘Lourembergue Alves Júnior Assessoria & Consultoria Jurídica’, aprendiz de poeta. [email protected]
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