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Empresa júnior de Direito.

O primeiro passo para a construção de uma carreira jurídica multidisciplinar

Empresa júnior de Direito. O primeiro passo para a construção de uma carreira jurídica multidisciplinar

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O presente trabalho tem como objetivo mostrar que o curso de direito pode transcender a forma clássica através da empresa júnior, sendo uma maneira de se familiarizar com o ambiente empresarial.

O objetivo de uma instituição desta espécie é prestar consultoria e proporcionar treinamentos para micro e pequenas empresas, sem visar fins lucrativos, sempre em busca de um desenvolvimento pessoal e profissional. Um fator que é de extrema importância para o funcionamento de uma empresa júnior é o trabalho em equipe, no transcorrer do texto serão detalhadas as organizações que regulam as empresas juniores em âmbito nacional, estadual e até mesmo dentro de uma universidade. Todo esse movimento proporciona um fluxo constante de troca de experiências e de conhecimento, que é essencial para a construção de uma carreira jurídica multidisciplinar, formando um profissional dinâmico, criativo e proativo.

Palavras-chave: Empresa Junior de Direito; Formação Multidisciplinar; Carreira Jurídica. 

O mercado de trabalho demanda um profissional que saiba lidar com as diferentes áreas do conhecimento, a graduação é apenas o primeiro passo para um bom currículo, é de extrema importância mostrar um diferencial ao empregador. O acadêmico de direito deve ficar mais atento a este aspecto, haja vista que faz um curso conhecido por sua grade clássica e tradicional, a empresa júnior é uma forma de fugir deste padrão, pois poderá prestar consultoria jurídica para micro e pequenas empresas e gerir uma instituição, fatores que proporcionam uma experiência que não se aprende nas salas de aula.

A empresa júnior é uma associação civil sem fins lucrativos que presta serviços de consultoria com valores abaixo do mercado, contribuindo para o desenvolvimento dos empresários juniores e das micro e pequenas empresas que são atendidas. A vivência do empresário júnior agrega valores como empreendedorismo, resiliência, visão estratégica e liderança, construindo profissionais e cidadãos mais completos.

O Movimento Empresa Júnior está em todo o Brasil, tendo sua administração nacional feita pela Brasil Júnior, cada estado possui sua própria Federação e cada universidade costumeiramente possui um Núcleo de Empresas Juniores, facilitando o intercâmbio de experiências entre as diferentes empresas juniores. É neste momento que um acadêmico de direito tem contato com empresários juniores de outros cursos, participando de um sistema onde todos se ajudam, cada qual com sua especialidade, porém todos buscando o mesmo fim. Em suma, as funções de uma empresa júnior de direito são: realizar treinamentos e capacitações jurídicas, consultoria e assessoria jurídica, elaborar o estatuto e o regimento interno de micro e pequenas empresas. Vale a pena ressaltar que todos estes trabalhos são feitos respeitando as normas da OAB, com a orientação dos professores responsáveis e o apoio da instituição de ensino superior.

No ano de 2012 as empresas juniores de direito se organizaram na LEJUD (Liga das Empresas Juniores de Direito), visando unir as iniciativas dos estudantes de direito, para que juntos possam constituir um canal colaborativo. A LEJUD tem a OAB Bahia e uma gama de escritórios de advocacia a apoiando, além disso tem um livro publicado, intitulado "Empresa Júnior: Aspectos Jurídicos, Políticos e Sociais". A LEJUD é constituída por empresas juniores de direito de grandes universidades do Brasil: LEX – UEL; ADV Junior Consultoria Jurídica – UFBA; Consultoria Bevilaqua – UFPE; CEJUR - FGV São Paulo; Consenso – UFV; EJUR – Unesp; Ex Lege – UFG; Jurisconsultus - USP Ribeirão Preto, Locus Iuris - UFSC e SanFran Jr. – USP além da IURIS FDUP Junior - Universidade do Porto situada em Portugal.

Os eventos também são fomentadores de empreendedorismo e de desenvolvimento profissional, acontece anualmente o Encontro Nacional de Empresas Juniores (ENEJ), encontros separados pelas regiões do Brasil, eventos de âmbito estadual e municipal. Nesse momento ocorre uma grande troca de informações, onde cada empresa júnior mostra experiências positivas e negativas que ocorreram durante uma gestão, no intuito de compartilhar os sucessos e prevenir que as outras empresas juniores cometam os mesmos erros.

As empresas juniores de direito também podem realizar seus próprios eventos, a LEX – empresa júnior de direito da UEL realizou o Cine LEX, reunindo cerca de 250 acadêmicos em um anfiteatro, que teve por objetivo colocar alguns temas de aspecto jurídico e político em questão, exibindo um filme e posteriormente abrindo uma discussão entre discentes e docentes, no intuito de aproximar diferentes conotações interpretativas sobre o mesmo assunto.

A experiência de participar de uma empresa júnior é diferente de um estágio, pois nela o acadêmico toma decisões, gerencia uma empresa de verdade e tem responsabilidades. Esse trabalho funciona como um laboratório, onde o graduando aprende com os erros e acertos, colocando esse conhecimento em prática depois de formado e tendo maior possibilidade de êxito em seu projeto de carreira (concurso, advocacia, etc). O jurista de sucesso é aquele que sabe enxergar oportunidades no mercado, nesse sentido é necessário que o estudante busque conhecimentos “não-jurídicos” com a mesma intensidade que estuda direito, conhecimentos como gestão, marketing e liderança fazem parte de rol de habilidades de um profissional completo.  

Atualmente grandes empresas apoiam empresas juniores, tendo como exemplo o Banco Itaú e a AMBEV. Os frutos germinados já estão sendo colhidos, pois egressos de empresas juniores estão ocupando cargos de alto escalão e mostrando o valor desta experiência. 

Referências:

http://www.lejud.com/quem-somos

http://www.brasiljunior.org.br/


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