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Uso de equipamento de proteção individual para os casos de Ebola

Uso de equipamento de proteção individual para os casos de Ebola

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O trabalho tem por objetivo demonstrar como emprego sistêmico de equipamentos de proteção individual com regras e técnicas podem evitar a contaminação de um agente durante uma ação de emergência.

RESUMO

O trabalho tem por objetivo demonstrar como emprego sistêmico de equipamentos de proteção individual com regras e técnicas podem evitar a contaminação de um agente durante uma ação de emergência. No Estado de São Paulo, o efetivo do Corpo de Bombeiros da PMESP será acionado para efetuar o atendimento a enfermo contaminado pelo vírus Ebola e precisam de equipamentos necessários e específicos para a proteção de sua integridade física.

ABSTRACT

This study aims to demonstrate how systemic use of personal protective equipment with rules and techniques can prevent contamination of the agent during an emergency action. In São Paulo, the effective PMESP of the Fire Department will be triggered to make the care of sick infected by Ebola virus and need specific equipment and necessary for the protection of their physical integrity.

Palavra-chave: Afecções; Bombeiros Militares; Tipos de equipamento de proteção individual;  

INTRODUÇÃO

Em 1976, autoridades sanitárias relataram um vírus, da família Filoviridae, uma doença viral aguda no Sudão e na República Democrática do Congo, em uma região situada próximo do Rio Ebola no continente Africano.Com origem desconhecida, estudos relatam que morcegos frugívoros são considerados os hospedeiros prováveis do vírus denominado Ebola. 

É uma doença que causa clinicamente nas vítimas uma febre hemorrágica aguda onde há a variação da letalidade de 60% a 90%. A OMS  identificou até o momento cinco subespécies, sendo: Zaire, Sudão, Taï Forest, Bundibugyo e o Reston identificado em primatas não humanos. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta em  8 de agosto de 2014 decretando uma emergência de saúde pública de alcance mundial e convocou a comunidade internacional a se mobilizar contra a epidemia de Ebola no oeste da África.

Os surtos produzidos são graves, apesar de grandes esforços da Organização Mundial da Saúde e ações humanitárias o vírus está se espalhando cada vez mais e já conseguiu atingir outros continentes em todo o mundo. A transmissão do vírus pode ser efetuada através do contato de um indivíduo com os fluídos corporais de um indivíduo, urina, fezes, suor e sangue podem infectar uma pessoa.

O modo de transmissão pode ocorrer do animal, de primatas como gorilas, chimpanzés e macacos e de morcegos infectados em contato com o homem.O vírus é resistente e sobrevive nas superfícies de objetos, roupas usadas, agulhas de injeção e lençóis utilizados pelos doentes. Se mantém longamente ativo possibilitando o contágio de outras pessoas e também pode ser transmitido por contato com o cadáver de vítimas infectadas.

No corpo humano, o vírus se espalha rapidamente e destrói os vasos sanguíneos, afetando o processo de coagulação e gerando fortes reações inflamatórias. Após o período de incubação, quer dizer o tempo do intervalo entre a infecção e o início dos sintomas pode variar em 21 dias.

Os sintomas são semelhantes aos da gripe incluindo febre muito alta e repentina, onde destacamos fraqueza, conjuntivite, vômitos, diarreia e formação de bolhas uma erupção cutânea. Antes de apresentar os sintomas os pacientes estão no período de incubação da doença e não são contagiosos.

Com a evolução da doença aparecem sintomas como fotofobia, sonolência e delírios. No final aparecem fenômenos hemorrágicos e o paciente pode evoluir para o óbito em até 10 dias. A confirmação dos casos de Ebola é feita por exames laboratoriais específicos.

As autoridades sanitárias ainda não relataram a transmissão pelo ar sem o contato direto com os fluídos corpóreos de uma vítima infectada, ou por meio de vetores.

O vírus morre em contato com sabão, água sanitária e sobrevive por um curto período em superfícies secas ou atingida por raios solares. A situação do óbito de uma vítima contaminada é extremamente perigosa, o vírus não morre imediatamente junto com o paciente, ele permanece no cadáver como uma fonte de contaminação.

Os relatos das autoridades sanitárias afirmam que razões culturais deram início ao surto e transmissão da doença através de contatos ou manuseio de carne crua de animais infectados pelo homem.

A proliferação na transmissão do Ebola muitas vezes ocorre durante cerimônias fúnebres, onde os familiares tocam o corpo do familiar em óbito e acabam se contaminando com o vírus.A situação ideal é enterrar as pessoas que morrem com o vírus o mais rápido possível e o corpo precisa ser colocado em um saco mortuário duplo e que não haja vazamento de fluidos corpóreos.

As formas de prevenção ao avanço da doença é evitar o contato nas áreas atingidas, o risco de transmissão a viajantes é muito baixo, principalmente porque as medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde são os de evitar os deslocamentos para as áreas rurais e vilas onde acontecem os casos. 

Dentro de um quadro de proliferação da doença em níveis mundiais, existem os profissionais que podem ter uma exposição excessiva em razão de suas funções dentro da sociedade.Pelas características da infecção por Ebola a disseminação em nível global é considerada baixa, a gravidade da proliferação da situação atual tende a ter um aumento do surto atual em razão a demora no controle.

Os países onde há transmissão do vírus como Libéria, Serra Leoa, Guiné e Nigéria os serviços disponíveis para o controle das autoridades sanitárias são muito precários e os serviços básicos de saúde não dispõem de equipamentos de proteção aos demais pacientes.Profissionais de saúde que atendam pacientes sem que as medidas de proteção sejam adotadas, certamente a chance de uma contaminação é muito grande.

Os órgãos públicos de atendimento a emergências atendem anualmente a milhares de vítimas que são vítimas de acidentes, o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo me seus anuários estatísticos informaram que no ano de 2012 foram atendidas 324.335 emergências de Resgate, salvando 226.856 pessoas.

Segundo o Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal é uma fundação do governo do estado de São Paulo, vinculada à Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional, que apoia os municípios no aprimoramento da gestão e no desenvolvimento de políticas públicas, são mais de 42.000.000 habitantes que vivem no Estado de São Paulo no ano de 2014, pessoas que estão suscetíveis aos atendimentos emergenciais.

A média diária de atendimentos no ano de 2013 foi de 860 pessoas por dia, resgatadas em situações emergenciais, encaminhadas aos prontos socorros médicos ou atendidas e liberados nos locais das ocorrências.

Nesses casos onde há a necessidade de manipulação de pessoas por parte dos profissionais do Corpo de Bombeiros. São procedimentos de primeiros socorros e manobras técnicas necessárias para a garantia da sobrevida da vítima.Em todos os atendimentos efetuados os bombeiros possuem o poder dever de agir nesses casos com a indicação de procedimentos operacionais padrão definidos pela Corporação.

Alguns casos no mundo estão sendo amplamente divulgados onde os profissionais de saúde que manipularam vítimas com Ebola, infelizmente por alguma falha acabaram se contaminando. Baseadas em normas e condutas, chamadas de procedimentos operacionais padrão, em todos os casos, são exigidas as devidas proteções individuais de equipamentos que possam garantir a segurança biológica do bombeiro quanto da vítima.

No caso do Ebola as formas de transmissão do vírus são conhecidas, porém os órgãos de atendimento as emergências, onde destacamos os socorristas, bombeiros, policiais, médicos, enfermeiros e agentes funerários devem possuir meios através de equipamentos de proteção individual e procedimentos para evitar o contágio durante a ação de atendimento.

1. EQUIPAMENTO PARA O RESGATE DE VÍTIMA DE EBOLA

No Estado de São Paulo, O Corpo de Bombeiros da PMESP e os órgãos de atendimento emergencial serão acionados para um atendimento a vítima de Ebola em casos específicos, onde as autoridades sanitárias locais detectaram uma vítima que por seu histórico e sintomas apontam, após a confirmação por exames em laboratório, que se trata de um enfermo contaminado.

A Secretaria de Estado da Saúde, órgão da administração direta do Governo do Estado, adquiriu modelos do equipamento BIO-BAG EBV – 30/40, onde para a rápida resposta a uma emergência, estabeleceu que as macas para transporte permaneçam disponível no Quartel Central do Corpo de Bombeiros com a equipe treinada e equipada com uma viatura tipo Resgate disponível exclusivamente para esse tipo de atendimento.

Esse traje, este traje atende às necessidades envolvidas no atendimento de primeira resposta emergencial. Os equipamentos que devem ser utilizados para os profissionais no atendimento a vítima com sintomas ou suspeita de infecção pelo vírus ebola são:

  1. Roupa para proteção bacteriológica descartável;
  2. Bota fechada;
  3. Máscara N95;
  4. Óculos de proteção;
  5. Protetor facial;
  6. Luvas;
  7. Capote/avental descartável;
  8. Protetor de calçado (Propés). 

Através dos equipamentos disponíveis para o atendimento a ocorrência a vítima de Ebola, é essencial que todos os procedimentos de colocação e retirada dos equipamentos sejam adotados. Os equipamentos viáveis devido à garantia de proteção e atendimento seguro são:

  1. Roupa para proteção bacteriológica descartável;
  2. Bota de proteção;
  3. Luva de proteção.

É essencial constatar que existem as condições mínimas exigíveis para o uso de uma roupa de proteção bacteriológica descartável a ser utilizada pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Como característica técnica a roupa deve ser um macacão de proteção contra substâncias químicas de baixa concentração, pesticidas diluídos e perigos biológicos de líquidos e partículas menores que 0,01 micras, confeccionado em material laminado de microfibras de polietileno, com no mínimo 63 gr/m².

Seguindo um padrão de cor branca, deve ser transpirável ao ar e principalmente ao vapor de água, essa medida se faz necessária para que se possa reduzir o risco de estresse do usuário devido ao calor.

Deve ser confeccionada com um elástico nos punhos, tornozelos e capuz, para facilitar a adaptação dos outros tipos equipamentos de proteção individual que serão empregados conjuntamente, como luvas botas e máscaras.

Com costuras termosseladas, impedem ou diminuem as chances de que ocorra durante a ação aberturas que possam ser suscetíveis a contaminação do usuário.As uniões da roupa deverão ser com costuras unidas e cobertas por um revel, com o mesmo material, para proporcionar maior resistência e uma barreira mais eficaz contra líquidos e ataque de partículas.

Os materiais de constituição do macacão não devem soltar “peeling” ou conter fibras soltas, o que certamente podem proporcionar partes de agentes contaminantes e dificultar os trabalhos de biossegurança num local de emergência ou de descarte do equipamento utilizado.

A ergonomia de sua construção deverá permitir fácil deslocamento e conforto ao usuário, com um capuz formado de três peças para maior conforto e adaptação a cabeça do usuário.Os elásticos nos punhos, cintura e tornozelos ainda de presilhas elásticas para o polegar que ajudem a impedir o movimento das mangas quando trabalha acima da sua cabeça.

Possuir par de proteção cobre botas, para que sejam paramentados e auxiliem na barreira de contato sobre calçados fechados. Deverá possuir na parte frontal um zíper bi direcional de grandes dimensões, coberto por uma pala do próprio material com fita dupla face para melhor vedação do zíper, permitindo ao usuário facilidade na colocação e retirada da roupa, mesmo sem a ajuda de uma segunda pessoa.

O traje deverá estar em conformidade com a norma EN 13034, que trata sobre roupas de proteção contra aerossóis, possuir classificação 6B. Se faz necessária a  conformidade com a norma EN 13982, para roupa de proteção para utilização contra partículas sólidas, cuja classificação será 5B.

O traje deverá estar em conformidade com a norma EN 14126 são roupas de proteção contra agentes biológicos e possuir classificação conforme tabela 2. A norma EN 1073-2 vestuário de proteção contra contaminação radioativa, e a norma EN 1149 vestuário de proteção para propriedades eletrostáticas deverão também ser observadas. Deverá estar em conformidade com a norma DIN 32781 que trata sobre vestuário de proteção contra pesticidas.

A roupa de proteção deverá apresentar resistências conforme tabela 1, 2 e tabela 3 abaixo:

Repelência e resistência à penetração do tecido antes do ataque químico líquido

Resultado

Classe EN

Repelência a líquidos - 30% de ácido sulfúrico

96.7

3 de 3

Repelência a líquidos - 10% de Hidróxido de Sódio

96.7

3 de 3

Repelência a líquidos - n-heptano (não diluído)

95.5

3 de 3

Repelência a líquidos - Isopropanol

93.8

2 de 3

Resistência à penetração de líquidos - 30% de ácido sulfúrico

0.0

3 de 3

Resistência à penetração de líquidos - 10% de Hidróxido de Sódio

0.0

3 de 3

Resistência à penetração de líquidos - n-heptano (não diluído)

0.0

3 de 3

Resistência à penetração de líquidos - Isopropanol

0.0

3 de 3

Tabela 1 - Teste de penetração de produtos químicos, de acordo com a norma EN ISO 6530

Teste

Norma

Resultado %

Classe EN

Resistência à penetração de sangue / fluido sob pressão

ISO 16603

Supera 20kPa

Classe 6 de 6

Resistência à penetração de patógenos transmissíveis pelo sangue

ISO 16604

Supera 20kPa

Classe 6 de 6

Resistência à penetração de bactérias da água (contato mecânico)

EN ISO 22610

Sem penetração (até 75 minutos)

Classe 6 de 6

Resistência à aerossóis biologicamente contaminados

ISO/DIS 22611

Sem penetração

Classe 3 de 3

Resistência à penetração microbiana seca

ISO 22612

Sem penetração

Classe 3 de 3

Tabela 2 - Resultados do teste de resistência à penetração segundo norma EN ISO 14126

Método de Ensaio

Resultado %

Classe EN (EN14325)

EN 530 Abrasão

100 ciclos

2 de 6

EN ISO 7854 Fissuras

40,000 ciclos

5 de 6

EN ISO 9073-4 Resistência ao Rasgamento (MD)

40,7 N

1 de 6

EN ISO 9073-4 Resistência ao Rasgamento (CD)

18,6 N

EN ISO 13934-1 Resistência à Tensão (MD)

108,1 N

1 de 6

EN ISO 13934-1 Resistência à Tensão (CD)

48,3 N

EN 863 Resistência à Perfuração

8,2 N

1 de 6

EN ISO 13938-1 Resistência à Ruptura

184,1 kPa

3 de 6

EN 13274-4 Resistência à Ignição

Cumpre

-

EN 1149-1 Antiestática

‹5.0 x 1010

-

BS EN 20811 Pressão Hidrostática (teste de pressão de água)

›200 cm

-

EN 31092/ISO 11092 Resistencia térmica (Rct em m²·K/W) 16.3·10-³

16.3·10-³

-

EN 31092/ISO 11092 Resistencia ao vapor de agua (Ret em m²·Pa/W)

<15

  1. de 3 (DIN 32781)

Tabela 3 - Testes Físicos ao Tecido de acordo com a norma EN ISO 14325

O equipamento luva de proteção química em PVC é um objeto de suma importância, pois será nitidamente o ponto de principal de sucessão ao contato com o agente contaminante, local de maior risco.

Como característica geral, deverá ser confeccionada em PVC, o significado é a sigla inglesa de polyvinyl chloride em português policloreto de polivinila ou policloreto de vinil.

Forradas com algodão, e com desenho de cinco dedos e palma ligeiramente corrugada para aumentar o agarre, com comprimento mínimo de 500 mm e deve apresentar resistência química contra vários tipos de compostos inorgânicos, tais como ácidos e alcalinos em geral, conforme:

Produto Químico

Tempo de Resistência

(min)

Produto Químico

Tempo de Resistência (min)

Acetaldeído

Dissulfeto de carbono

Acetato de Butila

Etanol

> 240

Acetato de etila

Éter etílico

Acetona

Etilenoglicol

> 240

Ácido Acético Glacial

Fenol 85%

> 240

Ácido Clorídrico 37%

> 240

Formaldeído 37%

> 240

Ácido Crômico 50%

> 240

Furfural

Ácido fluorídrico 50%

> 240

Gasolina

> 240

Ácido Fórmico

> 240

Hexana

> 240

Ácido fosfórico

> 240

Hidrazina

> 240

Ácido nítrico 70%

> 240

Hidróxido de amônio 29%

> 240

Ácido sulfúrico 97%

> 240

Hidróxido sódio 50%

> 240

Ácrilonitrila

> 240

Hipoclorito de sódio 6%

> 240

Água Régia

> 240

Metanol

> 240

Anilina

Metil etil cetona (MEK)

Benzeno

Óleo Mineral

> 240

Butadieno

> 240

Óxido de Etileno

> 240

Butanol

> 240

PCB 50% óleo mineral 50%

> 240

Celosolve Butílico

Não Recomendada

Percloroetileno

Cloreto de vinila

> 240

Peróxido de Hidrogênio 30%

> 240

Cloreto metílico

> 240

Querosene

> 240

Cloro

> 240

Tetracloreto de carbono

Clorobenzeno

Tolueno di-isocianato (TDI)

Cresol

> 240

Tribromometano (TBC)

Não Recomendada

Dietanolamina

> 240

Triclorobenzeno

Dietilamina

> 240

Xileno

Tabela 4 – Tempo de resistência a produtos químicos

Bota de proteção química, como característica geral o calçado deve ser confeccionada com liga especial de copolímero de policloreto de vinila com poliuretano de alto peso molecular, o composto deve apresentar grande resistência a muitos produtos químicos perigosos.

O principal risco para o profissional que atuará durante uma ação emergencial de atendimento é o contato com os fluídos corporais da pessoa infectada pois estes são os que carregam o vírus vivo, o contato com tais fluidos pode ser através da boca, olhos e feridas abertas, tanto da vítima quanto do bombeiro.

A doença não é transmitida pelo ar, portanto não há necessidade de utilização de utilização de equipamento de proteção respiratória. O uso da bota de proteção química se falássemos de ambientes internos, facilmente poderia ser substituída por sapatos fechados e aplicados o par de cobre botas. O composto deve apresentar grande resistência a muitos produtos químicos perigosos, conforme estabelecido na tabela:

Produto Químico

Tempo de Passagem

Produto Químico

Tempo de Passagem

Acetato de Etila

> 2 horas

Dietilamina

> 2 horas

Acetona

> 2 horas

Dimetilformamida

Sem Passagem

Acetonitrila

Sem Passagem

Dimetilhidrazina

> 4 horas

Ácido Acético

> 8 horas

Dióxido de Nitrogênio

> 7 horas

Ácido Acrílico

> 8 horas

Dissulfeto de Carbono

> 1 hora

Ácido Arsênico

> 8 horas

Epicloridrina

> 3 horas

Ácido Clorídrico

Sem Passagem

Hexano

Sem Passagem

Ácido Hidrofluorídrico (48%)

> 8 horas

Hidrazina

> 8 horas

Ácido Nitríco (70%)

> 8 horas

Hidróxido de Sódio

Sem Passagem

Ácido Sulfúrico

Sem Passagem

Metanol

Sem Passagem

Amônia

Sem Passagem

Óleum (30%)

> 8 horas

Bromo (líquido)

> 7 horas

Óxido de Etileno

> 2 horas

Tabela 5 – Tempo de passagem a testes de produtos químicos

Alguns ambientes são muito hostis e em muitos casos, há o contato direto com o suspeito e há a necessidade de emprego de força física, pelo fato do infectado não falar a língua local, estar ilegalmente dentro do país.

Esses fatos são observados na região central da cidade de São Paulo onde milhares de imigrantes estão com suas situações imigratórias irregulares e temem uma sanção preventiva para fins de extradição e acabam não obedecendo as ações de contenção e dificultando o atendimento. 

As roupas além de executar a função de proteção, devem ser resistentes a impactos e ações abruptas, para que não coloquem em risco a operação.

Produto Químico

Tempo de Passagem

Produto Químico

Tempo de Passagem

Acetato de Etila

> 2 horas

Dietilamina

> 2 horas

Acetona

> 2 horas

Dimetilformamida

Sem Passagem

Acetonitrila

Sem Passagem

Dimetilhidrazina

> 4 horas

Ácido Acético

> 8 horas

Dióxido de Nitrogênio

> 7 horas

Ácido Acrílico

> 8 horas

Dissulfeto de Carbono

> 1 hora

Ácido Arsênico

> 8 horas

Epicloridrina

> 3 horas

Ácido Clorídrico

Sem Passagem

Hexano

Sem Passagem

Ácido Hidrofluorídrico (48%)

> 8 horas

Hidrazina

> 8 horas

Ácido Nitríco (70%)

> 8 horas

Hidróxido de Sódio

Sem Passagem

Ácido Sulfúrico

Sem Passagem

Metanol

Sem Passagem

Acrilonitrila

> 2 horas

Nitrobenzeno

Sem Passagem

Amônia

Sem Passagem

Óleum (30%)

> 8 horas

Bromo (líquido)

> 7 horas

Óxido de Etileno

> 2 horas

Butadieno (1,3) gás

Sem Passagem

Tetracloroetileno

Sem Passagem

Cloreto de Metileno (gás)

Sem Passagem

Tetrahidrofurano

> 2 horas

Cloro (líquido – gás)

Sem Passagem

Tetraóxido de Nitrogênio

> 6 horas

Dicloroetileno

> 2 horas

Tolueno

Sem Passagem

Diclorometano

> 1 hora

Tolueno Di-isocianato (TDI)

> 8 horas

Tabela 6 - Testes Físicos ao Tecido de acordo com a norma EN ISO 14325.

O processo de confecção deverá ser observado em dois estágios que formam uma peça única de grande resistência mecânica, deve possuir palmilha e biqueira de aço de aço inoxidável AISI 304. O solado deve apresentar um desenho que evite escorregões em pisos molhados.  

A importância do uso correto desse equipamento de proteção e segurança será necessário para evitar eventuais contatos com o agente contaminante e principalmente a realização da devida desinfecção após o uso no atendimento emergencial. Além de apresentar a proteção segura devida ao usuário  as botas serão outros grandes pontos de contato com material infectante.

2. Etapas de colocação e retirada do equipamento de proteção individual

A necessidade da sequencia ideal de colocação dos equiaoemtnos devem ser seguidas da seguinte forma, após a primeira providência de higienizar as mãos com álcool a 70% ser adotada devemos:

  1. Calçar o primeiro par de sobrebotas de tyvek, sobre as botas;
  2. Calçar o primeiro par de luvas descartáveis;
  3. Vestir o macacão de tyvek;
  4. Vestir a bota de látex e manter o macacão sobre a bota;
  5. Calçar a bota impermeável, antiderrapante e descartável;
  6. Colocar a máscara n95;
  7. Colocação do óculos de proteção descartável, fixando-os no elástico da máscara;
  8. Vestir o capuz e fechar o zíper do macacão de tyvek;
  9. Vedar o espaço entre os punhos das luvas e do macacão com fita adesiva deixando uma sobra de adesivo para facilitar sua retirada;
  10. Vestir o avental impermeável descartável;
  11. Vestir a balaclava de segurança com as abas sobre o avental;
  12. Calçar as luvas de látex com os punhos sob o avental.

As ações e práticas para a retiradas dos equipamentos de proteção individual devem ser observadas atentamente, pelo fato que houve a exposição ao agente infectante e deverá seguir a sugestão para a sua retirada.

Todas as peças devem ser tiradas virando-as pelo avesso, para que a face interior delas, a que não foi exposta ao ambiente, seja aquela que o agente terá contato. O vírus ebola é inativado pelo álcool a 70% e por compostos a base de cloro e vale ressaltar que o uso de álcool deve ser acompanhado de fricção da superfície aplicada.

  1. Retire a bota impermeável, antiderrapante e descartável;
  2. Retirar a balaclava de segurança;
  3. Retirar parcialmente o avental, protegendo os braços  que deverá ficar coberto;
  4. Retire a luva de látex, podendo utilizar o próprio avental para ajudar nesta tarefa;
  5. Retirar totalmente o avental impermeável dobrando-o sobre a parte externa;
  6. Libere os tirantes da bota de látex;
  7. Retirar a bota de látex;
  8. Retirar a fita adesiva que fixou a luva cirúrgica ao macacão;
  9. Retirar o primeiro par de luvas de procedimentos;
  10. Abrir o zíper do macacão;
  11. Retirar o capuz do macacão enrolando-o para fora;
  12. Retirar o macacão deixando-o pelo avesso;
  13. Retirar a bota impermeável juntamente com o macacão;
  14. Retirar os óculos de proteção;
  15. Retirar o último par de luvas de procedimento;
  16. Realizar higienização das mãos com álcool a 70%.

Existe a necessidade da sequencia acumulativa de ações descritas nos itens acima, são de ordem prática para que o risco do contágio seja nulo.  Embora existam as chances de um contágio, a prática das ações recaem nos agentes responsáveis pelos trabalhos, que estão expostos ao risco iminente.​

CONCLUSÕES

O risco de uma epidemia global certamente afetou as relações de conduta dos órgãos governamentais das grandes potenciam mundiais, que estariam expostas a hipótese de contágio da sua população e a rápida disseminação seria inevitável.

Após a injeção financeira em estruturas compatíveis e pessoal treinado para o enfrentamento da doença, houve grande avanço no combate a epidemia e as condutas humanas estão corroborando para a tese do efetivo meio de controle.

Esse é um tipo de doença onde houve a primeira manifestação em locais considerados subdesenvolvidos, carentes de recursos, com grandes desigualdades sociais.

As nações desenvolvidas observaram que embora não estivessem sofrendo com os primeiros casos da doença estariam fadadas enfrentar num futuro próximo a epidemia global de Ebola sob os seus domínios e perceberiam que dificilmente teriam o efetivo controle, mesmo em condições sociais mais favoráveis e com recursos para investimentos.

A fórmula utilizada foi o de investimento nos locais mais concentrados de disseminação da doença. O auxilio aos países africanos, em seus domínios, implementando capital necessário para que a doença não se espalhasse e que ficasse concentrada nesses locais.

Muitos relatos dos contágios ocorreram por problemas de ordem social, e principalmente por condições análogas de moradia e saúde da população.Todas as ações podem ser revistas e atualizadas com as características humanas locais, de acordo com nível de alerta e a situação epidemiológica de cada país.

Investimento em equipamentos, novas técnicas e treinamento dos agentes que atenderão toda a cadeia de ações são fundamentais para o controle.

Desde serviços emergenciais, hospitais de referência, funcionários, serviços funerários, cultos religiosos devem possuir referências técnicas para o tratamento dos casos suspeitos de infecção pelo vírus Ebola.

Os serviços referentes ao atendimento à população devem ser de referência e estar preparados a todo tempo para o acolhimento ao paciente suspeito de infecção por Ebola.Os protocolos de ações devem ser claros e com fluxos que indicam a nova ação a cada passo subsequente, sem tenha uma interrupção de ações.

Desde o atendimento inicial de uma vítima contaminada até o controle no sepultamento. Ações básicas de biossegurança devem sempre ser adotadas, principalmente nos locais de convivência social. Esse tipo de transmissão do vírus Ebola acontece após o aparecimento dos sintomas e se dá por meio do contato com fluidos corporais de indivíduos infectados, sangue, tecidos incluindo cadáveres ou do contato com superfícies e objetos contaminados.

A prevenção é a melhor arma contra a disseminação da doença. Toda a cadeia ativa de atendimento deverá estar envolvida nas ações e medidas de precaução.

BIBLIOGRAFIA

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CORPO DE BOMBEIROS DA POLICIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO.  Terceira Seção do Estado Maior do Corpo de Bombeiros da PMESP. Boletim técnico para atendimento com ebola – atualização, SÃO PAULO, 2014.

CORPO DE BOMBEIROS DA POLICIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO.Quarta Seção do Estado Maior do Corpo de Bombeiros da PMESP, Especificação Técnica de bombeiros nº CCB – 656/943, Especificação técnica de bombeiros nº CCB – 679/943, Especificação técnica de bombeiros nº CCB – 759/943, SÃO PAULO, 2014.


Autor

  • Marcos das Neves Palumbo

    Bacharel em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Publica pela Academia de Policia Militar do Barro Branco; Oficial do Corpo de Bombeiros da Policia Militar do Estado de São Paulo com a patente de Capitão; Bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; Bacharel em Engenharia Civil pela Universidade Guarulhos; Pós Graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade de Guarulhos. ([email protected])

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