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Concurso da PM do Paraná tem quesito polêmico: masculinidade

Concurso da PM do Paraná tem quesito polêmico: masculinidade

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A retificação trocou o termo por 'enfrentamento' e editou a descrição. Especialistas haviam considerado critério discriminatório e subjetivo.

A Polícia Militar do Paraná publicou um edital para contratar PMs que provocou uma polêmica enorme.

O que é masculinidade? Segundo o edital do concurso da PM do Paraná, é a capacidade de não se impressionar com cenas violentas, suportar vulgaridades, não se emocionar facilmente, e mais: não demonstrar interesse em histórias românticas e de amor. Para passar no concurso, o candidato deve ter pontuação regular ou maior nesse quesito.

Outro item que será avaliado é amabilidade. Segundo o edital: a capacidade de se expressar com atenção, compreensão e empatia, buscando ser agradável, agindo com educação. Mas neste quesito, a expectativa é inversa - o ideal é que o candidato tenha uma nota baixa em amabilidade.

As inscrições para o concurso foram abertas nesta segunda-feira (13) e a prova está prevista para outubro. Pelo edital, os quesitos masculinidade e amabilidade serão julgados por uma banca de psicólogos. O Conselho Regional de Psicologia considera o edital preconceituoso.

“Está recheado de preconceito de discriminação da forma como é colocado. Você pode avaliar uma mulher, ela tendo toda essa capacidade de enfrentamento de uma situação difícil, capacidade de analisar todas as variáveis que estão envolvidas nessa situação, planejar a sua ação a partir da avaliação que ela faz das consequências que a ação dela vai ter, então, isso a gente não pode chamar de masculinidade”, diz Mari Angela Oliveira, do Conselho Regional de Psicologia do Paraná.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acha que o edital precisa de mudanças e disse que vai encaminhar um ofício à comandante da PM do Paraná, a coronel Audilene Rosa de Paula.

“Isso pode gerar constrangimentos enormes para os candidatos. Nós entendemos que isso vai gerar um número elevado de ações judiciais, que podem, inclusive, comprometer a própria regularidade do concurso”, afirma José Augusto Araújo de Noronha, presidente da OAB-PR.

O governo do Paraná declarou que não admite postura discriminatória e determinou que a PM faça mudanças no edital.

A Polícia Militar declarou que, em nenhum momento, tem adotado posturas discriminatórias, sexistas ou machistas e publicou na noite desta segunda-feira (13) um novo edital em que substitui o quesito “masculinidade” por “enfrentamento”. O quesito “amabilidade” não mudou.

Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/08/13/concurso-da-pm-do-parana-tem-quesito-polemico-masculinidade.ghtml


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