Na manhã desta quarta-feira (5), policiais da 9ª DP – Lago Norte, com o apoio operacional da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro – PCERJ, cumpriram 31 mandados judiciais, sendo duas prisões temporárias, sete prisões preventivas, nove buscas e apreensões e 13 sequestros de bens e valores. Em decorrência da legislação eleitoral que proíbe cumprimento de prisões entre cinco dias antes e 48 horas após a eleição, a equipe manteve acompanhamento dos alvos, deflagrando a operação nos primeiros minutos desta manhã.
Modus Operandi
A organização criminosa montou uma empresa de fachada chamada Global Intermediações Promotora LTDA (CNPJ n. 41.539.352/0001-05). Essa empresa possuía cerca de 30 funcionários e funcionava como um call center, assediando pessoas em todo o Brasil, oferecendo créditos consignados. Os criminosos ligavam para pessoas que já possuíam créditos consignados e ofertavam uma falsa portabilidade para outro banco com supostas taxas de juros e parcelas menores.
A vítima era induzida a fornecer toda a documentação e aceitar a portabilidade. Na verdade, os golpistas obtinham um novo empréstimo em nome da vítima que acabava com duas dívidas: a original e a nova obtida fraudulentamente. Após o golpe, os criminosos bloqueavam os celulares e as vítimas ficavam sem ter a quem recorrer. Com o desconto em seus contracheques dos novos empréstimos, diversas vítimas ficaram com a própria subsistência comprometida.
A investigação demonstrou que o núcleo da organização criminosa era composto pela mesma família (mãe, filho e nora). A nora ainda usou o nome do irmão (motoboy) para figurar como proprietário laranja da Global Intermediações. Para evitar serem localizados, sistematicamente mudavam de endereços e escritórios no RJ, trocavam de chips de celular e contatos de WhatsApp o que deixava as vítimas perdidas.
Vítimas e Prejuízos
No Distrito Federal, foram localizadas cinco vítimas, com prejuízos entre R$ 90 mil e R$ 230 mil. A investigação também localizou outras dezenas de vítimas espalhadas em diversos estados do território nacional, entre eles, PR, SC, PE, RJ, GO, AL, RS, BA. Após efetivarem tantas vítimas e o nome da empresa ficar “queimado” em sites de reclamações, eles abandonaram o CNPJ e abriram outro para iniciar o ciclo novamente. O esquema movimentou cerca de R$ 3,5 milhões.
Todas as pessoas que foram vítimas dessa mesma empresa devem registrar ocorrência policial nos seus respectivos estados ou procurar a 9ª DP/PCDF. Cada nova vítima encontrada representa adicionais de quatro a oito anos de prisão passíveis de serem imputados ao grupo.
Vazamento de dados e descontrole do mercado de crédito consignado
A investigação também revelou que está ocorrendo sistemático vazamento dos dados pessoais da população brasileira. A Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD está sendo desrespeitada e as informações pessoais de milhões de brasileiros estão sendo comercializadas sem qualquer critério, o que facilita toda espécie de golpe.
Isto ficou claro, uma vez que somente vítimas que já possuíam créditos consignados eram abordadas. Todas as vítimas narraram que, quando recebiam as ligações, os criminosos sabiam tudo de suas vidas, valores de empréstimos anteriores e contas bancarias que possuíam. Esse nível de informação fornecia uma falsa imagem de legitimidade das propostas e fazia com que os criminosos ganhassem a confiança das pessoas.
Ficou também demonstrado que o mercado de crédito consignado se encontra em descontrole. Os bancos terceirizaram a venda desses produtos aos correspondentes bancários que por sua vez quarteirizam a digitação das propostas nos sistemas dos bancos. As vítimas muitas vezes estão tratando com uma empresa intermediária que depois irá solicitar a outro correspondente bancário a inserção da proposta no sistema do banco. A vítima, ao final, sequer sabe ao certo quem realmente formalizou sua proposta no banco. Em muitos casos, os bancos possuem responsabilidade solidária nessas contratações fraudulentas, pois estão ocorrendo falhas na fiscalização e controle de seus correspondentes autorizados.
“Essa é a oitava operação deste ano, deflagrada pela 9ª DP, com o objetivo de combater espécies de fraudes eletrônicas. Tentamos demonstrar aos criminosos que pescar vítimas ligando para o DDD (61) não é um bom negócio. O aparente enriquecimento inicial logo vem seguido da forte repressão da PCDF. Por isso o nome da operação Ouro de Tolo, pois o lucro obtido com as vítimas do DF é ilusório e todos os criminosos acabaram presos e com seus bens bloqueados”, destaca o delegado da 9ª DP, Erick Sallum.
“Novamente alertamos à população: é preciso redobrar a atenção e optar sempre que possível pela tratativa pessoal direta na agência bancária. Não aceitem propostas por WhatsApp, tampouco forneçam seus documentos a terceiros sem antes conferir no próprio banco se são agentes realmente autorizados. Sempre desconfiem de propostas boas demais”, completa o delegado.
Fonte: Assessoria de Comunicação – Ascom/PCDF
Leia também: Como resolver a fraude do golpe do empréstimo consignado.
Se você foi vítima de qualquer uma destas fraudes envie um e-mail para [email protected] ou entre em contato através do WhatsApp (61) 99426-7511.