Crise na empresa: erros fatais e como superá-los

29/01/2025 às 12:46
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Completamos o segundo ano daquilo que batizei de Recuperação Pós-Pandêmica: um período difícil, de reabertura dos comércios locais, reestruturação das empresas e das famílias. Além disso, índices econômicos similares a um pós-guerra (ou até piores, em alguns casos), com uma guinada estrondosa da política econômica nacional à esquerda, marcada por uma reforma tributária polêmica. Para quem pensa que acabou a lista, ainda temos as propostas de reforma do código civil. Pensando nesse contexto de crise, listei os cinco erros mais recorrentes entre os gestores brasileiros; e algumas sugestões sobre como lidar com eles.

1. Negligenciar a comunicação (interna e externa)

Uma das armadilhas mais graves em tempos de crise é falhar na comunicação com stakeholders-chave, tanto internos quanto externos. Funcionários desinformados podem espalhar rumores ou tomar decisões equivocadas, enquanto a ausência de um posicionamento claro para os clientes e parceiros pode gerar desconfiança e perda de credibilidade.

Principalmente em tempos complicados, a comunicação deve ser transparente, consistente e com a linguagem adequada ao público-alvo, utilizando os canais corretos. Internamente, é crucial envolver a liderança para garantir que a equipe se sinta segura e alinhada com a estratégia de resposta. Externamente, uma comunicação proativa, que esclareça os fatos e demonstre controle da situação, ajuda a mitigar o impacto negativo e preservar a reputação da empresa.

(Aproveite para voltar aqui e ver essa apresentação sobre conflitos empresariais)

2. Tomar decisões precipitadas

Durante uma crise, é comum que a pressão por respostas rápidas produza decisões impulsivas, sem a devida análise das consequências. Agir sem considerar todos os fatores envolvidos pode agravar a situação e provocar danos irreparáveis à empresa. O ideal é implementar uma abordagem estruturada de tomada de decisões, baseada em dados e consultas a especialistas, incluindo equipes jurídicas e financeiras.

Ademais, é importante ter um plano de contingência prévio, para que a empresa possa agir com agilidade sem comprometer a qualidade das decisões. A calma e a racionalidade são cruciais para encontrar soluções eficazes e minimizar riscos a longo prazo.

3. Ignorar a análise de riscos prévia

Entrar em uma crise sem uma análise de riscos robusta coloca a empresa em uma posição vulnerável e reativa. A falta de planejamento preventivo impede que a organização identifique potenciais ameaças e oportunidades de mitigação antecipada. Empresas que negligenciam essa prática acabam sendo surpreendidas e podem enfrentar perdas financeiras, jurídicas e de reputação.

A análise de riscos deve ser contínua, revisada periodicamente e incluir a avaliação de cenários críticos, como problemas legais, falhas operacionais ou crises de imagem. Com uma avaliação de riscos bem estruturada, a empresa pode responder de forma mais ágil e eficiente, além de minimizar os impactos negativos de situações adversas.

(Se você não se preveniu e já aconteceu um problema, veja o material completo dessa palestra que ministrei recentemente, sobre "O que fazer, quando tudo deu errado?")

4. Não contar com um escritório de advocacia especializada

Enfrentar uma crise sem o suporte jurídico especializado expõe a empresa a riscos significativos, como multas, processos judiciais e administrativos, sanções regulatórias e muitos outros empecilhos. A falta de uma assessoria jurídica especializada impede que a empresa interprete corretamente os fatos, de modo que o gestor termina conduzindo a si mesmo em decisões estratégicas desastradas - em uma analogia, enfrentar uma crise empresarial sem um jurídico especializado, é como navegar sem os instrumentos adequados.

Além disso, um advogado especializado experiente pode prever complicações legais decorrentes da crise e aconselhar medidas preventivas, como revisões contratuais ou renegociações de termos comerciais, contendo os prejuízos em curso. A assessoria jurídica não só orienta as ações imediatas, como também protege a empresa contra possíveis repercussões a longo prazo, garantindo que as decisões tomadas estejam embasadas em fundamentos sólidos, criando barreiras extras de proteção para o patrimônio do cliente.

5. Falhar na contenção de danos à reputação

Em tempos de crise, a reputação da empresa (e dos gestores!) pode ser gravemente afetada se não houver uma estratégia eficaz para preservar sua imagem pública. Ignorar o impacto da crise nas percepções dos consumidores, parceiros e do mercado pode gerar danos duradouros, afetando a confiança e a credibilidade construídas ao longo dos anos. É essencial implementar um plano de gerenciamento de crise, que inclua uma comunicação transparente e consistente, além de medidas necessárias para restaurar a confiança.

A falta de uma resposta rápida nas mídias sociais, por exemplo, pode amplificar rumores e críticas negativas, enquanto um posicionamento bem planejado pode limitar o alcance dos danos. Empresas que falham em proteger sua reputação durante uma crise, muitas vezes enfrentam desafios maiores para se recuperar, tanto no mercado quanto em termos de relacionamento com stakeholders. importante dizer que toda a comunicação da empresa precisa ser revisada por um jurídico experiente, para evitar a ampliação dos conflitos já instaurados.

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Sobre a autora
Lorena de Bessières

⚜ Advogada de Alto Padrão - Nível Sênior ⚜ Mentora de Alta Performance ⚜ Juíza Arbitral ⚜ Especialista em soluções empresariais e negociais, graduada na PUC-RS, com pós graduações no Brasil e no exterior ⚜ 15 anos de experiência em estratégias complexas e projetos multidisciplinares, sendo 5 anos na Europa ⚜ Presidente Fundadora do Clube de Negócios Alpha Guará ⚜ Uma das 12 Autoridades Destacadas em Direitos Humanos, em relatório de atividades da Academia Lucentina, com registro no Pacto Global da ONU ⚜ Experiente em: times jurídicos eleitorais; crises de reputação; famílias empresárias multinacionais. ⚜ Mais informações no Linkedin.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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