Judicialização da saúde aumenta na pandemia

Em torno de 10% das ações judiciais estão relacionadas à problemas de saúde

Leia nesta página:

O direito à saúde é assegurado pela Constituição do Brasil de 1988, está ligado à vida e a existência digna. Portanto é obrigação do Estado e direito de todo cidadão. Quagliato diz que o cidadão está recorrendo a justiça, para garantir seus direitos.

JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE

AUMENTA NA PANDEMIA

Em torno de 10% das ações judiciais estão relacionadas à problemas de saúde.

O direito à saúde púbica é assegurado pela Constituição do Brasil de 1988, por estar ligado à vida e a existência digna, portanto é obrigação do Estado e direito de todo cidadão. O advogado Pedro Quagliato, especialista em Direito da Saúde e do Consumidor, afirma que dentro desse contexto, é crescente a ‘judicialização da saúde’, que é quando o cidadão se socorre da Justiça para garantir seus direitos, em relação a necessidade de tratamentos médicos ou medicamentos específicos. Quagliato avalia que a judicialização da saúde no País cresceu nos últimos anos e se agravou com a pandemia da Covid-19. Conforme o Conselho Nacional de Justiça, em 2011 eram 240 mil ações referentes ao direito da saúde e em 2019 já atingiram a marca de 2 milhões e 298 mil ações. Mesmo ainda sem os dados de 2020, o advogado acredita que as ações especificamente ligadas à saúde devem ter aumentado. “Em torno de 10% de todas as ações judiciais do País estão relacionadas à problemas de saúde em geral”, afirma.

Ações na Justiça – A pandemia da Covid-19 tem causado milhares de mortes e especialmente no Brasil um caos sem precedentes na saúde. A economia brasileira também está sofrendo os percalços dessa doença, com inúmeras empresas fechadas e tantas outras que precisaram cortar gastos para conseguir sobreviver. Com tudo isso, avalia Pedro Quagliato, está havendo uma sobrecarga no Sistema Único de Saúde - o SUS e também nos planos de saúde privados. Os planos estão procurando seus beneficiários – pessoas físicas ou jurídicas – para revisar ou até rescindir contratos, em razão de dificuldades financeiras. O SUS poderá também sofrer com o consequente aumento de pacientes, que estão migrando dos planos privados para o sistema público.

Com a experiência de atuação na área do Direito da Saúde, Quagliato alerta que a judicialização da saúde deve ser usada como última hipótese para a garantia de um tratamento ou medicamento. “Cabe ao advogado realizar um primeiro filtro em relação à pedidos de judicialização descabidos, para que não ocorra a banalização desse importante instrumento jurídico e nem se sobrecarregue a Justiça com essas ações”.

O advogado Pedro Quagliato avalia que “as pessoas ainda estão no modo sobrevivência, mas à medida que a situação (da pandemia da Covid-19) fique menos turbulenta, nos próximos meses, poderemos ter uma avalanche de ações na Justiça, sobre danos morais, tratamentos específicos – alguns ainda não reconhecidos e medicamentos que não são oferecidos pelo sistema público de saúde ou que estão em falta, mas que precisam ser adquiridos pelas famílias para tratamentos”.

O especialista ressalta que o judiciário tem bastante cautela com relação a tratamentos, que às vezes não estão na rotina médica, mas que são importantes para amenizar ou mesmo tratar determinadas doenças. “Por vezes, os juízes têm pedido ajuda a médicos e outros especialistas da área de saúde, para que opinem sobre um determinado assunto correlato, como o tratamento médico indicado ou medicamentos necessários para esses tratamentos”.

Quagliato afirma que apesar da situação complexa e alarmante do momento, dentro dos desafios gigantescos que uma pandemia impõe a todos, “o surgimento de novas legislações e a implantação de serviços específicos, como a Telemedicina, que veio para ficar, representam oportunidades de inovação e aprimoramento no atendimento da saúde”.

Sobre a autora
Roncon & Graça Comunicações

Assessoria de Comunicação/Imprensa

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!
Publique seus artigos