Resumo
As urnas eletrônicas brasileiras são amplamente reconhecidas por sua eficiência e segurança. No entanto, nenhum sistema pode ser considerado absolutamente infalível.
Este artigo analisa a segurança das urnas eletrônicas, os desafios de fraude, a confiabilidade e credibilidade do sistema, alguns cenários hipotéticos de vulnerabilidades, e discute a implementação de programas de recompensas (bug bounties) para melhorar ainda mais a segurança do processo eleitoral.
Introdução
Desde sua introdução em 1996, as urnas eletrônicas têm sido uma peça central nas eleições brasileiras, promovendo uma votação rápida e precisa.
Apesar de seu sucesso, questionamentos sobre sua segurança e integridade persistem.
Este artigo examina a robustez das urnas eletrônicas, explorando possíveis vulnerabilidades e propondo a implementação de programas de recompensas para a identificação de falhas.
1. Nenhum Sistema é 100% Infalível
Embora as urnas eletrônicas brasileiras sejam consideradas seguras, é importante reconhecer que nenhum sistema tecnológico é absolutamente infalível.
A segurança cibernética é um campo em constante evolução, e novos métodos de ataque são desenvolvidos continuamente.
Portanto, a busca pela perfeição é um objetivo, mas a infalibilidade total é inatingível.
1.1. A Natureza da Segurança Cibernética
A segurança cibernética envolve a proteção de sistemas contra acesso não autorizado, danos e interrupções. Mesmo os sistemas mais avançados estão sujeitos a vulnerabilidades devido a:
· Erro Humano: A configuração inadequada, negligência ou erros cometidos por operadores humanos podem criar brechas de segurança.
· Evolução Tecnológica: À medida que a tecnologia avança, novas vulnerabilidades podem ser descobertas em sistemas previamente considerados seguros.
· Ameaças Internas: Funcionários com acesso privilegiado ao sistema podem, intencionalmente ou não, comprometer sua segurança.
1.2. Casos de Estudos
Estudos de casos em segurança cibernética mostram que sistemas considerados altamente seguros foram comprometidos.
Por exemplo:
· Stuxnet: Um worm de computador que afetou sistemas de controle industrial, demonstrando que mesmo sistemas isolados podem ser alvo de ataques sofisticados.
· Heartbleed: Uma vulnerabilidade crítica no software de criptografia OpenSSL, que foi explorada por anos antes de ser descoberta.
2. Segurança das Urnas Eletrônicas
As urnas eletrônicas brasileiras foram desenvolvidas para garantir a segurança e a integridade dos votos.
Diversas medidas de segurança foram implementadas para proteger o processo eleitoral.
2.1. Criptografia e Assinaturas Digitais
A criptografia é utilizada para proteger os dados de voto, garantindo que apenas usuários autorizados possam acessá- los.
As assinaturas digitais ajudam a verificar a integridade e a autenticidade dos dados, impedindo que sejam alterados sem detecção.
2.2. Auditorias e Testes Públicos
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) realiza auditorias regulares e testes públicos de segurança.
Especialistas independentes são convidados a tentar encontrar vulnerabilidades no sistema, e suas descobertas são usadas para melhorar a segurança.
2.3. Isolamento Físico
As urnas não são conectadas à internet durante a votação, o que elimina a possibilidade de ataques remotos.
Após a votação, os resultados são transmitidos de forma segura para o TSE, utilizando protocolos criptografados.
2.4. Lacres e Monitoramento
As urnas eletrônicas são equipadas com lacres de segurança que mostram qualquer tentativa de violação.
Durante todo o processo eleitoral, as urnas são monitoradas por agentes da justiça eleitoral, partidos políticos e observadores independentes, aumentando a segurança contra manipulações.
3. Desafios de Fraude
A fraude eleitoral é uma preocupação global, e as urnas eletrônicas não estão imunes a essa ameaça.
No entanto, os desafios de fraude enfrentados pelas urnas eletrônicas são mitigados por medidas de segurança rigorosas.
3.1. Acesso Físico Restrito
As urnas são armazenadas e transportadas sob rigorosa supervisão.
A violação física das urnas é extremamente difícil devido às medidas de segurança implementadas, incluindo lacres invioláveis e monitoramento constante.
3.2. Proteção Contra Interferência
Os dados de votação são protegidos contra interferência através de criptografia e assinaturas digitais.
Qualquer tentativa de manipulação seria detectada durante as auditorias pós-eleitorais.
3.3. Monitoramento e Fiscalização
Observadores independentes, partidos políticos e instituições civis têm o direito de monitorar o processo eleitoral, aumentando a transparência e reduzindo o risco de fraude.
3.4. Registro de Eventos
As urnas eletrônicas possuem um registro de eventos que documenta todas as operações realizadas durante o processo eleitoral.
Este registro pode ser auditado para identificar quaisquer atividades suspeitas ou não autorizadas.
4. Confiabilidade e Credibilidade
A confiabilidade e credibilidade das urnas eletrônicas são fundamentais para a aceitação pública do sistema eleitoral. Diversos fatores contribuem para essa confiança.
4.1. Histórico de Confiabilidade
Desde sua introdução, as urnas eletrônicas brasileiras têm demonstrado alta confiabilidade, com poucos incidentes relatados.
Os resultados das eleições têm sido consistentes e precisos, reforçando a confiança pública.
4.2. Transparência
O TSE promove a transparência do processo eleitoral, permitindo que diversos stakeholders auditem e verifiquem a integridade do sistema.
Essa abertura aumenta a confiança na tecnologia utilizada.
4.3. Participação Internacional
Observadores internacionais frequentemente monitoram as eleições no Brasil e têm, em geral, elogiado a segurança e a eficiência das urnas eletrônicas.
4.4. Verificação Independente
A comunidade científica e técnica é convidada a participar da verificação e validação das urnas eletrônicas. Isso inclui universidades, institutos de pesquisa e especialistas em segurança cibernética, que realizam testes independentes para assegurar a integridade do sistema.
5. Alguns Cenários Hipotéticos
Embora o sistema seja robusto, é útil considerar cenários hipotéticos para identificar possíveis vulnerabilidades e áreas de melhoria.
5.1. Acesso Físico Malicioso
Um cenário hipotético envolve um grupo mal-intencionado obtendo acesso físico às urnas para inserir malware. Este cenário é improvável devido à segurança física rigorosa, mas é importante estar vigilante.
5.2. Ameaças Internas
Funcionários com acesso privilegiado ao código-fonte das urnas poderiam, teoricamente, inserir vulnerabilidades.
No entanto, as auditorias independentes e a transparência do processo de desenvolvimento mitigam essa ameaça.
5.3. Interferência na Transmissão de Dados
Embora os dados sejam criptografados, um cenário hipotético envolve a interceptação e alteração dos resultados durante a transmissão.
A utilização de protocolos seguros e redundâncias minimiza esse risco.
5.4. Engenharia Social
Um cenário hipotético inclui a manipulação de operadores humanos através de engenharia social para obter acesso não autorizado às urnas ou aos dados de votação.
Este risco é mitigado por treinamento constante e procedimentos rigorosos para os operadores das urnas.
6. Confiabilidade das Urnas Eletrônicas
A confiabilidade das urnas eletrônicas é um componente crítico do sistema eleitoral brasileiro. Diversos mecanismos são implementados para garantir essa confiabilidade.
6.1. Boletins de Urna (BU)
Cada urna eletrônica imprime um Boletim de Urna ao final da votação, permitindo a verificação manual dos resultados.
Isso cria uma camada adicional de segurança e transparência.
6.2. Redundância de Dados
Os dados de votação são armazenados em múltiplos locais, garantindo que nenhuma perda ou manipulação possa afetar a contagem final dos votos.
6.3. Verificações Cruzadas
Resultados de diferentes fontes são comparados para garantir a consistência.
Qualquer discrepância é investigada imediatamente.
6.4. Simulações e Testes
O TSE realiza simulações e testes regulares para verificar a robustez do sistema.
Esses testes incluem ataques simulados para avaliar a capacidade das urnas de resistirem a tentativas de fraude ou manipulação.
7. Possíveis Vulnerabilidades
Embora o sistema seja altamente seguro, é importante reconhecer e abordar possíveis vulnerabilidades.
7.1. Erro Humano
A configuração inadequada ou erros operacionais podem criar brechas de segurança.
Treinamentos contínuos e procedimentos rigorosos ajudam a mitigar esse risco.
7.2. Evolução das Tecnologias de Ataque
Novas tecnologias de ataque podem emergir, requerendo atualizações contínuas nos sistemas de segurança das urnas.
7.3. Ameaças Internas
A possibilidade de um insider com acesso privilegiado comprometer o sistema é uma preocupação constante.
As auditorias e a transparência ajudam a minimizar esse risco.
7.4. Software de Terceiros
O uso de software de terceiros na construção das urnas eletrônicas pode introduzir vulnerabilidades.
É crucial que todo software seja rigorosamente auditado e testado antes de ser integrado ao sistema.
7.5. Exemplo de Adulteração nos Dados das Urnas Eletrônicas
Nota: Este exemplo é puramente hipotético e visa ilustrar como um ataque poderia teoricamente ocorrer.
Não incentiva nem apoia a tentativa de comprometer qualquer sistema eleitoral.
Contexto:
Vamos supor que um atacante tenha conseguido acesso físico a uma urna eletrônica e que a urna utiliza um software básico de contagem de votos, escrito em Python. A urna armazena os votos em um arquivo de texto simples para simplificação deste exemplo.
Estrutura do Arquivo de Votos
O arquivo de votos (votos.txt) armazena os votos de maneira simples, onde cada linha representa um voto para um candidato específico:
Código Original da Urna
Um código simplificado em Python que lê os votos e conta a quantidade de votos para cada candidato poderia ser algo assim:
Adulteração dos Dados
Um atacante pode modificar o código para adulterar os resultados de votação. Vamos supor que o atacante queira adicionar 100 votos a mais para "Candidato_A".
Código Adulterado
O atacante pode modificar a função contar_votos para incluir uma condição que adiciona votos fraudulentos:
Explicação do Ataque
1. Acesso ao Código: O atacante precisa de acesso ao código fonte da urna ou ao executável que está sendo executado na urna. Isso pode ser obtido através de acesso físico ou comprometendo o processo de desenvolvimento.
2. Inserção de Código Malicioso: O atacante modifica a função contar_votos para incluir uma linha que adiciona votos fraudulentos para "Candidato_A".
3. Reinserção do Código: O código modificado é reinserido na urna eletrônica, substituindo o original.
4. Execução: Quando a urna executa a contagem de votos, os resultados são adulterados para incluir os votos fraudulentos.
Mitigação
Para mitigar esse tipo de ataque, várias medidas podem ser implementadas:
· Verificação de Integridade do Software: Utilizar assinaturas digitais para verificar a integridade do software antes da execução.
· Criptografia e Assinaturas Digitais: Proteger os arquivos de votos e o código fonte com criptografia e assinaturas digitais.
· Acesso Restrito: Garantir que apenas pessoal autorizado tenha acesso ao hardware e software das urnas.
· Auditorias Regulares: Realizar auditorias regulares e testes de penetração para identificar e corrigir vulnerabilidades.
Exemplo Adicional de Adulteração nos Dados das Urnas Eletrônicas: Através de Manipulação de Banco de Dados
Nota: Este exemplo é puramente hipotético e visa ilustrar como um ataque poderia teoricamente ocorrer.
Não incentiva nem apoia a tentativa de comprometer qualquer sistema eleitoral.
Contexto
Vamos supor que uma urna eletrônica armazene os votos em um banco de dados SQLite.
Este exemplo demonstrará como um atacante poderia manipular diretamente o banco de dados para alterar os resultados da eleição.
Estrutura do Banco de Dados
O banco de dados SQLite (urnadb.sqlite) contém uma tabela chamada votos com duas colunas: id e candidato.
Os dados na tabela podem parecer com isto:
Código Original da Urna
Um código simplificado em Python que lê os votos do banco de dados e conta a quantidade de votos para cada candidato poderia ser algo assim:
Adulteração dos Dados
Um atacante pode manipular diretamente o banco de dados SQLite para alterar os resultados da votação.
Vamos supor que o atacante queira adicionar 100 votos a mais para "Candidato_A".
Manipulação Direta no Banco de Dados
O atacante pode usar uma ferramenta de gerenciamento de banco de dados SQLite, como o sqlite3, para manipular diretamente o banco de dados. Abaixo estão os comandos que poderiam ser usados:
Explicação do Ataque
1. Acesso ao Banco de Dados: O atacante precisa de acesso físico ou remoto ao banco de dados armazenado na urna eletrônica. Isso pode ser obtido através de acesso físico, acesso remoto ou comprometendo a cadeia de distribuição do software.
2. Manipulação de Dados: Utilizando uma ferramenta de gerenciamento de banco de dados, o atacante insere votos fraudulentos diretamente na tabela votos.
3. Execução: Quando o código Python de contagem de votos é executado, os resultados refletem os votos fraudulentos inseridos pelo atacante.
Mitigação
Para mitigar esse tipo de ataque, várias medidas podem ser implementadas:
· Criptografia do Banco de Dados: Utilizar criptografia para proteger os dados no banco de dados.
· Assinaturas Digitais: Utilizar assinaturas digitais para verificar a integridade dos dados no banco de dados.
· Controle de Acesso: Restringir o acesso ao banco de dados apenas a pessoal autorizado e implementar medidas de autenticação fortes.
· Logs de Auditoria: Manter logs de auditoria detalhados para monitorar todas as operações no banco de dados e detectar atividades suspeitas.
· Verificações de Integridade: Implementar verificações de integridade regulares para garantir que os dados no banco de dados não foram manipulados.
Exemplo de Adulteração dos Dados das Urnas Eletrônicas: Manipulação em um Ambiente de Hardware
Nota: Este exemplo é puramente hipotético e visa ilustrar como um ataque poderia teoricamente ocorrer.
Não incentiva nem apoia a tentativa de comprometer qualquer sistema eleitoral.
Contexto:
Vamos supor que uma urna eletrônica utilize um dispositivo de armazenamento removível, como um pen drive, para armazenar temporariamente os dados de votação.
O dispositivo é inserido na urna durante a votação e removido para a contagem dos votos.
Estrutura do Sistema
A urna eletrônica possui um dispositivo de armazenamento com a seguinte estrutura de arquivos:
· votos.bin - Arquivo binário contendo os dados dos votos.
· logs.txt - Arquivo de log com eventos de votação.
Adulteração dos Dados
1. Acesso ao Dispositivo de Armazenamento
O atacante obtém acesso físico ao pen drive que contém os dados de votação.
Esse acesso pode ocorrer durante a coleta dos dispositivos para processamento posterior ou através de um acesso físico não autorizado.
2. Análise do Arquivo Binário
O arquivo votos.bin pode ser analisado para entender o formato dos dados armazenados.
A estrutura dos dados pode ser simples, como uma série de registros de votos codificados.
Suponha que o arquivo votos.bin armazene votos em um formato binário simples, onde cada registro de voto é armazenado como uma sequência de bytes:
|
· Neste exemplo, 01 representa o "Candidato_A" e 02 representa o "Candidato_B". Cada voto é armazenado como um byte.
Modificação do Arquivo Binário
O atacante usa uma ferramenta de edição hexadecial para modificar o arquivo binário.
Para adicionar 100 votos para "Candidato_A", o atacante insere bytes adicionais representando esses votos.
Após a modificação (adicionando 100 votos para "Candidato_A"):
1. Reinserção do Dispositivo
O atacante reinseriu o pen drive adulterado na urna ou no sistema de processamento de votos para que os dados modificados sejam processados.
2. Resultado da Contagem
Quando o sistema processa o arquivo votos.bin, ele agora conta 100 votos a mais para "Candidato_A" do que deveria, alterando os resultados finais da eleição.
Explicação do Ataque
1. Acesso Físico ao Dispositivo: O atacante precisa de acesso físico ao dispositivo de armazenamento removível para poder modificar os dados.
2. Manipulação dos Dados: Usando ferramentas adequadas, o atacante altera o arquivo binário para adicionar votos fraudulentos.
3. Substituição do Dispositivo: O dispositivo adulterado é então reinserido no sistema para que os votos modificados sejam contabilizados.
Mitigação
Para mitigar ataques desse tipo, várias medidas podem ser implementadas:
· Criptografia dos Dados: Utilizar criptografia para proteger os dados armazenados nos dispositivos removíveis.
· Controle de Acesso Físico: Garantir que o acesso físico aos dispositivos de armazenamento seja restrito e monitorado.
· Verificação de Integridade: Implementar mecanismos de verificação de integridade, como hashes criptográficos, para assegurar que os dados não foram alterados.
· Procedimentos de Segurança: Adotar procedimentos rigorosos de segurança para a coleta, armazenamento e processamento dos dispositivos de votação, incluindo lacres de segurança e monitoramento.
· Auditorias: Realizar auditorias e verificações regulares para garantir que os dispositivos de armazenamento e os dados neles contidos não foram comprometidos.