Ressocialização

Colocação no mercado de trabalho após anos debreclusão

26/04/2018 às 11:39
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Há muita dificuldade para o egresso conseguir emprego devido a suspensão dos direitos civis e políticos até o término da sentença.

Existem programas de cursos profissionalizantes para o detento, tanto no regime fechado, quanto nos regimes semiaberto e aberto. O problema é que o reeducando, ao receber um benefício da justiça que o coloca d volta ao seio social antes do término da pena, ou seja, progressão de regime prisional do gravoso para o menos gravoso, este encontra dificuldades para conseguir emprego por enésimos motivos, dentre os quais podemos citar os seguintes: situação eleitoral, lapso grande desde o último emprego, direitos políticos suspensos etc. Eu mesmo sou um egresso que cumpriu mais de dezessete anos de cadeia e, durante o semiaberto, cursei faculdade de enfermagem, o que me foi muito pesaroso devido as poucas condições que me foram impostas, o que não vem ao caso em apreço. Foram cinco anos de labutas e consegui me graduar. Logo após veio o benefício, regime aberto. Tinha muitas propostas de emprego e ajuda de pessoas proeminentes que por lá passaram, inclusive médicos. Pensei comigo mesmo... graças a Deus não terei problemas em conseguir um emprego pois as pessoas que estão dispostas a me ajudar sabem da minha condição de preso e, futuramente, ex detento. Onde jamais imaginei que teria problemas o encontrei; ao dar entrada no meu pedido de inscrição junto ao COREN tive restrições devido não poder apresentar a documentação requerida para o pleito, que incluía declaração do cartório eleitoral alegando situação legalizada. Eu não voto há dezoito o anos e ainda não poderei votar até o término da pena. Ainda falta muito pra minha pena terminar! Diante dessa situação atípica o COREN me pediu diversos documentos e declarações relativas ao processo, inclusive cópia da sentença integral. Imaginem, não há sentença bonita, que deporá em favor do réu; logo, me pareceu que buscam motivo pra negar o meu pedido. O fato de a pessoa ter cumprido o que a lei exige para a concessão do benefício é ter ela estudado para mudar sua condição de vida quando for posta em liberdade parece não ser vista! Como o egresso vai cuidar de si mesmo e de sua família sem emprego? Se ele está na sociedade deve ter condições de se promover como pessoa humana e poder contribuir para uma sociedade mais justa. S essa condição for negada, não resta muito a fazer... A lei deveria ser mudada em relação a situação de direitos políticos e também abrir possibilidade para que o egresso possa participar em igualdade de condições em concursos públicos. Não me refiro a cargos como: juiz, promotor, delegado ou equivalente, mas sim, enfermeiro, por exemplo; professor. O que ocorre na atualidade é direitos civis e políticos plenos como exigência para qualquer concurso sem abrir exceção para o egresso, que não tem a menor condição de cumprir esse requisito e precisa trabalhar. E olha que eu nem consegui ainda a inscrição no COREN!

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