Contrarrazões a recurso ordinário adesivo

15/12/2017 às 15:29

Resumo:

 Processo n. ____________________


JONAS ..., representado por seu advogado, apresenta contrarrazões ao recurso ordinário adesivo interposto pela empresa reclamada.


O recorrente busca a preservação dos direitos já reconhecidos pela Primeira Instância, como o vínculo empregatício e a natureza salarial de valores pagos.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

Trata-se de modelo de Contrarrazões do reclamante, em face de Recurso Ordinário Adesivo interposto pela reclamada.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DO TRABALHO DA PRIMEIRA VARA DE FLORIANÓPOLIS/SC

 Processo n. ____________________

JONAS ..., já qualificado nos autos do processo em referência, patrocinado pelo seu advogado regularmente constituído com procuração anexa e ao final signatário, estabelecido no endereço ..., vem apresentar, com base no art. 5º, LV, da CF/88, e art. 900 da CLT, as presentes

CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO ADESIVO

interposto em 26/4/2017 por LOJAS __ LTDA, doravante reclamada, CNPJ nº _________, estabelecida na Alameda das Flores, nº 30, Lagoa da Conceição, Florianópolis/SC, CEP 88.010-000, requerendo, para tanto, a posterior remessa ao Egrégio Tribunal do Trabalho da 12ª  Região. 

Nesses termos, pede deferimento.

Florianópolis, 10 de maio de 2017.

Advogado

OAB/... n° ...

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO

Origem: processo n. 0010101-20.2017.512.0001

JONAS ..., doravante recorrente, já qualificado nos autos do processo em referência, patrocinado pelo seu advogado regularmente constituído com procuração anexa e ao final signatário, estabelecido no endereço ..., vem apresentar, com base no art. 5º, LV, da CF/88, e art. 900 da CLT, as presentes

CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO ADESIVO

pelos motivos de fato e de direito a seguir apresentados.

CONTRARRAZÕES

Colenda Corte

Eméritos julgadores

Da tempestividade

O recorrente teve ciência do recurso ordinário adesivo interposto em seu desfavor no dia 02/5/2017, por meio de publicação, e apresenta essas contrarrazões em 10/5/2017, no prazo previsto no art. 900 da CLT, segundo o qual é o mesmo prazo previsto para apresentação do recurso que visa a combater, ou seja, 8 (oito) dias, conforme o art. 997 do CPC.

Dos fatos

Ao julgar o litígio, o Juízo singular reconheceu o vínculo empregatício entre o recorrente e a reclamada, o direito à multa do art. 477, §8º, da CLT e à natureza salarial dos valores pagos a título de aluguel de motocicleta. Insatisfeito, o recorrente interpôs Recurso Ordinário pleiteando a revisão da decisão no tocante ao pagamento de horas extras e adicional de periculosidade, ao que a reclamada combateu com um Recurso Ordinário Adesivo reivindicando revisão da parte da decisão original que lhe foi desfavorável, ou seja, o reconhecimento do vínculo empregatício, a multa do art. 477, §8º, da CLT e a natureza salarial dos valores pagos a título de aluguel de motocicleta. Portanto, aqui, são exatamente esses direitos já reconhecidos pela Primeira Instância que o recorrente quer preservar, de acordo com os fundamentos que passa expor.

Dos direitos 

Do cerceamento de defesa

No tocante à alegação de cerceamento de defesa da reclamada, haja vista o indeferimento de prova testemunhal pelo Juízo, a sentença não merece reparo, porque o art. 765 da CLT e os arts. 139 e 370 do CPC garantem ao magistrado a ampla condução do processo, com a prerrogativa de indeferir as postulações meramente protelatórias, como no caso do referido testemunho. Isso porque a reclamada pretendia ouvir segunda testemunha apenas para confirmar o que já havia sido declarado pela primeira.

Do reconhecimento do vínculo empregatício

Para o reconhecimento do vínculo empregatício devem estar presentes todos os requisitos legalmente previstos: o trabalho prestado por pessoa física, com pessoalidade, subordinação, onerosa e regularmente, nos termos do art. 7º, XVII e XXI, da CF/88; arts. 2, 3, 477 e 487 da CLT; e art. 18 da Lei nº 8.036/90. Então vejamos.

Analisando a prova oral, o preposto da reclamada confessou que o recorrente laborava todos os dias e que seu trabalho consistia na montagem de móveis de clientes da empresa. Afirma, também, que a remuneração de R$ 20,00 (vinte reais) por cliente visitado foi estipulada pela reclamada, em franca contradição ao disposto na peça contestatória. As testemunhas, tanto do recorrente quanto da reclamada, foram uníssonas no sentido de que o recorrente tinha que visitar todos os clientes da empresa, não podendo designar outra pessoa para o exercício destas tarefas, o que caracteriza a presença da pessoalidade.

A subordinação também está presente no caso concreto. Apesar de as testemunhas afirmarem que o recorrente poderia modificar a rota de clientes a serem visitados, certo é que era a reclamada quem agendava as visitas na ocasião da comercialização dos seus móveis, controlando, portanto, a agenda do recorrente.

Ademais, mesmo não tendo que comparecer no início e no fim da jornada de trabalho no estabelecimento comercial da reclamada, ficou provado que a lista de clientes a serem visitados era enviada por e-mail pela empresa, sendo ela modificada constantemente pelo gerente Manoel durante o trabalho.

Neste caso, o recorrente tinha que visitar os novos clientes inseridos na lista. Havia, portanto, ingerência direta na prestação de serviços, o que caracteriza subordinação. Na contestação, a reclamada alegou que o recorrente podia se recusar a visitar algum cliente, o que denota sua autonomia na prestação de serviços.

Entretanto, analisando a prova oral, tem-se que a testemunha Carlos Sampaio, ouvida a pedido do recorrente, negou este fato. Frisa-se que ele exercia exatamente as mesmas funções do recorrente. A testemunha da reclamada, Juari Silva, afirmou acreditar que o recorrente poderia negar visita, mas que ninguém nunca apresentou tal recusa durante o período em que laborou para a reclamada.

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Dessa forma, o contexto probatório demonstra que a possibilidade de recusa era hipotética, constituindo mera suposição da testemunha ouvida a rogo da empresa. Assim, também presente o elemento subordinação. A onerosidade é indubitável, na medida em que os pagamentos eram feitos pela reclamada.

Fato incontroverso é que o trabalho era prestado por pessoa física, de maneira não eventual, estando, portanto, presentes todos os requisitos necessários para a caracterização do vínculo de emprego, que há de ser ratificado.

Da multa do art. 477, §8º, da CLT

Considerando que houve o reconhecimento do vínculo empregatício, é certo o deferimento da multa prevista no art. 477, §8º, da CLT, consoante a Súmula n. 462, do TST:

MULTA DO ART. 477, §8º, DA CLT. INCIDÊNCIA. RECONHECIMENTO JUDICIAL DA RELAÇÃO DE EMPREGO (Republicada em razão de erro material) - DEJT divulgado em 30.06.2016 A circunstância de a relação de emprego ter sido reconhecida apenas em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa prevista no art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida apenas quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora no pagamento das verbas rescisórias.      

Da natureza jurídica dos valores pagos a título de aluguel da motocicleta

É incontroverso o fato de existência do pagamento de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) mensais pelo aluguel da motocicleta, que era utilizada para o recorrente se  deslocar na visita aos clientes. Conforme alegação da reclamada, esta quantia também cobria os gastos com combustível, manutenção e seguro da motocicleta.

Entretanto, verifica-se que o valor pago a este título supera a média mensal auferida pelo  recorrente, que era de R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais). Neste contexto, deve-se aplicar o disposto no art. 457, §2º, da CLT, que estabelece como de natureza salarial a parcela que ultrapassar 50% da remuneração obreira, o que aconteceu no presente caso.

Diante do exposto, o recorrente tem direito à integração dos R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) ao seu salário, ou seja, aos reflexos deste valor em aviso prévio, férias proporcionais acrescidas do 1/3 constitucional, 13º salário proporcional e multa de 40% sobre o FGTS.

Dos pedidos

Diante do exposto, requer que:

a. Estas contrarrazões sejam admitidas;

b. Sejam mantidas as decisões do Juízo singular quanto ao reconhecimento do vínculo empregatício entre o recorrente e a reclamada; o respectivo direito à multa do art. 477, §8º, da CLT; e a natureza salarial dos valores pagos a título de aluguel da motocicleta com seus respectivos reflexos em aviso prévio, férias proporcionais acrescidas do 1/3 constitucional, 13º salário proporcional e multa de 40% sobre o FGTS.

Termos em que pede provimento.

Florianópolis, 10 de maio de 2017.

Advogado

OAB/... n° ...

Sobre o autor
Luciano Rosa Vicente

Professor de Direito na Faculdade Anhanguera de Brasília - FAB; mestrando em Direito; especialista em Direito Público, Direito Penal, Direito Constitucional, Direito Administrativo e Direito Disciplinar; bacharel em Direito; e bacharel em Ciências Contábeis.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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