Alegações Finais Por Memoriais Tribunal Do Júri

Tribunal do Júri

09/02/2021 às 17:46

Resumo:


  • O réu é acusado de tentativa de homicídio e furto qualificado, mas a acusação é contestada pela defesa por ser contrária às evidências dos autos.

  • A defesa argumenta que o réu agiu em legítima defesa e que as lesões na vítima foram leves, sugerindo uma desclassificação para lesão corporal culposa.

  • É solicitada a impronúncia do réu com base na falta de intenção de matar e na existência de provas que indicam legítima defesa, além de ser mencionado o bom histórico do réu.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

Modelo prático de alegações finais no rito do tribunal do júri

EXMO(a). SR(a). DR(a). JUIZ(a) DE DIREITO DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE XXXX XXXXXXXXX - MG

 

AUTOS N°.

Fulano de Tal já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, por intermédio de seus procuradores infra-assinados, nos autos do processo em que o Ministério Público lhe move, vem, respeitosamente, à elevada presença de Vossa Excelência, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS, nos termos dos artigos 403, §3º e art. 404, parágrafo único, ambos do Código de Processo Penal nos seguintes termos:

I - DOS FATOS

O réu é acusado pela prática do crime capitulado no art. 121, §2°, II, c/c art. 14, II, e art. 155, todos do Código Penal. Todavia, tal acusação não pode prosperar, uma vez que a denúncia encontra-se totalmente desconexa e contrária às provas produzidas nos autos.

A denúncia da conta que o réu, no dia xx de setembro de XXXX, por volta das 19:00 hrs, na Ruaxxxxxxxxxx, n° xxx, bairro xxxxxxxxx, nesta Comarca, atentou contra a vida de xxxxxxxxxxx.

Narra ainda que, o crime somente não se consumou por questões alheias à vontade do réu, bem como que o crime teria sido cometido por motivo fútil.

Foram ouvidas testemunhas arroladas pelas partes e interrogado o réu (fls. xxx/xxx).

Em sede de alegações finais, o Ilustre Representante do MP posiciona-se pela condenação do réu nos termos da denúncia (fls. xxx/xxx).

Vista para alegações finais da Defesa, que ora se manifesta.

II – DO MÉRITO

Noticía a denúncia que, o réu, no dia xx de setembro de XXXX, por volta das 19:00 hrs, na Rua xxxxxxxxxx, n°xxxx, bairro xxxxxxx, nesta Comarca, atentou contra a vida de xxxxxxxxxxxxx. Narra ainda que, o crime somente não se consumou por questões alheias à vontade do réu, bem como que o crime teria sido cometido por motivo fútil.

Em detida análise de todo o arcabouço processual nota-se que os fatos se deram de maneira diversa do narrado na peça acusatória, não havendo que se falar em tentativa de homicídio, como quer fazer crer a acusação, e, sim, que o fato foi cometido por legitima defesa, ou, quando no muito, houve uma lesão corporal, pois foi a vítima quem primeiro agrediu o réu.

Ressalta-se que, a lesão sofrida pela vítima foi de natureza leve, não causando perigo de vida, conforme se verifica do laudo ECD indireto (fls. xx), inclusive, a vítima foi liberada do hospital no mesmo dia, passando por uma simples sutura no local do ferimento.

Em relação ao fato propriamente dito, toda a confusão foi iniciada por um indivíduo de nome Tal xxxxxxxxx, que era vizinho do réu à época dos fatos.

O tal xxxxxx, conforme dito,era vizinho do réu e sempre provoca o mesmo, principalmente em dias de jogos do time tal xxxx. Essas provocações se davam de todas as formas, com gritos, xingamentos e até mesmo com o arremesso de bombas na casa do réu, o que literalmente aconteceu no dia dos fatos, conforme asseverou a testemunha Sra. xxxxxx (fls. xxx).

Na data dos fatos, o réu estava fazendo um churrasco em sua casa, na companhia de sua família, justamente para assistir a partida de futebol pela televisão Após o jogo, o tal xxxxxxxx, em provocação ao réu, arremessou uma bomba caseira no quintal de sua casa, que, inclusive, chegou a perfurar o telhado e veio a cair bem próxima a seu filho.

Assim, diante de tal atitude, o réu subiu no muro de sua residência para advertir xxxx, ocasião em que passou a ser ofendido por ele e por xxxxxxxx (vítima), ocasião em que se iniciou a discussão que culminou no presente feito.

Nota-se que todo o contexto narrado se encontra em consonância com o depoimento da testemunha, Sra. xxxxxxxxxxxxxx (fls. xxx).

Quanto a briga propriamente dita, ao contrário do que informa a denúncia, tanto a vítima, quanto o próprio réu ficaram feridos, conforme comprova os laudos de fls. xxx e xxx. Ou seja, ambos foram feridos quase que na mesma proporção, contudo, somente o réu responde a presente ação.

O que se extrai, é que em momento algum teve o réu a intenção de matar xxxxxxxx – animus necandi – este somente se defendeu das agressões que lhe foram dirigidas. Ora, o réu não pode ser culpado de uma conduta que ele nem ao menos esperava, pois apenas utilizou dos meios disponíveis para se defender. O único responsável pelo resultado foi a própria vítima, que em companhia de Tal xxxxx, agrediu e provocou o acusado.

Em relação ao tal xxxxxx, conforme documentos ora colacionados, o mesmo é indivíduo dado a práticas criminosas, motivo pelo qual foi protegido pelas testemunhas que foram ouvidas até o momento, inclusive, este teria fugido antes da chegada dos policiais militares ao local. Veja-se que o mesmo sequer foi citado no respectivo BOPM. Outrossim, o tal xxxxxxx é condenado por homicídio e responde a vários outros inquéritos em andamento, inclusive relacionados a briga de torcidas.

Salienta-se que, o réu é primário, possui emprego e ocupação lícita (fls. xx/xx), residência fixa (fls. xx), tem filhos que moram consigo (fls. xx/xx) e não é pessoa dada a práticas criminosas.

Isto posto, restando comprovada a inexistência do dolo direto ou mesmo reconhecida a excludente da legitima defesa, não há possibilidade de pronunciar o réu, o que, desde já, se requer. 

III – DA CONCLUSÃO

1) Postas tais considerações, confiante no discernimento afinado, justo e perfeito de Vossas Excelências, a Defesa pede, a impronuncia do réu quanto aos delitos mencionados na peça acusatória;

2) Sucessivamente, caso não seja o entendimento de Vossa Excelência, dada a ausência de dolo por parte do réu, pede-se a desclassificação para o crime de lesão corporal culposa (art. 129, do CP).

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Termos em que,

pede deferimento.

Local data

______________xx de___________xxxx

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Sobre o autor
Orlando Junio da Silva

Advogado em Minas Gerais, atuante nas áreas Criminal, Cível e Trabalhista.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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