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A inclusão utópica nas universidades.

A dificuldade social em aceitar pessoas com transtornos mentais e comportamentais

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Agenda 20/08/2024 às 15:38

4. METODOLOGIAS DE ENSINO

Atualmente, as inovações nas metodologias de ensino para alunos de diversos níveis educacionais podem se adequar a diferentes abordagens. Basta que os docentes e as instituições ofereçam essa possibilidade aos discentes. Sabe-se que existem várias formas de aprendizagem, seja ela verbal, visual, tátil, olfativa, paliativa ou auditiva. Isso depende da facilidade de cada indivíduo para aprender; alguns conseguem estudar associando cores ao conteúdo, enquanto outros preferem focar apenas na explicação do professor. Assim, a metodologia de ensino tradicional pode não atender a todos, sendo crucial que as instituições ampliem os tipos de abordagens para os alunos.

Uma metodologia educacional é fundamental para apoiar a formação, especialmente quando o aluno necessita de uma base teórica em determinados assuntos. As diferentes metodologias de ensino atuais têm base no conceito de inovação, que vai além do uso de novas tecnologias, buscando tornar o aprendizado mais simples e natural, priorizando as necessidades e desejos do aluno.

Pelo site, FIA Business School, em 18 de novembro 2022, cujo autor é desconhecido, indica algumas metodologias que podem ser utilizadas nas aulas, elas incluem:

Além disso, a metodologia STEM, baseada em ciências naturais, tecnologia, engenharia e matemática, visa desenvolver habilidades essenciais para carreiras tecnológicas e inovação. A metodologia de Design Thinking, centrada na criatividade, integração e empatia, também é uma abordagem valiosa que utiliza métodos visuais para estimular a inovação e solução de problemas. Estas metodologias diversificadas oferecem uma gama de opções para atender às diferentes necessidades e estilos de aprendizagem dos alunos.


5. O ENSINO BRASILEIRO EM EQUIPARAÇÃO AS PENITENCIÁRIAS

A comparação entre o sistema educacional brasileiro e as penitenciárias pode ser vista como uma crítica à qualidade do ensino no Brasil. Alguns argumentam que as escolas públicas enfrentam sérios problemas estruturais, como falta de infraestrutura adequada, recursos insuficientes, salas de aula superlotadas e falta de formação adequada para os professores. Esses problemas impactam negativamente a qualidade da educação oferecida aos alunos.

Por outro lado, as penitenciárias no Brasil também são frequentemente criticadas por condições precárias, superlotação, violência e falta de programas eficazes de reabilitação, o que sugere uma falha estrutural no sistema prisional do país.

Ao fazer essa comparação, algumas pessoas argumentam que ambos os sistemas refletem a desigualdade e a falta de investimento em setores essenciais para o desenvolvimento do país. Melhorar tanto o sistema educacional quanto o sistema prisional requer investimentos significativos, políticas públicas eficazes e um compromisso contínuo com a melhoria das condições de vida e oportunidades para todos os cidadãos.

A principal diferença entre o ensino público e privado está na forma como são financiados e administrados. As escolas públicas são financiadas pelo governo, geralmente através de impostos pagos pela população. Os recursos vêm do orçamento público e são distribuídos para escolas em áreas específicas. As escolas privadas são financiadas por mensalidades pagas pelos pais ou responsáveis dos alunos. Elas também podem receber doações e investimentos privados, mas não dependem diretamente do financiamento público.

As escolas públicas são administradas pelo governo, seguindo políticas educacionais públicas e geralmente operam sob regulamentações governamentais. Professores e funcionários são funcionários públicos. As escolas privadas são administradas por entidades privadas, como organizações sem fins lucrativos, empresas ou indivíduos. Elas têm mais flexibilidade na definição de currículos, políticas escolares e métodos de ensino. Professores e funcionários são contratados pela instituição privada.

Geralmente, o ensino público é gratuito ou tem custos muito baixos para os alunos, visando proporcionar educação acessível a todas as camadas da sociedade. O ensino privado envolve custos mais elevados, pois os pais ou responsáveis precisam pagar mensalidades para que os alunos frequentem essas escolas. Isso pode limitar o acesso a pessoas de baixa renda.

Devido às limitações orçamentárias, escolas públicas podem enfrentar desafios em termos de infraestrutura, recursos didáticos e programas extracurriculares. Escolas privadas muitas vezes têm melhores recursos, infraestrutura moderna, turmas menores e uma variedade de atividades extracurriculares devido aos fundos provenientes das mensalidades.

Essas diferenças podem levar a variações na qualidade da educação oferecida, embora haja exceções em ambos os setores. Cabe aos pais e responsáveis escolher a melhor opção para seus filhos com base em suas necessidades, recursos financeiros e preferências educacionais.

Para melhorar tanto o sistema educacional quanto o sistema prisional, é essencial adotar uma abordagem abrangente que envolva políticas públicas, investimentos adequados e colaboração entre diferentes setores da sociedade.

Aumentar o financiamento para escolas públicas, garantindo recursos adequados para infraestrutura, material didático, treinamento de professores e programas educacionais inovadores. Investir na formação contínua e valorização dos professores, reconhecendo sua importância fundamental para o desenvolvimento educacional dos alunos.

Implementar políticas que reduzam a desigualdade social, proporcionando oportunidades equitativas para todos os estudantes, independentemente de sua origem socioeconômica. Investir em programas de reabilitação e educação dentro do sistema prisional, visando a ressocialização dos detentos e redução da reincidência criminal.

Focar em programas de prevenção ao crime, especialmente em comunidades vulneráveis, oferecendo oportunidades de educação, emprego e apoio social para jovens em situação de risco. Incentivar a participação ativa da comunidade na melhoria das escolas e prisões, promovendo parcerias entre escolas, organizações locais e empresas para oferecer apoio e recursos adicionais.

Estabelecer sistemas de monitoramento e avaliação para garantir transparência e prestação de contas no uso dos recursos destinados à educação e ao sistema prisional. Educar a sociedade sobre a importância da empatia, do respeito aos direitos humanos e da compreensão das complexidades que envolvem a criminalidade e a educação.

Essas soluções requerem um compromisso de longo prazo por parte do governo, da sociedade civil e do setor privado para criar mudanças significativas e duradouras. É fundamental abordar tanto as causas subjacentes quanto os sintomas visíveis dos problemas, promovendo um ambiente mais justo, educacionalmente enriquecedor e reabilitador para todos os cidadãos.


6. A DESCONSTRUÇÃO DA FAMÍLIA TRADICIONAL BRASILEIRA E AS CONSEQUÊNCIAS PARA O DESENVOLVIMENTO JUVENIL

A base familiar, geralmente composta por pais e filhos, é considerada a unidade fundamental da sociedade em muitas culturas e sistemas legais. Conforme se baseia no nosso Código Civil, Lei nº 10.406/2002, a partir do Livro IV.

No entanto, a estrutura familiar tradicional tem sido objeto de transformações e questionamentos ao longo do tempo. Algumas razões pelas quais a base familiar tem sido objeto de desconstrução social incluem com a evolução dos papéis de gênero, as expectativas em relação às funções tradicionais dos membros da família mudaram. A sociedade reconhece cada vez mais diferentes formas de família, incluindo famílias monoparentais, famílias reconstituídas, casais homoafetivos com filhos, entre outras. Isso amplia a definição de família além dos limites tradicionais.

As mudanças nas leis relacionadas ao casamento, divórcio, adoção e reprodução assistida têm impacto direto na estrutura e dinâmica familiar, refletindo uma evolução nas normas sociais e legais.

A tecnologia, incluindo a internet e as redes sociais, influenciou as interações familiares, proporcionando novas formas de comunicação e conexão, mas também desafios como a dependência excessiva da tecnologia.

A mobilidade econômica pode levar a movimentos geográficos frequentes, separando famílias e desafiando as conexões familiares tradicionais.

Questões como abuso doméstico também entram fortemente nessa pauta, a saúde mental e dependência química podem afetar negativamente as dinâmicas familiares, levando a rupturas e desafios significativos.

Essa desconstrução da estrutura familiar tradicional não é necessariamente positiva ou negativa, mas sim um reflexo das mudanças sociais, culturais e legais em curso. É importante que a sociedade e as leis se adaptem para apoiar e proteger todos os tipos de famílias, independentemente de sua estrutura, e garantir que os direitos e o bem-estar de todos os seus membros sejam respeitados.

No entanto, muitos casais pensam em ter filhos para serem futuramente suas “cadernetas de poupança” e/ou seus “cuidadores”, além de assumirem outras funções que os pais querem que desempenhem. A ideia de que os filhos são como “cadernetas de poupança” ou “cuidadores de idosos” está enraizada em expectativas culturais e sociais. Existem várias razões por trás dessas percepções, uma delas é que algumas culturas, é uma expectativa social que os filhos cuidem dos pais quando estes envelhecem. Isso é muitas vezes visto como uma obrigação filial e é considerado parte do ciclo natural da vida. Em algumas sociedades, não há sistemas de segurança social robustos ou pensões adequadas para os idosos. Portanto, os pais podem depender dos filhos como um meio de segurança financeira na velhice.

Em algumas famílias, os pais investem muito na educação dos filhos, esperando que, no futuro, os filhos possam ter carreiras bem-sucedidas e possam apoiar financeiramente os pais em retorno.

Algumas pessoas podem não estar cientes das limitações financeiras ou emocionais de seus filhos. Podem esperar apoio sem entender completamente as dificuldades que os filhos podem enfrentar em suas próprias vidas. No entanto, é importante notar que essas expectativas podem criar pressões e conflitos nas relações familiares. Os filhos são indivíduos com suas próprias vidas, aspirações e desafios financeiros. Cobrar demais deles pode levar a estresse, ressentimento e problemas emocionais nas relações familiares. É fundamental promover a comunicação aberta dentro da família para estabelecer limites e expectativas realistas. Além disso, as sociedades podem trabalhar para fornecer melhores sistemas de segurança social para os idosos, aliviando assim a pressão sobre os filhos e promovendo um ambiente mais equitativo e saudável para todas as gerações.

No Código Civil, mais especificamente no artigo 1.638, estão delineadas as circunstâncias nas quais um pai ou mãe pode perder o poder familiar por decisão judicial. Estas situações incluem o castigo imoderado, o abandono do filho, atos contrários à moral e aos bons costumes, reincidência nas faltas previstas anteriormente e entrega irregular do filho a terceiros para adoção. O artigo também estipula a perda do poder familiar para quem cometer crimes graves, como homicídio, feminicídio, lesão corporal grave, estupro ou outros crimes contra a dignidade sexual, especialmente em casos de violência doméstica e discriminação à condição de mulher.

Contudo, surge a questão crucial: o que constitui um castigo moderado? A discussão remete às ideias de Michel Foucault em “Vigiar e Punir” e de Cesare Beccaria em “Dos Delitos e Das Penas”, nas quais o castigo excessivo é questionado. O castigo, seja moderado ou imoderado, limita o indivíduo e pode provocar revolta social e familiar. Em vez de simplesmente punir, deveríamos considerar uma abordagem de “reeducação estrutural familiar”, promovendo uma educação mais eficaz.

É crucial distinguir entre castigo e disciplina, pois são conceitos opostos. Muitos pais confundem os dois, mas a disciplina visa ao desenvolvimento e não à punição. O inciso III do artigo menciona atos contrários à moral e aos bons costumes, incluindo a pressão indevida sobre os filhos para contribuírem financeiramente ou cuidarem dos pais. Os pais não devem impor limites excessivos nem se submeterem às vontades dos filhos. A abordagem adequada é ser assertivo, reconhecendo que as crianças estão em fase de aprendizado e imitam os comportamentos dos pais.

O parágrafo 8º do artigo 226 da Constituição Federal Brasileiro de 1988 estabelece que “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.”

Isso significa que o Estado tem a responsabilidade de proteger e apoiar a família, tomando medidas para prevenir e combater a violência que ocorre dentro das relações familiares. O texto constitucional reforça a importância de criar políticas e estratégias para proteger os membros da família de qualquer forma de violência, garantindo assim um ambiente seguro e saudável para todos.

Sobre a autora
Ivette Mazzoni Cidade

Graduando em Direito pela UNICURITIBA.

Informações sobre o texto

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