O BRICs (sigla criada pelo economista Jim O´Neil, em estudo de 2001, intitulado “Building Better Global Economic BRICs) é um grupo formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (este último incluído no grupo em 2011), países em desenvolvimento cuja economia tem se destacado expressivamente.
Para se ter uma ideia da força econômica do grupo, em 2010, o PIB (Produto Interno Bruto) dos cinco países juntos representou 18% da economia mundial. Já a colocação de cada um deles dentre as nações mais ricas destacou-se muito em 2011.
Assim, atualmente, a China é a 2ª maior economia mundial; o Brasil é a 6ª, Rússia é a 9ª; Índia é a 11ª e África do Sul é a 29ª. Nesse cenário, o Brasil é a segunda economia de maior destaque no BRICs, ficando atrás apenas da China.
Entretanto, fazendo-se uma análise da taxa de homicídios por 100 mil habitantes desses cinco países, o Brasil é também o segundo que mais se destaca, porém negativamente. Com uma taxa de 27,3 mortes violentas por 100 mil habitantes em 2011, e ocupando a 20ª posição dentre os países mais violentos do mundo, o Brasil ficou atrás apenas da África do Sul no BRICs (que fechou o ano com uma taxa de 33,8 mortes/100 mil habitantes, ocupando o 14º lugar) em relação ao morticídio.
E o mais grave: a diferença de posição no ranking da violência do Brasil ante os três demais países do BRICs é muito discrepante, apesar de suas semelhanças econômicas e políticas. Isso porque, a Rússia (9ª economia), fechou 2011 com uma taxa de 11,2 mortes/100 mil habitantes, ficando na 67º posição dentre os países mais homicidas do mundo.
A Índia (11ª economia), por sua vez, apresentou uma taxa de 3,4 mortes por 100 mil habitantes, ficando em 122º lugar dentre os países mais violentos. Por fim, a China (2ª economia), com um taxa de 1,1 mortes/100 mil habitantes, figurou na 174ª posição no ranking de violência.
Partindo-se desses índices é fácil constatar que, apesar de ocuparem posições um pouco inferiores na economia em relação ao Brasil, Rússia, China e Índia estão em posições muito melhores no ranking de mortandade. Três possibilidades: (a) aspecto cultural, (b) tabu do sangue e (c) real desenvolvimento como um todo (social, político, criminal e econômico) . Os três fatores, juntos ou isoladamente podem explicar a diferença. Um quarto fator fica por conta da nossa tradição escravagista, que desconsidera grande parcela da população (por razões de etnia, de raça etc.).
É louvável que se comemore o crescimento econômico e o atual momento de prosperidade política do país; contudo, de pouco vale um desenvolvimento econômico desamparado de uma evolução social e de uma significativa redução criminal. De que vale, em termos de convivência pacífica, ser a 6ª economia do mundo e apresentar a segunda maior taxa de homicídios do BRICs?