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A mídia e sua contribuição social: o caso Félix da novela Amor à Vida

Na maioria das vezes, os operadores do Direito tecem inúmeras críticas à mídia e sua forma de tratar assuntos polêmicos. Contudo, é necessário creditar quando ela chama a atenção da sociedade, para assuntos do cotidiano, em especial, da homossexualidade.

Abra sua mente, gay também é gente...”. A homossexualidade é algo presente na sociedade brasileira há muito tempo. Ocorre que, infelizmente, o que deveria ser tido como algo natural, acaba sendo ainda considerado um tabu por muitos.

O trecho acima é extraído da música Robocop Gay dos Mamonas Assassinas, sendo a 76ª música mais tocada no país no ano de 1995. Apesar do teor brincalhão com que os cantores lidavam com o hit, há que se pensar que há uma crítica social forte na letra acima mencionada.

E qual seria o motivo de se estar relembrando desse trecho justamente agora? No último dia 02 de agosto de 2013, a novela “Amor à Vida” do autor Walcyr Carrasco trouxe uma cena que pode ser considerada como chocante: um pai que descobre que o filho é homossexual e entra em uma contradição entre ser homofóbico e dizer que não tem qualquer preconceito, ou melhor: “não tenho preconceito, desde que seja na casa do vizinho”.

Pois bem, é trazendo à tona a referida discussão que a novela demonstra importante papel social crítico. A sociedade brasileira ainda é uma sociedade machista e preconceituosa. Há muita resistência quanto à abordagem desses temas, principalmente por se entender que só estimulará que outras pessoas também “se tornem homossexuais”, como se isso fosse possível.

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Veja, essa abordagem na novela merece nossos aplausos. Ao tratar do tema como o fez, a novela cumpre com seu papel de gerar uma reflexão social sobre o tema e fazer com que as pessoas passem a lidar com essa situação de maneira mais natural.

No referido capítulo, o personagem Félix Khoury (Matheus Sollano) deixa claro ao seu pai César Khoury (Antônio Fagundes) de que não se trata de um “desvio de conduta”, o fato de ser homossexual.

Inclusive deixa claro que já possuía, desde a infância, sentimentos por pessoas do mesmo sexo e medos de se relacionar com pessoas do sexo oposto. É diante desse contexto que deve cair por terra o mito de que homossexualidade é doença e precisa de tratamento. Projetos de leis, volta e meia, retornam ao Congresso Nacional para discutir a questão, sendo que a abordagem é completamente equivocada e preconceituosa.

Em suma, o que se deve ter em mente é: A sexualidade está intrínseca ao homem, o indivíduo não se torna homossexual, ele percebe seu desejo por pessoas do mesmo sexo, sem que haja qualquer fator externo que mudará sua vontade. A homossexualidade faz parte da personalidade!!

Sobre os autores
Marcelo Sant'Anna Vieira Gomes

Meste em Direito Processual Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Especialista em Direito Processual Civil pela Faculdade de Direito de Vitória (FDV); Vice-Secretário Geral da Academia Brasileira de Direitos Humanos - ABDH. Assessor Jurídico no Ministério Público Federal do Espírito Santo.

Jackelline Fraga Pessanha

Mestre em Direitos e Garantias Fundamentais pela Faculdade de Direito de Vitória - FDV. Graduada em Direito pela Faculdade de Direito de Vila Velha. Professora da Faculdade São Geraldo. Assessora do Ministério Público do Estado do Espírito Santo.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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