Símbolo do Jus.com.br Jus.com.br

Culturas de massa e o bem-estar social do rurícola.

A comunicação como elemento de (in)exclusão social

Agenda 02/04/2014 às 14:44

O presente trabalho trata da interferência das culturas de massa no bem-estar social do homem do campo, considerando que a padronização imposta pelo consumismo capitalista, por vezes exclui o rurícola, ao invés de inseri-lo no contexto social.

CULTURAS DE MASSA E O BEM-ESTAR SOCIAL DO RURÍCOLA: A COMUNICAÇÃO COMO ELEMENTO DE (IN)EXCLUSÃO SOCIAL[1]

A Constituição Federal prevê o bem estar social de toda a sociedade como um dos seus objetivos fundamentais. E, por certo, a ideia de vida melhor em uma sociedade livre, justa e solidária, estende-se ao rurícola como um dos requisitos da função social da propriedade rural, também previstos na Carta Magna brasileira.

Propriedade rural, essa, que cumpre a sua função como fonte de trabalho, divisas, promoção social, distribuição de renda e, principalmente como garantidora da dignidade do rurícola - o homem da terra - e de sua família, a quem é preciso garantir trabalho adequado e sustento compatível com as necessidades básicas[2].

É bem verdade que, o homem do campo jamais conseguiria a satisfação da função social da sua terra se não se não se relacionasse com o “mundo ao seu redor”. E assim, ao se visualizar o rurícola como um ser social contemporâneo, que busca seu bem-estar a partir da função social da terra na qual ele trabalha, é inevitável ver a importância da comunicação nas suas relações em sociedade[3].

No entanto, em que pese à comunicação como elemento essencial da sociedade contemporânea, a frenética evolução dos meios tecnológicos e comunicacionais e a massificação consumerista midiática, fazem surgir verdadeiros “bolsões” de excluídos do acesso à comunicação, à informação e, até mesmo, dos seus direitos como cidadãos[4].

Fique sempre informado com o Jus! Receba gratuitamente as atualizações jurídicas em sua caixa de entrada. Inscreva-se agora e não perca as novidades diárias essenciais!
Os boletins são gratuitos. Não enviamos spam. Privacidade Publique seus artigos

Dessa forma, apesar dos meios de comunicação terem a tarefa de informar, educar, preservar e, principalmente, instigar os cidadãos na busca de seus direitos, tal ofício não tem progredido igualitariamente na cidade e no campo. Ao contrário disso, por vezes, tem sido instrumento de alienação e exclusão social do rurícola.

Ocorre, na verdade, uma massificação do direito ao consumo como um dos elementos de inclusão social na ordem atual, levando as pessoas a condicionarem a sua “in(ex)clusão”, na sociedade ao seu “poder de compra”, o que faz da influência midiática e dessa padronização dos costumes consumeristas, uma verdadeira cultura de massa[5].

Isso, por que, na cultura de massa, os indivíduos vão perdendo a espontaneidade, a capacidade de ação, de usar as palavras para se comunicar entre si, e passam a se comportar sem discutir, passivamente, de tal forma que o conjunto resulta numa massa homogeneizada, que apenas reage (e não age) de forma padronizada a estímulos externos.

E, com isso, o rurícola, como ser social contemporâneo que é, em busca desse bem-estar prometido para toda a sociedade, livre, justa e solidária, também acaba se tornando vítima da massificação cultural capitalista, à mercê de aculturações e significativas padronizações, que, fatalmente contribuem para excluí-lo do processo de comunicação atual, pois ele, homem do campo, com sua força de trabalho voltada à lida da terra, de sol a sol, dificilmente conseguirá acompanhar as exigências, as complexidades, a velocidade e os custos do mundo consumerista atual. Afinal, os urbanos, já não damos conta!.

[1] Ana Paula Vasconcelos Sousa: Bacharel em Direito e Comunicação Social; Pós-graduada em Direitos Sociais e Políticas Públicas com foco em Direito e Processo do Trabalho pela Faculdade Darcy Ribeiro.

[2] BARROS, Wellington Pacheco. Curso de Direito Agrário. 5ª edição. Porto Alegre:2007.

[3] Idem.

[4] SIQUEIRA, Denise do Castro Oliveira. Persuasão, Poder e Dialética em Relações Públicas p. 119, in Desafios Contemporâneos de Comunicação. Organizadores Ricardo Ferreira Freitas e Luciane Lucas. Summus Editorial, São Paulo, 2002.

[5] BOSI, Eclea. Cultura de massa e cultura popular. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. p. 102

Sobre a autora
Ana Paula Vasconcelos Sousa

Bacharel em Direito e Comunicação Social; Pós-graduada em Direitos Sociais e Políticas Públicas com foco em Direito e Processo do Trabalho pela Faculdade Darcy Ribeiro.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!