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Por que o gato está aqui?

#DepartamentoasQuintas

Agenda 15/05/2014 às 07:59

Artigo sobre uma reflexão e o mercado

Uma reflexão, uma pergunta e uma constatação, para chegarmos no então.

Reflexão

gatoBudistaIMPORTANCIA DO GATO NA MEDITAÇÃO

Por Paulo Coelho

Tendo recentemente escrito um livro sobre a loucura ( Veronika decide morrer) , vi-me obrigado a perguntar o quanto das coisas que fazemos nos foi imposta por necessidade, ou por absurdo. Por que usamos gravata? Por que o relógio gira no “sentido horário”? Se vivemos num sistema decimal, porque o dia tem 24 horas de 60 minutos cada?

O fato é que, muitas da regras que obedecemos hoje em dia não tem nenhum fundamento. Mesmo assim, se desejemos agir diferente, somos considerados “loucos” ou “imaturos”.

Enquanto isso, a sociedade vai criando alguns sistemas que, no decorrer do tempo, perdem a razão de ser, mas continuam impondo suas regras. Uma interessante história japonesa ilustra o que quero dizer:

Um grande mestre zen budista, responsável pelo mosteiro de Mayu Kagi, tinha um gato, que era sua verdadeira paixão na vida. Assim, durante as aulas de meditação, mantinha o gato ao seu lado – para desfrutar o mais possível de sua companhia.

Certa manhã, o mestre – que já estava bastante velho – apareceu morto. O discípulo mais graduado ocupou seu lugar.

– O que vamos fazer com o gato? – perguntaram os outros monges.

Numa homenagem à lembrança de seu antigo instrutor, o novo mestre decidiu permitir que o gato continuasse frequentando as aulas de zen-budismo.
Alguns discípulos de mosteiros vizinhos, que viajavam muito pela região, descobriram que, num dos mais afamados templos do local, um gato participava das meditações. A história começou a correr.

Muitos anos se passaram. O gato morreu, mas os alunos do mosteiro estavam tão acostumados com a sua presença, que arranjaram outro gato. Enquanto isso, os outros templos começaram a introduzir gatos em suas meditações: acreditavam que o gato era o verdadeiro responsável pela fama e a qualidade do ensino de Mayu Kagi, e esqueciam-se que o antigo mestre era um excelente instrutor.

Uma geração se passou, e começaram a surgir tratados técnicos sobre a importancia do gato na meditação zen. Um professor universitário desenvolveu uma tese – aceita pela comunidade acadêmica – que o felino tinha capacidade de aumentar a concentração humana, e eliminar as energias negativas.
E assim, durante um século, o gato foi considerado como parte essencial no estudo do zen-budismo naquela região.

Até que apareceu um mestre que tinha alergia a pelos de animais domésticos, e resolveu tirar o gato de suas práticas diárias com os alunos.
Houve uma grande reação negativa – mas o mestre insistiu. Como era um excelente instrutor, os alunos continuavam com o mesmo rendimento escolar, apesar da ausencia do gato.

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Pouco a pouco, os mosteiros – sempre em busca de idéias novas, e já cansados de ter que alimentar tantos gatos – foram eliminando os animais das aulas. Em vinte anos, começaram a surgir novas teses revolucionárias – com titulos convincentes como “A importancia da meditação sem o gato”, ou “Equilibrando o universo zen apenas pelo poder da mente, sem a ajuda de animais”.

Mais um século se passou, e o gato saiu por completo do ritual de meditação zen naquela região. Mas foram precisos duzentos anos para que tudo voltasse ao normal – já que ninguém se perguntou, durante todo este tempo, por que o gato estava ali.

Pergunta

Quantas verdades existem no seu departamento e/ou empresa que são exatamente como o gato?

Constatação

Muitos preferem acreditar que tudo que está assim deve ser assim.

Muitos preferem deixar como está pensando que com o tempo tudo se resolve. O tempo não resolve nada. Ele apenas deixa os sentimentos irem embora para que a razão possa fluir e ser balizadora das decisões necessárias.

Acreditamos em verdades que nos foram impostas por mestres, gurus, chefes, líderes, funcionários mais antigos e por aí afora. Sem questionarmos sua base, sua forma de concepção, sua própria essência.

Então,

Faça a leitura dos acontecimentos conforme a sua realidade.

Confronte o seu saber, a sua verdade, a sua base com aquilo que lhe é ensinado e somente aceite o que realmente for concordante com a sua crença.

No ambiente corporativo, assim como na vida fora dele, o importante é sermos autênticos naquilo que vivenciamos para que os resultados de nossas escolhas sejam um espelho da nossa verdade interior, que somos, em suma, nós mesmos.

Sobre o autor
Gustavo Rocha

Professor da Pós Graduação, coordenador de grupos de estudos e membro de diversas comissões na OAB. Atuo com consultoria em gestão, tecnologia, marketing estratégicos e implementação de adequação à Lei Geral de Proteção de Dados LGPD. Prefere mandar email ou adicionar nas redes sociais? gustavo@gustavorocha.com Algo mais direto como Whatsapp, Telegram ou Signal? (51) 98163.3333

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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