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Nova educação para novos tempos

Ou educação para o novo milênio.

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Agenda 15/05/2014 às 14:50

[1] O idiot savant é pessoa altamente bem informada sobre um assunto, mas sabe pouco de qualquer outra coisa. Langdon usou o termo idiot savant (ou idiota-prodígio) para identificar a síndrome, aceita na época em que um idiota era alguém com QI inferior a 25. Mas possuem habilidades são sempre ligadas a uma memória extraordinária, porém com pouca compreensão do que está sendo descrito.

[2] Certo dia, um príncipe indiano mandou chamar um grupo de cegos de nascença e os reuniu no pátio do palácio. Ao mesmo tempo, mandou trazer um elefante e o colocou diante do grupo.  Em seguida, conduzindo-os pela mão, foi levando os cegos até o elefante para que o apalpassem. Um apalpava a barriga, outro a cauda, outro a orelha, outro a tromba, outro uma das pernas.  Quando todos os cegos tinham apalpado o paquiderme, o príncipe ordenou que cada um explicasse aos outros como era o elefante, então, o que tinha apalpado a barriga, disse que o elefante era como uma enorme panela. O que tinha apalpado a cauda até os pelos da extremidade discordou e disse que o elefante se parecia mais com uma vassoura. "Nada disso”, interrompeu o que tinha apalpado a orelha. "Se alguma coisa se parece é com um grande leque aberto". O que apalpara a tromba deu uma risada e interferiu: "Vocês estão por fora. O elefante tem a forma, as ondulações e a flexibilidade de uma mangueira de água...". "Essa não", replicou o que apalpara a perna, "ele é redondo como uma grande mangueira, mas não tem nada de ondulações nem de flexibilidade, é rígido como um poste...". Os cegos se envolveram numa discussão sem fim, cada um querendo provar que os outros estavam errados, e que o certo era o que ele dizia. Evidentemente cada um se apoiava na sua própria experiência e não conseguia entender como os demais podiam afirmar o que afirmavam. O príncipe deixou-os falar para ver se chegavam a um acordo, mas quando percebeu que eram incapazes de aceitar que os outros podiam ter tido outras experiências, ordenou que se calassem. "O elefante é tudo isso que vocês falaram.", explicou. "Tudo isso que cada um de vocês percebeu é só uma parte do elefante”. Não devem negar o que os outros perceberam. “Deveriam juntar as experiências de todos e tentar imaginar como a parte que cada um apalpou se une com as outras para formar esse todo que é o elefante.” Algumas conclusões sobre essa história...  A experiência das coisas que cada homem pode ter é sempre limitada. Por isso, a sensatez obriga a levar em conta também as experiências dos outros para se chegar a uma síntese. A pessoa, o ser humano, apresenta muitas facetas. Existe o risco de polarizar a atenção em algumas delas, ignorando o resto. Fazendo isso, estaríamos repetindo os cegos da parábola.  Cada um ficaria com uma visão unilateral e parcial. Para obtermos uma visão o mais integral possível do que é uma pessoa, devemos reunir, numa unidade, os numerosos aspectos que podem ser observados no ser humano.

[3] Inteligência vem do latim intellectus que por sua vez deriva do verbo intelligere que significa inteligir, entender e compreender. Composto de íntus significando dentro e lègere que significa recolher, escolher. Existem dois "consensos" de definição de inteligência. O primeiro, de Intelligence: Knowns and Unknowns, um relatório de uma equipe congregada pela Associação Americana de Psicologia, em 1995: "Os indivíduos diferem na habilidade de entender ideias complexas, de se adaptarem com eficácia ao ambiente, de aprenderem com a experiência, de se engajarem nas variadas formas de raciocínio, de superarem obstáculos mediante o pensamento. Embora tais diferenças individuais possam ser substanciais, nunca são completamente consistentes: o desempenho intelectual de uma dada pessoa vai variar em ocasiões distintas, em domínios distintos, a se julgar por critérios distintos. Os conceitos de 'inteligência' são tentativas de aclarar e organizar esse conjunto complexo de fenômenos." Uma segunda definição de inteligência vem de Mainstream Science on Intelligence, que foi assinada por cinquenta e dois pesquisadores em inteligência, em 1994: "uma capacidade mental bastante geral que, entre outras coisas, envolve a habilidade de raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar de forma abstrata, compreender ideias complexas, aprender rápido e aprender com a experiência. Não é uma mera aprendizagem literária, uma habilidade estritamente acadêmica ou um talento para sair-se bem em provas. Ao contrário disso, o conceito refere-se a uma capacidade mais ampla e mais profunda de compreensão do mundo à sua volta - 'pegar no ar', 'pegar' o sentido das coisas ou 'perceber' uma coisa".

Em Psicologia, o estudo da inteligência não compreende o caráter ou a sabedoria, e conforme a definição que se tome, pode ser considerado um dos aspectos da linguagem ou personalidade.

[4] Zygmunt Bauman é sociólogo polonês, nascido em 1925. Publicou mais de quarenta livros, entre os quais a Modernidade Líquida que fora publicada perto do ano de 2000. A propalada virada do século trazia um mundo em pânico, pois havia diversas previsões de panes tecnológicas em programas de computadores espalhados pelo mundo, seria o famoso "bug do milênio". O título da obra decorre da modernidade da sociedade que avança em vários sentidos, porém, questionável em suas atitudes e o seu contexto enquanto sociedade. A liquidez vem do fato que os líquidos não têm forma, ou seja, são fluídos que se moldam conforme o recipiente nos quais estão contidos, diferentemente dos sólidos que são rígidos e precisam sofrer uma tensão de forças para amoldar-se às novas formas.

[5] A história da educação é repleta de períodos críticos nos quais restou evidente que as premissas e estratégias testadas e aparentemente confiáveis se perderam em fantasias e exigem revisão e reforma. Contudo, a crise atual difere das demais crises pretéritas. A ideia de que a educação pode ser um produto a ser adquirido e conservado encontra-se em franco declínio e, certamente, não mais depõe a favor da educação institucionalizada. O outro desafio para as premissas básicas da educação vem da natureza errática e essencialmente imprevisível da mudança contemporânea. Diferindo do labirinto behaviorista, o mundo de hoje mais se assemelha a um aparelho para esquecer-se do que um lugar de aprendizagem. Portanto, uma memória tão solidamente fortalecida parece potencialmente incapacitante em muitos casos, desencaminhadora em muitos mais casos, inútil na maioria das vezes.

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[6] A Terceira Onda é sinônima de revolução técnico-científica, como um modo de vida e consumo, que se baseia em fontes de energias alternativas, diversificadas e renováveis. O grande centro de produção deste momento destaca a produção da indústria eletrônica produzindo computadores, celulares e equipamentos de comunicação cada vez mais velozes e atualizados. A primeira onde se refere à revolução científica, época em que a humanidade aprendeu a domesticar animais e cultivar. A segunda se deu quando ocorreu a primeira e segunda revolução industrial tendo durado cerca de trezentos anos. A Terceira Onda trouxe a desmassificação dos meios de comunicação, jornais perderam leitores para a internet, a TV digital abriu uma sobrevida para a televisão se modernizar através da informática, e as empresas precisam atender aos nichos de consumo de informação e produção.

[7] Lembrando-se que para se conhecer meios e técnicas a educação se faz indispensável. Para se calcular esse preço também esta se faz necessária. Assim como para desenhar a escova de dente “ideal” precisamos do conhecimento, da transmissão de conhecimentos veiculada pela educação e aprendizagem constante.

[8] Brasil, País do futuro é o título em português da obra de autor judeu austríaco Stefan Zweig que no final da metade do século XX radicou-se em Petrópolis (RJ), para fugir do nazismo. Seu principal biógrafo, Alberto Dines, a obra constitui-se em "caso único de livro convertido em epíteto nacional" foi recebida fora do país como uma revelação, mas também como incompreensão. Embora a II Guerra já estivesse em seu auge, em 1941, Zweig conseguiu realizar a proeza de fazer o lançamento simultâneo da obra em vários idiomas: alemão, sueco, inglês, francês e duas edições em português - no Brasil e em Portugal; a edição espanhola saiu posteriormente. 

[9] A educação permanente parte da reflexão sobre a realidade do serviço e das necessidades existentes, para então formular estratégias que ajudem a solucionar estes problemas. Ainda nesta perspectiva, a educação permanente é considerada como educação no trabalho, pelo trabalho e para o trabalho nos diferentes serviços cuja finalidade é atingir a qualidade de vida seja na formação dos profissionais seja dos serviços.

[10] Pouco mais da metade, exatamente cinquenta e cinco por cento dos professores do ensino médio da rede pública do Brasil não tem formação específica da área em que atua. Em física, a proporção de especialistas cai para 17,7%; em química, a 33,3%.  Vide: o link http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/12/1390053-55-dos-professores-dao-aula-sem-ter-formacao-na-disciplina.shtml

[11]Gestalt, palavra de origem alemã sem tradução exata em português, refere-se a um processo de dar forma, de configurar “o que é colocado diante dos olhos, exposto ao olhar”: a palavra gestalt tem o significado” (...) de uma entidade concreta, individual e característica, que existe como algo destacado e que tem uma forma ou configuração como um de seus atributos”. A amplificação da percepção ou dos gestos não é “leitura do corpo”. O gestaltista está atento aos diversos indícios comuns de reações emocionais subjacentes, tais como discretos fenômenos de vasodilatação no rosto ou no pescoço (traduzidos em ligeiras e efêmeras modificações da cor da pele), minicontrações do maxilar, mudanças no ritmo da respiração ou da deglutição, mudanças bruscas no tom da voz, mudanças na direção do olhar e, é claro, aquilo que chamo de” microgestos” automáticos das mãos, pés ou dedos. Em geral, o gestalt-terapeuta sugere amplificar esses gestos inconscientes, considerados, de certa forma, como “lapso do corpo”, reveladores do processo em curso, imperceptíveis para o cliente.

[12] Robinson Crusoe é romance escrito por Daniel Defoe publicado em 1719 na Inglaterra. É confessional e didático o seu tom, e a obra refere-se à autobiografia fictícia do personagem-título, um náufrago que passou vinte e oito anos numa remota e deserta ilha tropical próxima a Trinidad, encontrando canibais, cativos e revoltosos antes de ser resgatado. Supõe-se o autor ter sido influenciado por Alexander Selkirk, um náufrago escocês que viveu durante quatro anos numa ilha do Pacífico chamada de "Más a Tierra", que fora renomeada em 1966 para ilha Robinson Crusoe.  É também provável que Defoe tenha sido influenciado pela tradução em latim ou inglês de O Filósofo Autodidata, de Ibn Tufail, romance do século XII na época recém-lançado pela primeira vez na Europa e que também gira em torno de um personagem isolado em uma ilha deserta.

[13] O professor do novo milênio tem trilhas relevantes a seguir para o desenvolvimento humano, a saber: aprimorar o educando como pessoa humana; preparar o educando para o exercício da cidadania; construir uma escola democrática; qualificar o educando para progredir no mundo do trabalho; fortalecer 

a solidariedade humana; fortalecer a tolerância recíproca; zelar pela aprendizagem dos alunos; colaborar com a articulação escola-família; participar ativamente da proposta pedagógica da escola e respeitar as diferenças.

[14] Lev Davidovich Landau (1908-1968) foi físico e matemático soviético. Recebeu o prêmio Nobel de Física de 1962, por sua teoria da matéria condensada, em particular do hélio líquido. Tinha um amplo campo de pesquisa o que incluiu a teoria da supercondutividade e superfluidez, a eletrodinâmica quântica, a física nuclear e a física de partículas.

[15] A primeira experiência de uso da tecnologia como ferramenta de ensino deu-se com as máquinas concebidas pelo psicólogo americano Burrhus Frederic Skinner, programadas para fazer perguntas que ganhavam complexidade a cada resposta correta. Acreditava-se que o reflexo condicionado pela tal máquina estimularia o aprendizado. Com a explosão dos computadores na década de 70, o assunto ressurgiu na contramão do que pregava Skinner: a nova corrente de entusiastas da tecnologia, encabeçada pelo doutor em matemática Seymour Papert, defendia a tese de que caberia às crianças programar as máquinas – e não o contrário.

[16] Os especialistas costumam estar de acordo sobre um ponto básico: o computador pode, sim, dar contribuições relevantes à sala de aula, mas tudo depende de como se faz uso da tecnologia.

[17] É generalizada a convicção de que a aprendizagem será contínua ao longo da vida (98%); muitas das aulas serão dadas à distância (62%), o aluno poderá montar seu próprio curso (55%), ferramentas como TV, vídeo e teleconferência serão primordiais (55%). Por consequência, as salas de aula não teriam lugar físico específico (41%). Afinal, o estudante iria aprender mesclando experiências profissionais, ajudado por múltiplos mecanismos espalhados pelos mais diversos locais. São nítidas, na pesquisa, a insegurança diante da velocidade da produção do conhecimento e a percepção de defasagem da escola com a realidade.  O principal anseio é que diminua ou desapareça a diferença entre a profissão, submetida a velozes mudanças, e a sala de aula.  A boa escola será aquela que submeter seus alunos à maior quantidade possível de experimentações e pesquisas, nas quais o professor desempenhe o papel de facilitador.

[18] O autodidatismo é grande alvo de estudos acadêmicos, especialmente devido à expansão de sistemas educacionais online. Tais estudos visam à compreensão das práticas pedagógicas, a relação entre o uso de tecnologia e a concepção de conhecimento e educação envolvidos no processo. Entre os mais famosos autodidatas temos o músico Jimi Hendrix, os escritores Ray Bradbury, José Saramago e Leonardo da Vinci.

[19] Homo ludens, o jogo como elemento da cultura é o título de uma obra escrita por Johan Huizinga. Tomando o jogo como fenômeno cultural, o livro se estrutura sob extensa perspectiva histórica, recorrendo inclusive ao estudo etimológico e etnográfico de sociedades distantes temporal e culturalmente. Reconhece o jogo como algo inato ao homem e mesmo até aos animais, considerando-o uma categoria absolutamente primária da vida, logo anterior à cultura tendo esta evoluída no jogo. Huizinga define a noção de jogo de forma ampla como: “O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da 'vida cotidiana".

[20] O processo educativo engloba a escolarização em todos seus aspectos teóricos e práticos, como o processo de aprendizagem, os métodos de ensino, o sistema de avaliação da aprendizagem e o sistema educacional como um todo. É determinado por fatores sociais, políticos, pedagógicos, e como tal precisa ser definido de acordo com seu contexto histórico-social.

Sobre a autora
Gisele Leite

Gisele Leite, professora universitária há quatro décadas. Mestre e Doutora em Direito. Mestre em Filosofia. Pesquisadora-Chefe do Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Possui 29 obras jurídicas publicadas. Articulista e colunista dos sites e das revistas jurídicas como Jurid, Portal Investidura, Lex Magister, Revista Síntese, Revista Jures, JusBrasil e Jus.com.br, Editora Plenum e Ucho.Info.

Informações sobre o texto

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