Quando o assunto é startups, o mercado fica alvissareiro…
Sinônimo de dinheiro e possibilidade de grandes negócios para a grande maioria, mas uma verdadeira incógnita quando se trata de sucesso a longo prazo.
Diante desta realidade, divido um interessante artigo para quem pretende criar ou manter no mercado a sua startup:
Analisar os movimentos estratégicos dos gigantes de tecnologia é uma tarefa não só difícil, mas ingrata. Entretanto, como nossas empresas não existem no vácuo, temos que manter um olho nosso modelo de negócio e outro em como o ecossistema pode nos afetar. É importante entender como cada um está se posicionando estrategicamente, quais são os anúncios recentes de ações concretas e, finalmente, quais são as apostas para o futuro próximo. Juntando tudo, vamos propor um conjunto de regras e alarmes de que sua startup pode estar em rota de colisão com um desses gigantes.
Google é a melhor empresa de engenharia do grupo, incrivelmente boa em fazer softwares complicados, mas fraca em hardware. O processo de aquisição e venda da Motorola, por exemplo, evidencia esse fato. Além de que o Nexus é feito em OEM, ou seja, não é fabricado por eles. Foram 47 aquisições nos últimos 24 meses. Dentre as apostas recentes estão automação de casa, robótica, inteligência artificial, carros e “wearables”.
A Apple é de fato “a” empresa de hardware dentre as gigantes, focada em desenvolvimento de produto e não em aquisições (foram 11 nos últimos dois anos). Suas apostas, apesar de também tangenciarem saúde, automação de casa e “weareables”, parecem se resumir na aquisição da Beats (marca de fones do rapper Dr. Dre), o que mostra que a empresa quer vestir o usuário de Apple e continuar focando no consumidor de grande poder aquisitivo. Apple é uma empresa de nicho, e do nicho onde tem mais dinheiro.
O Facebook tem sua estratégia de aquisição focada em garantir sua posição como rede social hegemônica, comprando MAUs (usuários mensais ativos) e qualquer outra rede que mostre uma evolução natural do sistema, como o Instagram e o Whatsapp. Seu principal produto, o “wall”, está ficando velho e eles parecem estar aproveitando o seu valor de mercado corrente para comprar algumas poucas empresas (foram só oito no período) que defendam sua posição por um longo prazo.
Notas importantes: em 24 meses o Facebook conseguiu se tornar um aplicativo essencialmente mobile, com mais receita nesta mídia do que em web. A aposta mais sexy do Facebook foi o Oculus VR, que ainda parece ser para longo prazo.
E o que isto pode te afetar? Se estas empresas estão redefinindo (junto com algumas outras) o tecido da internet do jeito que conhecemos, alguns fatores merecem sua atenção:
1. Seu modelo de receita depende muito das regras de relacionamento com algum deles. Por exemplo, se você está no ramo de social ou mobile gaming, e o Facebook mudar as regras de anunciantes ou a Apple e o Google mexerem nas políticas de “compras dentro do app” sua empresa pode ser varrida do mapa em uma canetada (ou teclada, para ser mais geek).
2. Você é um intermediador em alguma cadeia de valor que tem algum deles na nascente ou na foz. Pense sempre que desintermediação é a ideia de negócio mais velha da internet.
3. Seu produto compete diretamente com uma funcionalidade do Google ou do Facebook, mas ele é melhor porque é individual e mais focado. Se preocupe com estratégias de “app unbundling”, que significa desmontar o seu produto em vários, como o que o Facebook fez recentemente com o Messenger.
4. Você não está entendendo para onde o usuário de internet está indo. Se você não fez a transição de web para mobile, provavelmente vai morrer a não ser que tenha barreiras não competitivas “regulatórias” que mantenha seu negócio. Já temos mais celulares que pessoas no mundo e este ano foram vendidos quase 2 bilhões de smartphones e tablets.
5. Continuando o raciocínio, as aquisições e investimentos em produto de todos eles mostram o seguinte fluxo: hardware virou software, software virou mobile, tudo virou mobile. O próximo dispositivo de acesso à web vai ser um carro, um relógio ou uma geladeira. As coisas estão se tornando inteligentes e as apostas são para a internet das coisas. Mas se você pensa que isso é para longo prazo, não é bem assim! Algumas apostas podem já ser feitas no próximo ano para se obter retornos antes que isso também vire “commodity”.
6. Seu negócio tem um ciclo de aquisição, ativação/conversão e retenção que depende diretamente do ferramental de marketing nestes jogadores. Boa parte do seu tempo já é gasto em otimizar o “pedágio” que você paga para eles para seu negócio crescer. Entender as regras do jogo e como elas podem ser usadas a seu favor pode ser a diferença entre você ser viável ou não.
Os três grandes são para nós, algumas vezes, como uma bússola, um livro de histórias e um grande guardião de ecossistemas, com regras complexas que precisamos respeitar ou, pelo menos, entender para quebrá-las com elegância. Como um analista de mercado, você precisa ouvir atentamente os anúncios grandes (como o Google I/O e o WWDC), mas olhar os sinais da estratégia de aquisição e refletir sobre os anúncios trimestrais também é importante. É como um navegador entender o vento, o tempo e o mar. Eles podem não ser seu objetivo final, mas podem te atrasar, acelerar ou impedir que você chegue nele.
Fernando de La Riva é especialista em negócios digitais e sócio da Concrete Solutions.
Fonte: http://exame.abril.com.br/pme/noticias/3-grandes-empresas-que-sua-startup-deve-acompanhar-todo-dia
E além disto, estar aberto a tecnologia mobile, jamais desfocar do cliente e estabelecer algo inédito ou inovador…
Desafios não faltam!
#MãosaObra