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Custo Brasil

Agenda 03/10/2014 às 14:55

Chama-se miséria humana.

~~ O maior causador do chamado custo-Brasil chama-se “extrema desigualdade social e econômica”; se não fosse pela miséria e pobreza acumuladas por séculos, o direito trabalhista seria menos protetor, não gastaríamos tanto e tão mal em todos os setores públicos. A miséria humana – na vida comum do homem médio – ainda se perpetua politicamente por dois caminhos: oclocracia (governo das multidões desinformadas) e plutocracia (governo dos mais ricos). Os mais pobres, em multidão tangida como gado eleitoral, se abastecem de demagogia, mentiras políticas, ideologias de consumo barato. Do outro lado, os gênios do marketing vendem a ilusão de que a meritocracia (governo dos melhores) deve ser conduzida pelos endinheirados. Aqui, inclusive, gaba-se de ser analfabeto; mas, rico. Quem inventou a burocracia como classe social – a serviço da continuação do coronelismo e da reprodução do capital especulativo – foram os mesmos plutocratas que, agora, não sabem como desonerar seus patrões das cobranças alucinógenas de impostos. Olhe a tela do Impostômetro em São Paulo, por cinco segundos, para ver se não provoca um efeito psicodélico. Se o Brasil não tivesse trabalho escravo e exploração sexual infantil, o Poder Judiciário e o Ministério Público poderiam ser mais céleres e até mais enxutos. Quem permitiu que o STF (Supremo Tribunal Federal) elevasse seus próprios salários? Foram os mesmos plutocratas, lá na Constituinte de 1986. Quem os elegeu? O povo tangido pela oclocracia. Qual a riqueza ou conhecimento gerados pelos plutocratas? Salvo honrosas exceções, são parasitários.
Temos mais de 15 milhões de “analfabrutos”: analfabetos de significados formais do mundo real e embrutecidos pela irrelevância social a que foram destinados. O Brasil é o único país do mundo em que a União investe menos no SUS (Sistema Único de Saúde) do que os planos médicos privados, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Por que é assim? Apesar de quadruplicar os investimentos na saúde pública, nos últimos dez anos, ao direcionar a política econômica de acordo com os interesses plutocráticos, o Estado assiste ao caos social. Os ricos e moderados pagam planos particulares; aos pobres, é destinada uma saúde da pior espécie e qualidade. Os plutocratas não são roubados na saidinha de banco; os pobres sim, porque os bancos faturam 300% de lucros e se recusam a proteger seus clientes: elevaria seus custos. Quem terceirizou a segurança pública? Os plutocratas. Quem desobrigou o sistema financeiro de suas obrigações? Os plutocratas servindo aos chefes financistas. A TV noticia todo dia a queda da Bolsa de Valores – quem ganha com as especulações? São os plutocratas que representam menos de um por cento da população brasileira. O homem médio em sua vida comum, que acorda de madrugada, pega lotações e é roubado ou encoxado(a), não tem ações. Gostaria de conhecer um único pobre interessado em saber das flutuações da Bolsa de Valores. Menos de um por cento do capital é destinado às tais Bolsas; porém, os plutocratas matam um governo por dia, por causa disso. Os plutocratas têm previdência privada; os pobres, fator previdenciário. Quem enriquece com a corrupção ativa e passiva? Então, quem nos impõe este elevado custo-Brasil? No custômetro, temos 99% de acerto: só os plutocratas erraram a resposta.
 

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Sobre o autor
Vinício Carrilho Martinez

Pós-Doutor em Ciência Política e em Direito. Coordenador do Curso de Licenciatura em Pedagogia, da UFSCar. Professor Associado II da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Departamento de Educação- Ded/CECH. Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade/PPGCTS/UFSCar Head of BRaS Research Group – Constitucional Studies and BRaS Academic Committee Member. Advogado (OAB/108390).

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