Desenvolvimento
Chegar a um conceito pleno de desenvolvimento é, de fato, um grande desafio ainda nos tempos atuais. Deve ser considerado para tal conceituação o que, de fato, poderia se chamar de desenvolvimento: seria apenas o crescimento econômico? Haveria de ser considerada a distribuição de renda e, por consequência, o acumulo de capitais?
A princípio, e de maneira mais superficial, cita-se aqui o conceito que traz o Dicionário Michaellis: ”1 Ato ou efeito de desenvolver. 2 Crescimento ou expansão gradual. 3 Passagem gradual de um estádio inferior a um estádio mais aperfeiçoado. 4 Adiantamento, progresso. 5 Extensão, prolongamento, amplitude.” (MICHAELLIS, Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=desenvolvimento, consultado em 24/08/2014).
Nota-se, deste modo, que o conceito acima vem atrelado à ideia de crescimento, todavia esta está desacompanhada de um parâmetro.
Nesse sentido, os textos trabalhados em aula fazem referência à Celso Furtado e sua teoria de o desenvolvimento como um mito: o processo de majoração econômica que sempre se considerou como corolário do desenvolvimento desencadeia impactos no meio físico. O pensador aponta, ainda, que o crescimento econômico da maneira como se conduzia somente faria aumentar a concentração de riqueza.
Com base na crítica feita por Furtado na década de 70, deve-se ter por certo que o conceito de desenvolvimento não deve permanecer tão somente ligado ao crescimento despreocupado da economia, mas, também, deve ser voltado minorar problemas sociais e ambientais que foram causados pela prática “desenvolvimentista” até então empregada.
Desenvolvimento Sustentável
A ideia de desenvolvimento sustentável está, por obvio, intrinsecamente ligada ao conceito supra.
Novamente, irá se valer do conceito de “sustentável” trazido pelo dicionário já citado: que pode ser sustentado. Ou seja, de maneira muito simplória, o desenvolvimento sustentável é aquele que pode ser suportado.
Remetendo-nos novamente às noções trabalhadas em sala, o desenvolvimento sustentável traz consigo a uma noção de limitação dos recursos naturais disponíveis e respeito não só a tais limites e riscos que a atividade econômica acarreta, mas também aos danos já causados ao meio ambiente e as políticas necessárias à uma certa recuperação destes.
Por fim, observa-se que o desenvolvimento sustentável deve ser pautado em fatores econômicos combinados com fatores sociais, ambientais e culturais, de modo que haja equilíbrio entre todos.
Complexidade, interdisciplinaridade, transdisciplinariedade
Como citado por Edgar Morin, complexidade origina-se do latim “complexus”, que significa aquilo que é tecido conjuntamente (MORIN, Edgar. Desafios da transdiciplinaridade e da complexidade. In AUDY, Jorge Luis Nicolas; MOROSINI, Marília Costa (Orgs.). Inovação e interdisciplinariedade na universidade. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007, pp. 22-28. Disponível em http://www.pucrs.br/edipucrs/inovacaoeinterdisciplinaridade.pdf, consultado em 24/08/2014), assim, pode-se classificar o conhecimento complexo como um conhecimento interligado, unido, de maneira a não se fragmentar em diversas áreas. Faz-se crer que o estudo necessário a um bom jurista em relação ao Direito deve se dar observando o conceito de complexidade: não se deve fragmentar a Ciência Jurídica em várias áreas (Direito Civil, Direito Tributário, Direito Penal, etc.), mas tratar todo o saber relativo ao Direito como algo uno, indivisível, tendo ciência da importância de cada “parte” em relação ao todo, sendo a reciproca verdadeira.
A interdisciplinaridade representa uma associação de matérias que, todavia, mantém sua autonomia umas frente às outras, opondo-se, de certa maneira, à ideia de complexidade. Nesse sentido, seria plausível e possível o estudo específico de apenas parte do todo sem prejuízo do entendimento da parte, haja vista que esta é totalmente independente do resto apesar de compô-lo.
A transdisciplinariedade, de outro modo, pressupõe a complexidade, haja vista que as matérias mantém um vínculo tão forte entre elas que sua dissociação faz com que a natureza do estudo se altere. Por fim e para a melhor compreensão do tema se faz salutar a citação de parte da Carta da Transdisciplinariedade (SANTOS, R. Transdisciplinaridade. Cadernos de Educação, Lisboa: Instituto Piaget, n. 8, pp. 7-9, 23 nov. 1995, disponível em: http://www.unipazparana.org.br/conteudo.php?id=92, consultado em 24/08/2014)
Artigo 3 - A Transdisciplinaridade é complementar à abordagem disciplinar; ela faz emergir novos dados a partir da confrontação das disciplinas que os articulam entre si; oferece-nos uma nova visão da natureza da realidade. A Transdisciplinaridade não procura a mestria de varias disciplinas, mas a abertura de todas as disciplinas ao que as une e as ultrapassa.
Referências
CAVALCANTI, Clovis. “Meio Ambiente, Celso Furtado e o Desenvolvimento como Falácia” In Ambiente e Sociedade, vol. V, ago./dez. 2002, vol. VI jan./jul. 2003. pp. 73-84. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/asoc/v5n2/a05v5n2.pdf, Acesso em 24/08/2014.
MICHAELLIS, Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=desenvolvimento, consultado em 24/08/2014
MORIN, Edgar. Desafios da transdiciplinaridade e da complexidade. In AUDY, Jorge Luis Nicolas; MOROSINI, Marília Costa (Orgs.). Inovação e interdisciplinariedade na universidade. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007, pp. 22-28. Disponível em http://www.pucrs.br/edipucrs/inovacaoeinterdisciplinaridade.pdf, consultado em 24/08/2014
SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2002 (capítulo 2 – pensando sobre o Desenvolvimento na Era do Meio Ambiente: do aproveitamento racional da natureza para a boa sociedade – pp. 47-64)
SANTOS, R. Transdisciplinaridade. Cadernos de Educação, Lisboa: Instituto Piaget, n. 8, pp. 7-9, 23 nov. 1995, disponível em: http://www.unipazparana.org.br/conteudo.php?id=92, consultado em 24/08/2014