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Fracasso: vilão ou herói?

#DepartamentoasQuintas

Agenda 27/05/2015 às 19:36

Fracasso: Vilão ou herói? #DepartamentoasQuintas

O fracasso é visto como um problema na maioria das vezes e nos leva a pensar em desistir, abandonar e por aí a fora.

Em um livro recentemente lançado no Brasil Sarah Lewis apresenta uma pesquisa com diversos casos de fracassos que depois se reverteram em sucesso.

Transcrevo aqui nove destes casos e acompanhe no link ao final a entrevista completa:

Julie Moss
Em 1982, Julie Moss estava em seu último ano de faculdade e resolveu se inscrever em um triatlon de Ironman no Havaí. O objetivo era coletar, durante os mais de 220 km de percurso, dados sobre si mesma para sua monografia. Ela leu um artigo em uma revista especializada e se preparou durante apenas dois meses. Após nadar 3.860 metros e pedalar 180 km, ela estava em primeiro lugar na corrida de 42 km quando só faltavam dois quilômetros para terminar. A vitória parecia próxima, mas a menos de um quilômetro da linha de chegada, ela passou a sentir cãimbra. Ela começou a mancar, até que não aguentou e desabou. A mulher que estava em segundo a ultrapassou e venceu a corrida. Mas Julie não desistiu. Engatinhou os últimos metros e se esforçou tanto que perdeu o controle das funções corporais, sujando as calças em rede nacional. Ela não ganhou, mas a experiência no Havaí mudou sua vida para sempre. “Senti que estava mudando naquele instante. Assumi um compromisso comigo mesma. E o cumpri”, disse Julie. Segundo Sarah, o impulso de chegar perto pode ajudar a nos superarmos.

Paul Taylor
Taylor é considerado um dos maiores coreógrafos americanos. Na década de 1950, no entanto, nada levava a crer que ele alcançaria esse posto. Uma de suas primeiras apresentações terminou com a plateia quase vazia e foi considerada pela crítica um fracasso total. A coreografia consistia em reproduzir movimentos rotineiros e posturas comuns. O crítico de dança Louis Horst não encontrou palavras para descrever o que viu. Sua resenha no jornal consistiu em uma página em branco. Ele mencionou o título e o local da apresentação e assinou em baixo, após uma lacuna vazia. Taylor diz que nunca superou a resenha em branco de Horst. Mesmo assim, o coreógrafo não deixou de fazer o que acreditava ser sua dança. Cinco anos mais tarde, ele conseguiu ser aclamado pelo público em uma apresentação muito mais fluida, mas que, no fundo, era baseada nos mesmos movimentos da coreografia tão duramente criticada. O que Sarah defende é que lidar com a lacuna entre a visão do artista e a obra é um processo contínuo. “Fechar a lacuna significa enfrentar a resenha em branco. Os artistas precisam aprender a se blindar contra críticas que os sufocam, mas também saber quando aceitá-las para ver as próprias obras com novos olhos”.

Ben Saunders (Foto: Reprodução/ Twitter)BEN SAUNDERS (FOTO: REPRODUÇÃO/ TWITTER)

Ben Saunders
Em um boletim escolar de quando tinha 13 anos, ficou gravado: “Ben não tem motivação suficiente para realizar qualquer coisa de mérito”. Ben Saunders foi a pessoa mais jovem a chegar ao Polo Norte sozinho e a pé. Mas a jornada não foi fácil. Com 21 anos, em 2001, ele fez sua primeira trilha na região – uma tentativa frustrada. Precisou voltar depois de completar dois terços da viagem, perder 15 quilos e ter um dedo do pé congelado. Ao voltar para casa, entrou em depressão, achando que tudo aquilo era um fracasso. Foi só depois de muitas semanas que ele começou a ver a tentativa como acúmulo de experiência. Foi só na terceira viagem que ele conseguiu realizar a proeza. E a chegada ao Polo Norte foi permeada de pequenos fracassos que Saunders tinha de superar diariamente. As placas de gelo sobre as quais ele avançava, por exemplo, também se deslocavam. Assim, em alguns dias, mesmo percorrendo quilômetros, o explorador não avançava sequer 100 metros – porque o gelo o empurrava para trás na mesma proporção. “Depois da dor profunda de chegar perto e não conseguir, de toda espécie de fracassos, emergimos com força suficiente para abraçar, avançar e triunfar”, diz Sarah sobre a história de Saunders.

Charles Black Jr.
O fracasso nem sempre se manifesta quando cometemos um erro. A sensação pode nos invadir também quando percebemos que há algo errado com o mundo e nos convencemos de que nossas opiniões (e ações) precisam ser corrigidas. Foi o que aconteceu com Charles Black Jr. O garoto de Austin, no Texas, tinha 16 anos quando viu pela primeira vez o trompetista Louis Armstrong. A música de Armstrong o fascinou de tal maneira que o fez mudar sua visão sobre a humanidade – nesse caso, os negros. Anos mais tarde, Black se juntaria à equipe de advogados do processo judicial Brown versus Comitê Escolar, que convenceu a Suprema Corte dos Estados Unidos a decidir, por unanimidade, que a segregação racial é ilegal. Ele se tornou um dos mais eminentes advogados constitucionalistas dos EUA.

Sara Blakely (Foto: Getty Images)SARA BLAKELY (FOTO: GETTY IMAGES)

Sara Blakely
A fundadora da Spanx, fabricante de roupas íntimas, é uma das poucas mulheres bilionárias do mundo que fez sua riqueza sem ajuda da herança dos pais ou do marido. Durante os jantares na sua infância, seu pai costumava perguntar: “Em que você falhou hoje?”. Ele vibrava com os relatos de Sara e seu irmão. Ela diz que a influência do pai transformou sua percepção e seu conceito de fracasso: as falhas não eram o resultado final, mas apenas tentativas descartadas. Algo parecido com a pergunta do pai de Sara são os seminários denominados FailCon. Eles começaram no Vale do Silício e se espalharam por outros países. O objetivo é trazer personalidades – como o fundador do Uber – para falar apenas sobre seus fracassos, expondo em público seus erros e retrocessos.

Martin Luther King Jr.
Um ícone do movimento negro nos Estados Unidos, conhecido por seus discursos inspiradores, Luther King nem sempre foi bom ao falar em público. Como resposta emocional a tudo o que enfrentara durante a vida, ele desenvolveu um tique: soluçava no meio do discurso. No colégio, passou duas vezes de ano tirando apenas a nota mínima para ser aprovado em oratória. Um dia, seu amigo Harry Belafonte percebeu que o tique havia desaparecido. Ele perguntou como Luther King o tinha superado. “Depois que fiz as pazes com a morte, consegui fazer as pazes com todo o resto”, disse. Segundo Sarah, uma das maneiras de superar uma dificuldade é reconhecê-la e render-se a ela, ao invés de tentar afastá-la. “Quando a pessoa se rende, sente o peso da situação ou do contexto e avalia melhor a maneira de seguir caminhando”.

Andre Geim (Foto: Getty Images)ANDRE GEIM (FOTO: GETTY IMAGES)

Andre Geim
O ganhador do Nobel de Física é um ótimo exemplo de que, para atingir a excelência, é preciso passar por estradas desconhecidas e colocar o risco e o fracasso como parte do trabalho. Geim criou em seu laboratório os “Experimentos de Sexta à Noite”, nos quais são feitas experiências meio malucas que provavelmente não darão em nada – mas, se derem, demonstrarão algo surpreendente. Ele e sua equipe dedicam 10% de seu tempo a isso. Muitas vezes, eles saem de sua área de expertise e colocam um novo olhar sobre uma questão. Desse método, saíram dois resultados especialmente importantes. Um deles rendeu a Geim em 2000 o Ig Nobel (que premia pesquisas inusitadas), por ele ter feito uma rã levitar usando imãs. Outro, pelo isolamento do grafeno, deu-lhe o Nobel em 2010. Geim, único cientista a ter recebido as duas honrarias até hoje, resume assim sua filosofia: “é melhor estar errado que ser chato”.

Samuel Morse
O sonho do inventor do telégrafo era ser pintor. Em uma de suas cartas, ele chegou a expressar seu desejo de rivalizar com Michelangelo. Não chegou nem perto – pelo menos no campo da pintura. Ele ouviu todo tipo de crítica sobre suas obras e não conseguiu ganhar dinheiro com elas. Mas Morse também era um especialista em fracassos. Desde que começou pintar e percebeu que, para melhorar era preciso reconhecer os erros, ele começou a estudar a reação de grandes personalidades às derrotas. O grande mérito de Morse, segundo Sarah, foi retraçar a rota da sua vida e investir na ideia do telégrafo. Segundo ela, para atingir a excelência, é essencial saber quando desistir e quando persistir. Para que o aparelho funcionasse, Morse investiu seu tempo com o mesmo afinco que dedicava às pinturas e a mesma visão sobre tentativa e erro.

Fonte e entrevista completa: http://epocanegocios.globo.com/Inspiracao/Vida/noticia/2015/04/o-que-o-fracasso-pode-fazer-por-voce.html

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Sobre o autor
Gustavo Rocha

Professor da Pós Graduação, coordenador de grupos de estudos e membro de diversas comissões na OAB. Autoridade em Inteligência Artificial – IA no setor jurídico (chat gpt, Gemmini, Copilot e muito mais!). Consultor em gestão, tecnologia e marketing jurídico. Também sou craque em Privacidade e implementação de LGPD! Vamos conversar? Envie um e-mail ou mensagem pelo Microsoft Teams: gustavo@gustavorocha.com Prefere contato direto? WhatsApp ou Telegram: (51) 98163.3333

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