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Como se dá o recrutamento de jovens ao Estado Islâmico?

Agenda 20/11/2015 às 22:19

Terrorista mata, eis a definição simplista. E terroristas são todas as pessoas usam de técnicas de dissociação cognitiva para alcançarem seus intentos, não importando como o outro ser humano viverá.

Os últimos ataques terrorista na França geraram revoltas não só aos franceses, mas no planeta. Nos principais sites jornalísticos da França as notícias demonstram o medo, a revolta e a solidariedade dentro e fora da França.

Os terroristas são jovens e sem qualquer fervor aos ideais jihadista radiciais. Em entrevista ao Jornal Francês, o juiz Trévidic disse que "o número de pessoas com delirium jihadista é exponencial!", que a maioria é formada por jovens. Para o juiz, "90% dos jihadistas atuam por motivos pessoais: para fazer a batalha, de aventura, de vingança, porque eles não encontrar o seu lugar na sociedade francesa".

Como os recrutadores jihadistas conseguem voluntários?

Estima-se que cerca de 500 franceses estão hoje na Síria ou do Iraque. Para os grupos radiciais islâmicos, o ocidente é um antro de pecadores, de exploradores da juventude, sendo o Capitalismo o grande mal da humanidade. Também usam a violência policial dos países ocidentais, contras os manifestantes, dos respectivos países, como uma opressão do Capitalismo. As diferenças sociais servem muito bem aos recrutadores. Venda de drogas ilícitas, tráfico de pessoas, nudez excessiva das mulheres, exploração midiática, desigualdades sociais, alguns dos motivos que servem muito bem para os radicais islâmicos persuadirem os jovens. Abaixo os meios usados pelos radicais:

A internet

É através da rede mundial de computadores [internet] que os radicais islâmicos conseguem recrutar os jovens. Skype, WhatsApp, Facebook, Twitter, Instagram, YouTube etc.

Técnicas de manipulação mental

Como qualquer técnica terrorista, o estudo das condições psicológicas da localidade é necessário para se obter sucesso. Os jovens ainda não possuem uma identidade [personalidade] formada, e seus ideais de vida nunca são, totalmente, os mesmos do "contrato social" dos adultos, se bem que, mesmo os adultos, divergem sobre o "contrato".

Se as revoluções e manifestações anteriores ao século XX foram desencadeadas pelos adultos, na metade século XX as manifestações inciaram-se por jovens, e muitos deles estudantes. A burguesia [iluministas] do século XVIII, diante da soberba dos reis, incitaram o povo [servos] às revoluções. O domínio cruel dos monarcas, as desigualdades sociais, a religião controlando e ditando comportamentos, aos que não seguiam eram perseguidos ou mortos, os motivos que desencadearam várias revoluções, culminando nos Direitos Humanos.

Contudo, no século XXI, a pobreza não é o motivo da adesão desses jovens aos radicais islã. Jovens de classes sociais média e alta são os que mais aderem às ideologias dos radicais. Há de se diferenciar os motivos reais das revoluções do século XVIII, para as "revoluções" propostas pelos radicais islâmicos.

Na revolução do século XVIII, não houve manipulação mental aos camponeses, mas evidenciação de que suas vidas também mereciam dignidade, por serem seres humanos como quaisquer outros, mesmo em relação aos monarcas. Já nas promessas de "revoluções" dos jihadistas há uma invocação aos imaginários utópicos. Sociedades secretas controlando o mundo, adultos arraigados em antigas concepções doutrinárias, conflitos emocionais entre pais e filhos — quando os próprios pais são demasiadamente intolerantes e/ou não dialogam com suas proles —, algumas das técnicas usadas para o recrutamento.

Outra técnica é a dissonância cognitiva, que é muito usada, também, pelos profissionais de marketing a induzirem os consumidores. O que é dissonância cognitiva? Essa teoria foi criada em 1957, pelo Dr. Leon Festinger. Escolha, algo agoniante ao ser humano. Dúvidas que o cerca, mesmo diante de suas mais arraigadas convicções intelectuais, emocionais ou espirituais, principalmente quando a escolha é feita abruptamente. E mesmo que a escolha tenha sido deforma calma, ainda assim pode a pessoa duvidar de sua escolha, posteriormente.

Pensar gera desconforto [estresse], principalmente entre duas ideias opostas e incompatíveis. Diante da dissonância, o indivíduo tentará justificar, através de uma ideia considerável plausível, sua escolha pessoal. O induzimento, para justificar o ato, vai de encontro às crenças da pessoa [induzida], de forma que ela se sinta confortável pela sua escolha e que os aborrecimentos, pela escolha, são menores do que o ato em si. Por exemplo, imagine que uma pessoa compra, mesmo endividada, um relógio de considerável status social. Mesmo individuada, o aborrecimento no final do mês, quando chegar a fatura do cartão de crédito, será sublimizada pela satisfação de estar na "moda", de ter a aceitação, positiva, de outros indivíduos de seu meio. Tal técnica é muito usada, principalmente, no pós-venda. As grandes empresas treinam seus quadros de pessoas ao atendimento ao consumidor para induzir.

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Não diferente, os radicais induzem os jovens, que ainda não possuem convicções sobre seus comportamentos, de que matar em nome de um "bem maior" é a justificativa para o ato. Geralmente justificam as ações desses adolescente sob o manto da "justiça", de que estão agindo como pessoas a "equilibrar" o mundo, que os muçulmanos mortos pelo ocidente devem ser "honrados", e que, assim, o ocidente pare de cometer atrocidades contra o oriente.

Deep Web e WEB

A internet, como muitos conhecem, não é a totalidade da rede mundial de computadores. É um ambiente perigoso para quem não sabe navegar. E nesse meio, os radicais tem disseminado seus tentáculos. É preciso salientar que os jovens deste século, grande maioria, sabe acessar a internet, criar vírus para computadores etc. A facilidade que possuem proporciona a esses jovens navegarem nos mais variados sites, blogs, e na própria Deep Web.

Mesma na internet tradicional, os radicais conseguem recrutar. Nas redes sociais é fácil verificar, assim como em sites sobre jornalismo, construções de frases de ódio, descontentamento. E os radicais monitoram e visam os possíveis recrutas. É através da internet que os radicais conseguem recrutar e induzir os jovens.

Como diminuir a ação dos terroristas?

Não é tarefa fácil num planeta globalizado graças à internet. Isso não quer dizer que ela seja o pivô de tudo. A web proporciona, também, a difusão da democracia. Como dito alhures, os jovens são os alvos preferidos dos radicais. Enquanto jovens, o planeta ainda é um ambiente confuso, principalmente diante das mudanças rápidas. Os próprios adultos sentem dificuldades de viver, qual a ideologia correta? Não mudar é ser retrógrado, mudar é perder a personalidade. Conflitos existência. Imagine em relação aos jovens?

Educação aos Direitos Humanos. Não a educação pelo simples fato de saber os acontecimentos que desencadearam os Direitos Humanos, mas seus fundamentos e diretrizes para um novo comportamento humano. É preciso, também, fomentar o perdão entre etnias que, no pretérito, digladiaram-se. A liberdade de expressão e de pensamento deve ser norteado ao encontro de ideais ao viver pacífico, não o alimentar de divergências incitadoras à guerra. Eis o grande obstáculo, pensar que liberdade de pensamento e de expressão é sinônimo de catarse.

A liberdade de expressão e de pensamento é mecanismo de proporcionar rupturas no paradigma do silêncio imposto por ditadura. Jamais se pode esgotar as opiniões, mas fomentá-las ao discernimento, ao debate democrático, sem que tais discussões caminhem para vinganças, superioridades, dominações. O radicalismo, em si, não tem culpa, mas a humanidade em si. A Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria são dois acontecimentos que ainda estão pulsantes nas mentes dos sobreviventes, das gerações que vivenciaram os terrores mundiais.

O verniz civilizatório [civilidade] já está se diluindo há muito tempo. A delicada estruturação humana ao convívio está se desmoronando, a cada década. As relações humanas têm se baseado na relação do que se pode ganhar. Os efeitos climáticos deste séculos prenunciam um futuro de caos. O culto ao consumismo, as habilidosas publicidades ao consumismo, endeusando efêmeras atitudes, não condizentes com realidade da existência humana, e de qualquer ser vivo, consagra a alienação mental. Aos jovens, tudo parece surgir por passe de mágica. As relações humanas se distanciam, pois as imperfeições humanas são reconhecidas como males inaceitáveis pela humanidade perfeccionista, na escrita, na oratória, no modo de andar, de sentar.

A humanidade se encontra aprisionada em sistemas perversos de controle. A propriedade, os alimentos, o lazer, cada vez mais são controlados, de forma que pouquíssimos seres humanos, diante das abissais desigualdades sociais, por políticas perversas do Estado liberal ganancioso, têm acesso a eles. O estado social é visto como controle perverso, quando aplicado, servem de interesses mesquinhos dos governantes.

A escravidão contemporânea e tão cruel quanto as escravidões das remotas eras humanas. O proletariado, para ter algum padrão digno de vida, mesmo com a proteção das leis trabalhistas, ainda se comparam aos proletariados da Revolução Industrial. Seus direitos trabalhistas são direitos de papéis. Nações exploram nações através das transnacionais. Essas se instalam em países complacentes com a exploração da mão de obra. E sem nenhum remorso, os cidadãos que desfrutam dos benefícios das empresas nacionais, sediadas em outros países, se beneficiam das produções. Já aos cidadãos explorados pelas transnacionais, restam esperar que as sensibilidades humanitárias dos beneficiados alcancem, algum dia, suas mentes, e recusem produtos da empresa nacional que explora a mão de obra de outro país.

Terrorista mata, eis a definição simplista. E terroristas são todas as pessoas usam de técnicas de dissociação cognitiva para alcançarem seus intentos, não importando como o outro ser humano viverá. Enquanto não mudar a ideia de exploração entre as nações, o mundo caminhará, a cada década, para um desastre global. Diferentemente da Segunda Guerra Mundial, os sobreviventes serão pouquíssimos, e rogaram para que a morte logo venha.

Sobre o autor
Sérgio Henrique da Silva Pereira

Articulista/colunista nos sites: Academia Brasileira de Direito (ABDIR), Âmbito Jurídico, Conteúdo Jurídico, Editora JC, Governet Editora [Revista Governet – A Revista do Administrador Público], JusBrasil, JusNavigandi, JurisWay, Portal Educação, Revista do Portal Jurídico Investidura. Participação na Rádio Justiça. Podcast SHSPJORNAL

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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