Símbolo do Jus.com.br Jus.com.br

Trilha sonora para a nova guerra civil

Agenda 11/12/2015 às 11:31

Uma tragédia precedida ou acompanhada de boa música é sempre mais agradável.

Toda violência política tem sua dimensão estética e musical. Ao se expandir, o Império Romano espalhou aquedutos, templos, fóruns, ginásios, teatros e arenas pela Europa, África e Ásia Menor. Em pleno século XIX início do século XX a arquitetura romana ainda inspirava a construção de prédios públicos (em Washington, por exemplo).

A geração de jovens norte-americanos que lutou no Vietnã e contra aquela guerra segue até hoje unida na grande síntese delirante e musical daquela época: Woodstock. Bill Clinton disse que fumou e não tragou, algo do que até os amigos dele duvidam.

No Brasil, a ditadura militar dividiu o país entre os velhos autoritários que gostavam de músicas com letras melodramáticas e os jovens que adoravam a bossa nova e rock and roll. Os dois grupos antagônicos, que eventualmente se sangravam - sempre em proporção desigual, pois os militares tinham mais armas e muito mais sadismo - só se uniam no carnaval.

A situação em que nós nos encontramos é curiosa. Na ante-sala de uma guerra civil sangrenta, a música não nos divide. Os petistas com mais de cinqüenta anos que defendem Dilma Rousseff e os velhacos tucanos, peemedebistas e caterva que aderiram ao golpe de estado do Michel Temer gostam do mesmo tipo de música. O que os uniu nas décadas de 1960 e 1970 não será capaz de dividi-los em 2015.

Assine a nossa newsletter! Seja o primeiro a receber nossas novidades exclusivas e recentes diretamente em sua caixa de entrada.
Publique seus artigos

É evidente que trilha sonora para a tragicomédia encenada em Brasília poderá ser a mesma para vitoriosos e derrotados. Por isto, antes de chegarmos a um ponto de não retorno os contendores podem e devem se reunir para uma última pajelança ao som de Deep Purple https://www.youtube.com/watch?v=BamOGaIz20M. Depois, eles poderão se matar uns aos outros e todos os mortos poderão, enfim, encontrar a mesma paz no cemitério como disse Platão. 

Sobre o autor
Fábio de Oliveira Ribeiro

Advogado em Osasco (SP)

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!