“No es contrario a la razón el preferir la destrucción del mundo entero a tener un rasguño en mi dedo”. David Hume
Imaginemos, por um momento, o seguinte cenário. “Passas por casualidade ante um pequeno lago e vês a uma criança se afogando. Não há nem pai, nem mãe, nem nenhum outro transeunte por perto para socorrê-la. Tu podes salvar sua vida facilmente. Basta que corras em seguida onde ela está e, sem sequer desnudar-te, lhe tragas até a borda. Não é necessário que saibas nadar, pois o lago não é profundo. Se o fazes, só te expões a estragar os belos sapatos que acabas de comprar e a chegar tarde a teu trabalho. Não seria monstruoso deixar morrer a essa criança para não estragar os sapatos novos e evitar o reproche de teu chefe?”.
Se o amável leitor (a) responde que sim, também terá que admitir que é igualmente monstruoso, por exemplo, deixar morrer de fome a oito crianças que vivem em países mais pobres quando bastaria que dedicasse uma parte ínfima de seu salário para salvá-las. Dito de outro modo, em um mundo racional, onde o animal mais inteligente da terra funciona motivado pela “razão”, o deixar morrer de fome a oito crianças em um país distante, quando poderiam salvá-las facilmente enviando um pequeno cheque a uma organização decente, seria francamente incompreensível. Oito mortos são, objetivamente, um fato oito vezes mais grave, mais triste e mais impactante que um só morto. Ademais, trata-se de uma regra básica de razoamento: “Os casos similares requerem respostas similares”. (P. Singer)
Mas não vivemos neste tipo de mundo e tampouco somos tão racionais como se pretende: não funcionamos como uns “preferidores racionais” e a decisão de ajudar não depende somente de avaliações lógicas. Não é maldade ou um mal-entendido moral. Simplesmente o cuidado ou a ajuda humana é produto de uma combinação de impulsos emocionais e filtros cognitivos: nossa simpatia[1] não está feita para a humanidade; nossa solicitude e nossa disposição a ajudar são um recurso limitado que nem sempre nem em todas as partes podem distribuir-se. O amor ao próximo tem um limite, e quem sempre e em todas as partes é bom para todos, é mau para si mesmo – como no caso do aviso ao princípio de cada vôo, o primeiro é cuidar-se de si mesmo para depois cuidar de outros («Em caso de despressurização, máscaras cairão automaticamente. Puxe uma delas, coloque-a sobre o nariz e a boca ajustando o elástico em volta da cabeça e depois auxilie os outros, caso necessário»). (F. de Waal)
Pois bem, um tópico jornalístico para designar este tipo de atitude é o chamado “quilômetro sentimental”, segundo o qual o interesse por um fato qualquer é inversamente proporcional à distância que nos separa da vítima. Maior distância, menor interesse. Tal como explica Pascal Bruckner:“Los periodistas llaman «kilómetro sentimental» a la ley según la cual nuestro interés por los demás es inversamente proporcional a la distancia que nos separa de ellos: un muerto en casa es un drama, diez mil allende los mares una anécdota”. Assim é o que reza esta lei. Mas não há que entendê-la ao pé da letra, já que não se trata, desde logo, unicamente de uma distância física, senão emocional. Divina distância!
Por que as pessoas respondem a determinadas desgraças e não a outras? Por que sentimos maior interesse ou experimentamos mais intensamente as notícias que se representam mais cerca, geográfica e emocionalmente, a nós? Como sentir-nos responsáveis de dramas que se situam a milhares de quilômetros de nossos lugares e/ou aos que somente nos vincula uma série causal e afetiva infinitamente tênue? Por acaso exigir que todo mundo vibre igual pelos males alheios, ocorram onde (e a quem) ocorram, não é ignorar os impulsos básicos que nos movem a ajudar aos demais? É uma evidência real na vida, mais além que qualquer debate razoável, que todos damos mais valor a nossos filhos que ao filho do vizinho, que reagimos de modo diferente quando morre um amigo que um desconhecido e que consideramos de forma distinta as desgraças alheias segundo o próximas que nos resultem. Preferir é humano, o amor é discriminatório e estamos biologicamente programados para favorecer os mais próximos, diz Stephen T. Asma.
Este fenômeno pelo que a distância degrada à banalidade e/ou à insensibilidade as desditas dos demais não é um juízo de valor sobre o diferente peso ou importância da vida humana. Tampoco nos diz como deveria ser o mundo. Simplesmente nos diz como é. Ninguém nos manipula desde as sombras do inferno para que nos importe mais uma criança cerca se afogando que oito crianças distantes, nossos filhos que aos filhos de nossos irmãos, nossos amigos que aos desconhecidos. Não nos definimos discriminando aos demais, senão selecionando aos que sentimos próximos. Onde a empatia realmente importa é nos nossos relacionamentos pessoais, porque não se pode querer e ter em alta estima a todos os seres humanos viventes (o que se pode querer e ter em alta estima é a «ideia» de ter em alta estima a todos os seres humanos).
Não resulta fácil imaginar-se com maior claridade a diferença entre uma moral geral da razão e nosso sentimento moral completamente subjetivo. Provavelmente todos somos da razoável opinião de que toda vida humana vale em princípio o mesmo. Mas só em princípio. De fato, fazemos diferenças muito grandes entre o valor da vida de pessoas próximas a nós e o daquelas que não o são. O imperativo categórico de Kant, segundo o qual nossa ação moral há de tender sempre a gozar de validez universal, em realidade é (incessantemente) socavado por nossos instintos sociais, nossas emoções e intuições morais. E por muito correto e convincente que o imperativo categórico seja como ideia, nada ou muito pouco tem que ver com nossa práxis na vida diária: queremos e temos em alta estima a algumas pessoas que conhecemos. Em uma elegante formulação de Peter Sloterdijk: “El valor de uso del imperativo categórico está en su sublimidad, que salvaguarda su inaplicabilidad”.
Quando valoramos moralmente a outras pessoas medimos com rasoura diferente; e não é a razão a que pronuncia nosso juízo, “sino más a menudo la simpatía” (R. D. Precht). Nossa percepção e sensibilidade do mundo são as de animais. Que valoremos de outro modo a pessoas que nos resultam cercanas que a estranhos é um instinto natural. De animais inteligentes, certo, mas o foco de interesse e a natureza dessa inteligência são muito limitados. Apesar da infinita variedade da condição humana e de nossa inigualável capacidade mais ampla de abstração, de planificação a largo prazo e de representação para criar deslumbrantes fantasias e discursos de tipo «Miss Universo» («moral universal», «dignidade humana», «igualdade plena», «justiça global» e um longo etcétera), isto não está em relação direta com o que em nosso dia a dia experimentamos, compreendemos, elegemos, decidimos e podemos, portanto, pôr em prática. Somos uma espécie que em cada momento de vigília — e inclusive em sonhos — luta para dirigir o fluxo de sensação, emoção e cognição a estados de consciência que valoramos, especialmente quando se trata de nossas relações e vínculos afetivos (S. Harris).
A seleção natural desenhou nossa espécie para a sobrevivência, a autopreservação, o bem-estar próprio e o cuidado continuado destinado à nossa descendência. E uma vez que nossos cérebros estão organizados para investir muita atenção nos seres mais achegados, indispensáveis para perceber e sentir quem somos, os sentimentos implicados nas táticas de “«protegerse a uno mismo» también se hallan en las tácticas de «proteger a los míos»” (P. Churchland). A neurobiologia do apego e da empatia (que conta com mecanismos neuronais e circuitos de apagado-aceso), responsável pela geração e intensidade da diligência e atenção para valorar, apreciar e preocupar-se pelos indivíduos que não são de nossa própria descendência, não começa ou se ativa com uma explosão de boa vontade ou de solidariedade, senão como um frágil sussurro causado e estimulado pela sensação de afinidade. Daí que o entorno natural social em que o ser humano plasma seus vínculos de afeto e apego é sua horda: ela é nosso mundo emocional, o lugar do amor, do ódio, da compreensão, da ajuda, da cooperação, do câmbio e o intercâmbio, da preocupação pelos demais e do cuidado. “Lo que queda fuera de ese alcance solo lo percibimos como lejano” (R. D. Precht).
Para os seres humanos normais e com personalidade própria, os outros somente importam através das situações nas quais podemos cruzar-nos com eles. Porque o natural, o instintivo, é que o despertar da empatia, da simpatia ou da compaixão se dirija sempre a um ser singular e próximo: o desditado há de ser separado da massa, individualizado, íntimo, com um rosto identificável e cujo destino podemos seguir. Esta a razão pela qual nos importa mais nosso filho que o de um amigo, o de nosso amigo que o de um estranho, e o de um estranho de Estados Unidos que o de um estranho do Congo. É por isso também que nossos ascendentes e descendentes são «os melhores do mundo», que nossa «super-família-unida» agrupada nas festas navidenhas é a mais querida do planeta ou que um soldado americano que não daria um sopapo a uma criança indefesa seja capaz de disparar um míssil desde um F-18 a centos de quilômetros do objetivo e provocar a morte de 200 crianças igualmente indefesas.
Nos famosos experimentos Milgram, quando a vítima estava na mesma habitação que o sujeito experimental e este podia ouvir seus gritos, e inclusive tinha que participar ativamente em sujeitar-lhe para administrar a descarga elétrica, a porcentagem de sujeitos que se negou a seguir administrando os shocks eléctricos aumentava notavelmente. E o mesmo se pode dizer dos experimentos levados a cabo por Marc Hauser sobre o clássico dilema do trem: matar a uma pessoa inocente para salvar outras cinco almas. Se a realidade fora um dilema moral puro, desvinculado de qualquer contexto pessoal e emocional, quem duvidaria em preferir que o trem, em qualquer circunstância, mate a uma que a cinco pessoas?[2]
A compaixão, ensina Martha Nussbaum, “tiene tres elementos cognitivos: el juicio de la magnitud (a alguien le ha ocurrido algo malo y grave); el juicio del inmerecimiento (esa persona no ha provocado su propio sufrimiento); y un juicio eudaimonista (esa persona o esa criatura es un elemento valioso en mi esquema de objetivos y planes, y un fin en sí mismo cuyo bien debe ser promovido)”. Todos se ativam evidentemente ante a contemplação do sofrimento alheio. Agora, sendo inegáveis a magnitude da desgraça, assim como irrefutável o imerecimento da dor causada, é o «juízo eudaimonista» o que está equivocado a maior parte das vezes – “y casi siempre de forma dramática”, adverte a autora. E, com efeito, assim parece no exemplo mencionado a princípio. A imaginação empática se quebra ante a percepção sobre até que ponto outros seres humanos devem ser incluídos dentro do círculo daqueles que merecem nosso interesse e nossa atitude respeito do que lhes passe.
Por esse motivo há concepções éticas, já sejam religiosas ou seculares, que animam às pessoas a ampliar ou transcender suas esferas de interesses mais além dos limites que abarca a moral cálida da proximidade. Não obstante, nem tudo é benevolência no reino do Senhor. Nada é o que parece; nem nos tocam indiscriminadamente as simpatias pelo evidente. Em verdade, somente algumas almas cândidas creem que existe algo assim como um gene da bondade universal no DNA dos seres humanos: nossos sentimentos, decisões e disjuntivas morais se condensam no cérebro e o que chamamos «empatia» (ou «altruísmo») tem uma composição tão eletroquímica como o que chamamos «amor próprio» (ou «egoísmo»)[3]. O alcance de nossa simpatia e de nossa incumbência moral requer um sentimento de cercania emocional, de identidade, de ação presente e que esta ameace ou dane um sistema físico cuja antropomorfização seja praticamente adjacente e imediata para gerar um sentimento de dor, angústia ou mal-estar próprio.
A preocupação humana ante o sofrimento não é proporcional à intensidade ou quantidade do mesmo, senão ao grau de confinidade de quem o padece: nossos familiares e amigos pertencem ao âmbito mais estreito de apego, sentimento compartido e simpatia, no seguinte nível estão as pessoas que conhecemos bem e depois vem as que nos importam mais ou menos igual. E ainda que creiamos que não deveria ser assim, o certo é que nos importa mais o rasgunho que se fez nosso filho no pátio do colégio que a morte de 2.000 pessoas desconhecidas em terremoto ocorrido em algum lugar muito remoto do mundo. Quanto mais interesse, mais empatia; quanto menos, mais indiferença. Por dizê-lo de alguma maneira mais desafetada: nosso sentimento de apego, nossa atenção e/ou nossa implicação emocional é um recurso limitado que nos leva a que nos despreocupemos e descuidemos pelos problemas sem rosto, ou cujo verdadeiro rosto não desperta tanta empatia.
Mas há algo mais. Ao «quilômetro sentimental» se acrescenta outro fator: o da perversa manipulação do chamado efeito ou «síndrome da vítima identificável». É um fato comprovado que a gente se dispõe a ajudar a uma vítima da que conhece sua cara e seus dados. Diferentes experimentos já demonstraram que tendemos a doar mais dinheiro se nos dizem que o beneficiário será uma criança que se morre de alguma enfermidade que se nos dizem que serão oito. Em laboratório, por exemplo, se perguntou aos sujeitos quanto dinheiro dariam para criar um medicamento que salvara a uma criança e quanto para criar um medicamento que salvara a oito crianças, e as respostas foram similares. A um terceiro grupo se lhes disse o nome e a idade da vítima, e se lhes ensinou uma foto. O resultado foi que deram muito mais dinheiro para salvar a esta criança em concreto que para salvar as outras oito.
Seguindo com o tema dos números, não há diferença psicológica entre inteirar-se do sofrimento de 5.000 pessoas ou de 50.000. Imagine o amável leitor (a) que lê em um jornal que morreram 2.000 pessoas por causa de um terremoto ocorrido em um remoto país e logo se adverte de que as mortes foram em realidade 20.000. Se sentirá 10 vezes pior? Seguramente não. Agora imagine que entre os 20.000 mortos se encontrava um bom amigo, alguém conhecido, o filho de seu vizinho ou um “ator global”. Neste caso, nossa sensibilidade em relação à vítima ou nossa capacidade de identificar-nos com o «próximo mais próximo» é automática e naturalmente ativada; a linha entre “el yo y el otro se desdibuja y difumina” (F. de Waal) - em definitiva, sentimos a emoção aumentada de ver uma tragédia que poderia ter ocorrido conosco[4]. E dado que necessitamos desta espécie de chispa de simpatia (ou imaginada conexão) para converter a inteligência em ato, a vulgar curiosidade em atenção deliberada, não nos damos conta de que milhares de mortes são pior que uma, ainda que conheçamos ou possamos identificar alguma pessoa em particular.
Uma estatística não faz chorar, e as grandes cifras das desgraças comovem menos que a visão, motivada em primeiro lugar pela sensação de proximidade, de um homem ou de uma mulher destroçados pelos infortúnios, carências ou enfermidades: «Um morto identificável é uma tragédia; 20.000 são uma estatística»[5]. Para chegar a ser efetiva a compaixão requer tarefas a sua escala, quer seguir sendo uma empatia do cara a cara, do encontro[6]. Assim se produz o que Pascal Bruckner chama «a recriação cosmética da vítima», a que se prepara, se maquila para torná-la apresentável e identificável, e, desse modo, fomentar uma cultura degenerada na «vitimização» que combina a exigência ou o dever de compaixão com uma avidez sem limites e sem submetimentos a tudo o que possa atrair nossas simpatias. Como diz o provérbio: “Al diablo también le gusta citar las Escrituras”.
O problema é que esta lógica do saturamento por imperiosa identificação não é gratuita e tem algo de inumano em seu próprio movimento: não provoca mais que breves sacudidas nervosas, minando a capacidade moral e a empatia de quem a pratica. Por quê? Porque, como nossa empatia é estreita e seletiva, não podemos colocar-nos no lugar do outro indistintamente. Os patéticos chamamentos ou gritos de alarme para que nos «empatizemos» com as desgraças dos demais produzem uma espécie de insensibilidade redobrada, lassa, fruto da saturação e não da carência; uma sensibilidade intermitente afetada por algumas rachas de emoção fugaz em que se oculta uma espécie de desprezo disfarçado. O único que nos concerne não é o que nos comove, senão o que nos ameaça ou nos resulta proveitoso. Em consequência, nossa preocupação e compaixão pelos demais está cada vez mais submetida à lei mais cambiante: a do capricho.[7]
Para que a empatia não se degrade em uma difusa piedade, para que não olvidemos que o que impede amar a todos é precisamente o que permite cuidar a uns quantos, é necessário entender e abraçar a evidência de que o sentimento de simpatia ou empatia por alguém não depende de como percebamos seu sofrimento: sempre faltará ainda esse «algo», esse «quid», que nos estremece a alma[8]. Como seres limitados que somos, não podemos entregar-nos a todos e a empatia não pode responder a todas as expectativas e sofrimentos, como tampouco aplacar todos os prantos: “hagamos lo que hagamos, nunca conseguiremos saldar nuestra deuda con la desdicha de los demás. Y seguimos oscilando, como un péndulo, entre el anhelo de la simpatía universal y la encarnación restrictiva” (P. Bruckner).
Assim as coisas, vou rematar com uma reflexão de Adam Smith (Theory of Moral Sentiments) sobre a fragilidade do transfundo genético que contribui ao circuito do - ou que gera o - poder da empatia/simpatia: “Suponhamos que o grande império da China, com suas miríades de habitantes, fosse subitamente engolido por um terremoto, e imaginemos como um humanitário na Europa, sem qualquer ligação com aquela parte do mundo, seria afetado ao receber a notícia dessa terrível calamidade. Em primeiro lugar, imagino, expressaria de maneira inequívoca sua tristeza pela desgraça desse infeliz povo, faria muitas reflexões melancólicas acerca da precariedade da vida humana e a vacuidade de todos os labores humanos, que podem ser assim aniquiladas em um instante. Também entraria quiçá, se fosse um homem de especulação, em muitos razoamentos concernentes aos efeitos que este desastre poderia produzir sobre o comércio em Europa, e sobre o comércio e o devenir do mundo em geral. E quando toda esta excelente filosofia tivesse terminado, quando todos esses humanitários sentimentos tivessem encontrado sua expressão definitiva, continuaria seus assuntos ou seus prazeres, tomando seu repouso ou seu ócio com a mesma calma e tranquilidade que teria se tal acidente não houvesse sucedido. O mais frívolo desastre que se abatesse sobre ele causaria uma perturbação mais real. Se soubesse que teria o dedo mínimo amputado pela manhã, não dormiria de noite; mas, desde que nunca os visse, roncaria na mais profunda serenidade ante a ruína de centenas de milhares de seus semelhantes.”
Smith não julgava ao ser humano: simplemente o descrevia. Somos o que somos! Nos preocupamos primeiro de nós mesmos, de nossos filhos, de nossas famílias, de nossos amigos, de nossos conhecidos e parecidos, de nossos conterrâneos... e nossa inquietude vai diminuindo segundo vamos distanciando-nos de nosso círculo. Não somente é normal e inevitável, senão que é igualmente recomendável e sano. Ninguém poderia viver com o peso de todos os males da humanidade se realmente os sentira como próprios.
Adam Smith tão somente assinalava o óbvio: que a ti, amável e distante leitor (a), tampouco te «importa uma merda» o que passe comigo, com os demais humanos aos que não conheces e/ou, já que estamos, com os refugiados sírios. (C. Campos)
A boa notícia é que é mútuo.