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Pedras e flores: no caminho de um Estado de Direito que anseia por uma democracia de fato

Agenda 03/06/2016 às 11:35

Uma reflexão sobre a atual conjuntura política do país com base nas matrizes políticas instauradas, numa sociedade que anseia por mudanças que se concretize de fato em um possível caminho para uma democracia igualitária e atuante.

 Na atual conjuntura política estabelecida no país é visível a formação de diferentes matrizes políticas instauradas e impregnadas nas ações e discursos da sociedade, tais como: O Coronelismo que anseia por perpetuar uma política controlada e comandada por uma minoria rica retrocedendo ao “voto de cabresto”. O Machismo, ideologia penetrada no cenário político com a ideia errônea de que os homens são superiores às mulheres,negando qualquer igualdade de direitos e deveres dentre as diferentes identidades de gêneros.O Fascismo, como um parasita que neutraliza seu hospedeiro atuando em conluio com um sistema empresarial que são favorecidos por um governo medíocre que nega os direitos e liberdades fundamentais aos indivíduos.

O Fascismo fortemente vem sendo propagado e mascarado de forma violenta e banal nos meios de comunicação, através de pessoas “alienadas”e carentes de pensamento crítico, criando e estabelecendo uma ameaça à democracia ao cultivar um “analfabetismo político”, que se manifesta nas redes sociais digitais através dos compartilhamentos de links inconfiáveis quanto ao conteúdo, sem qualquer garantia da veracidade desses fatos. O culto às barbáries escritas trazidas para o âmbito social por meio de discursos virtuais e práticas de “copia e cola” na internet, são alguns exemplos de ações esvaziadas de pensamento crítico e reflexivo.E por fim,os grupos formados pelas Minorias,que de forma contraditória e irônica representa, em sua grande parte, a maioria da população, como os negros, pobres e mulheres, e minoria de representantes na política, violando o princípio da soberania popular nas decisões democráticas, sendo assim, precária a representatividade institucional do povo na política brasileira.Cabe ressaltar que nesses grupos temos ainda aqueles vinculados aos movimentos GLBTs que buscam lutar por seus direitos, principalmente em relação ao fim da banalização da intolerância praticada contra essas pessoas. Nas palavras de Mahatma Gandhi, “a intolerância é em si uma forma de violência e um obstáculo ao desenvolvimento do verdadeiro espírito democrático”.

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 É notório que o quadro atual político brasileiro e a crise financeira instaurada no país tem, de certa forma, fomentado o crescimento de combustíveis de amor e ódio nos corações da nação, deflagrando explosões em forma de intolerância à determinadas posições políticas ideológicas e falta de respeito ao próximo.Podemos relembrar alguns casos em que pessoas, especialmente negras e pobres, foram vítimas de ataques animalescos, dos quais repudiamos os incentivos e apologias a esses crimes praticados, tais como o recente caso do goleiro Aranha chamado de “macaco” durante uma partida de futebol; de Vinicius Romão,ator e psicólogo, que foi preso injustamente por ter sido suspeito de assaltar uma mulher no Rio de Janeiro;  da apresentadora do jornal nacional Maria Julia Coutinho chamada por alguns internautas do Facebook de “preta imunda”;o estupro coletivo com uma jovem de 16 anos moradora de uma comunidade do Rio de Janeiro, e muitos outros casos em que a violência psicológica tornou-se mais agravante do que a violência física.

Ansiando por mudanças a sociedade cobra dos seus governantes mudanças tais como: a reforma política, a reforma na política educacional,a busca de se criar novos espaços de participação política que podem se constituir em um caminho possível,fortalecendo os indivíduos para que se reconheçam como sujeitos coletivos e estabeleçam mudanças acessíveis à maioria da população, quebrando os paradigmas sociais e culturais instaurados e propagado ao longo dos anos no contexto histórico brasileiro. 

Os paradigmas sociais, portanto, começam a ser quebrados de fato, não só quando a “senzala invade a casa grande”,mas também quando uma Juíza Federal recebe em seu lar uma estagiária negra, sem receios de sentir a falta de algum objeto em seu escritório, ou que em seu sofá fique o “cheiro de negro”,mas, ao contrário, procura dialogar com a estagiária com total isonomia, buscando conhecer as suas potencialidades, independentemente da cor da pele ou da sua condição social. É certamente essa naturalidade no agir e pensar igualitariamente que impulsiona o País para uma democracia de Fato e de Direito.

Assim, entendemos que a primeira reforma a ser feita é uma reforma íntima que nos leve à reflexão sobre nossos atos, analisando nossas percepçõessobre o outro para buscar vivenciar a igualdade pautada no amor e respeito. Acreditamos que por meio de um governo baseado na educação que visa formar cidadãos críticos e reflexivos, estaremos limpando toda está maquiagem democrática vigente e caminhando rumo a consolidação de uma democracia igualitária atuante e de respeito. 

Sobre a autora
Marta Lisboa

Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Santa Cruz e Graduanda em Direito pela Faculdade de Ilhéus/BA

Informações sobre o texto

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