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O engessamento das relações trabalhistas

Agenda 29/07/2016 às 10:15

Com o aumento do desemprego em face da crise econômica na qual o país atravessa, a Justiça do Trabalho vê um grande incremendo no ingresso de reclamatórias trabalhistas.

No ano em que completa 75 anos, a Justiça do Trabalho vê o desemprego atingir a quantidade de 12,5 milhões de brasileiros. O pânico gerado pela legislação trabalhista, que cerca de perigos a contratação de mão de obra, responde pela trágica realidade. Acaba-se restringindo o poder do empregador de contratar, diminuindo as vagas de trabalho existentes.

Setenta e três anos depois da criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), temos uma legislação desatualizada que faz com que o empresário não contrate porque tem medo da Justiça e das condenações dela advindas. A legislação brasileira protege excessivamente o trabalhador, engessa a relação entre patrões e empregados e onera as empresas. A enorme quantidade de regras — são mais de 1.700, entre leis, portarias, normas e súmulas trabalhistas — também gera insegurança, custos excessivos e desnecessários para o empregador. Temos leis trabalhistas obsoletas, datadas da era Vargas, com viés claramente socialista, que têm como objetivo simplesmente beneficiar os trabalhadores sem se preocupar com a sustentabilidade das empresas e perpetuidade das vagas de trabalho.

Em tempos de crise, como hoje, o esperado aumento do número de processos trabalhistas é de cerca de 13% (que se somarão aos 2,66 milhões de ações recebidas em 2015), decorrência do aumento do desemprego ocasionado pela crise econômica que atravessamos. Ultrapassaremos a marca de 3 milhões de novos processos trabalhistas neste ano de 2016!

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Não há como um país prosperar com tamanha insegurança nas relações de trabalho, bem como com um passivo tão grande. Temos uma legislação trabalhista extremamente paternalista, que simplesmente protege o trabalhador, esquecendo a sustentabilidade das empresas, a competitividade e a produtividade no ambiente de trabalho.

Posturas assim, no âmbito da Justiça do Trabalho, vêm de encontro às aspirações de quem produz e enfrenta dificuldades exatamente pela rigidez da lei trabalhista e insegurança jurídica encontrada, o que acaba sendo prejudicial também ao trabalhador, uma vez que inibe o empregador de fazer investimento. A legislação em vigor sucateia os salários e benefícios, diminui a oferta de empregos e, em determinados casos, gera desemprego, aumentando a informalidade.

Ademais, além de extremamente complexa e abstrata, a legislação atual estimula a rotatividade porque incentiva que o funcionário queira ser demitido, pois ganha um prêmio ao sair da empresa – entre quatro e cinco salários a mais, em FGTS e multa rescisória –, bem como acaba recebendo o seguro-desemprego se não encontrar outra qualificação no mercado. Tais normas, ao mesmo tempo, desestimulam os empregadores a investir em qualificação, pois a empresa corre o risco de perder esse investimento rapidamente.

Para sair da crise, precisamos tornar menos inseguro o ato de contratar, flexibilizando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), adequando-a para a realidade atual, aumentando a produtividade da economia, reduzindo os custos dos empresários ao investir, aumentando assim a oferta de empregos e diminuindo o desemprego. É preciso que se compreenda que o mercado de trabalho, para gerar eficiência, deve propiciar a livre pactuação de contratos, já que o emprego só vem pela tomada de riscos do empreendedor. Esse é um caminho que o Brasil urgentemente precisa percorrer, afinal, parafraseando Ronald Reagan, o melhor programa social que existe é um emprego.

Sobre a autora
Júlia Evangelista Tavares

Advogada. Graduada no curso de Bacharelado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e especializanda em Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Associada efetiva do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)

Informações sobre o texto

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