Nas licitações do Metrô-SP foram cometidos dezenas de crimes (durante os governos de Covas, Serra e Alckmin). Roubalheiras de bilhões. Muita gente graúda, políticos, funcionários e partidos se enriqueceram.
A Siemens (alemã) já foi condenada por essas corrupções, nos EUA, confessou seus crimes (também) no Brasil (no Cade) e até agora os processos criminais tramitam pela Justiça paulista sem nenhuma condenação.
Esse é o sistema (da morosidade), cujas instituições foram programadas para favorecer a impunidade das castas. Os crimes são do final do século XX e começo do século XXI. Muitos correm risco de prescrição.
Dentre outras, participaram das cartelizações fraudulentas grandes empresas do mercado nacional e internacional: Siemens (Alemanha), Alstom (França), Bombardier (Canadá), Mitsui (Japão), Temoinsa (Brasil), Tejofran, MPE, MGE, Ttrans e CAF (a espanhola e sua filial brasileira) etc.
Como podemos acreditar na tese de que a corrupção só existe no Brasil? A corrupção, como se vê, está no mundo inteiro. Como podemos acreditar nas teorias de que a corrupção é herança histórica dos portugueses que a trouxeram com as caravelas? As empresas estrangeiras citadas não têm cada a ver com essas caravelas.
Como acreditar que a corrupção só existe dentro do Estado patrimonialista vindo da tradição dos portugueses? Isso é um mito. Quando se olha para o corruptor, lá estão grandes empresas do mercado nacional e internacional (de vários países). Ou seja, o mercado capitalista também tem muitos corruptos. Corrupto não é só o Estado, é também o mercado (setores dele).
A corrupção não é coisa arcaica de países subdesenvolvidos. A corrupção está presente em países socialistas, comunistas e capitalistas. Todos os países capitalistas modernos possuem corrupção.
A diferença reside na observância das regras do jogo e nas instituições de controle, que funcionam muito bem onde elas são independentes e fortes (a Lava Jato, no Brasil, vem sendo exceção).
Onde as instituições se subordinam aos interesses das elites dominantes e governantes (elites econômicas, financeiras e políticas), que canalizam o enriquecimento para elas, a morosidade e a impunidade constituem a regra.
O desafio é mudar o nível de empoderamento e a eficiência das instituições de controle. Os corruptos e as empresas no mundo competitivo atual se liberaram de toda ética (ressalvadas poucas exceções).
Elas, em geral, não internalizam as normas jurídicas e éticas. Nem se identificam com o comportamento das outras empresas (que fazem a mesma coisa para apresentarem bons resultados nos balanços).
Conclusão: a única linguagem que essas castas corruptas entendem é a da punição, da submissão, do encarceramento, do empobrecimento. Onde as instituições não funcionam, criam-se paraísos penais. O Brasil, em regra, é um desses paraísos penais. Com a Lava Jato e outras operações congêneres, estamos começando a mudar a história. Por esse caminho, dentro do Estado de Direito, temos que seguir.