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A biotecnologia aplicada na área da saúde humana.

Dilemas e benefícios sobre progresso e eficiência de novas práticas científicas num enfoque bioético

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Agenda 01/07/2019 às 16:00

3. Células tronco e seu uso na biotecnologia.

As terapias que a biotecnologia trouxe junto com seu desenvolvimento são muitas, a medicina hoje trata diversas doenças com o uso de células tronco. Foram anos de pesquisas e muitos investimentos na área científica para mapear o genoma humano e prosseguir com os avanços e aprimoramentos para beneficiar a saúde. As células-tronco são fundamentais para compreender o funcionamento do corpo humano, na cura de doenças, tratamento de doenças, desenvolvimento de medicações, criação de tecidos e órgãos etc.

As células-tronco tem papel de recompor tecidos danificados, originar todos nossos compostos celulares, são nada mais, nada menos que um sistema que fabrica células por toda nossa vida, substituindo de forma controlada, com organização, dando origem a sistemas, tecidos, são diferenciadas, tem capacidade autorreplicação, e também por sua origem embrionária são totipotentes.

As células-tronco se dividem-se em:

a) Totipotentes ou embrionárias: que conseguem se diferenciar em todos os 216 tecidos que formam o corpo humano.

b) Pluripotentes ou multipotentes: que conseguem se diferenciar em quase todos os tipos de tecidos humanos, com exceção da placenta e anexos embrionários.

c) Oligopotentes: são as que conseguem diferenciar-se em poucos tecidos.

d) Unipotentes: as que conseguem diferenciar-se em um único tecido.

Essa variedade de tipos de células-tronco tem se ampliado em opções de terapias celulares, contornando, inclusive, dilemas éticos como a utilização de células-tronco embrionárias. São exemplos de aplicação o uso de células-tronco no tratamento da leucemia, com o transplante de medula óssea, ou terapias com células do cordão umbilical do próprio paciente doador. A grande aplicação destas células está associada a sua capacidade se diferenciar em diversas linhagens celulares, tais como cardiomiócitos, neurônios, células hematopoiéticas, células beta pancreáticas, entre outras. Existem diferentes tipos de célula-tronco e diferentes níveis de potência, sendo que quão maior a potência, em mais tipos celulares ela pode se diferenciar.

3.1. Pesquisa com células tronco embrionárias

Obtemos embriões humanos através de clonagem ou fertilização sexuada ou in vitro, obtendo assim o embrião que após zigoto resulta o blastocisto ou embrioblasto. As células-tronco podem ser retiradas do blastocisto onde a fertilização ocorra in vitro via transferência de núcleos, ou retiradas de embriões recém fecundados não usados em inseminações, que seriam armazenados ou descartados. As pesquisas deram início em 1960 porém o marco definitivo onde trataram mais incisivamente nas pesquisas de células-tronco foi em 1994 através de embriões de fertilização in vitro.

Estas células são capazes de nos dar entendimento sobre o desenvolvimento do corpo humano e suas anomalias e os gens ligadas à doenças, assim podendo impedir antes mesmo da concepção esta fusão. As terapias gênicas são diversas voltadas à saúde e bem estar, com intenção de mutação celular, na fabricação de vacinas atualmente estuda-se formas de modificar o núcleo e seu RNA afim de resistir ao vírus HIV, outra proposta também são os transplantes onde são aplicadas células para restaurar tecidos doentes ou lesados.

O Uso de células-tronco em pacientes com ’Mal de Parkinson:Tanto as células-tronco adultas quanto as embrionárias andam mostrando que podem enfrentar o mal de Parkinson, hoje incurável. Cientistas do Centro Médico Cedars-Sinai, na Califórnia, usaram células-tronco do próprio cérebro de um doente de Parkinson e fizeram os sintomas do mal diminuírem 80%.’’ Revista Super Interessante

3.2. O rim humano criado a partir de uma célula tronco

Pela primeira vez na história da ciência médica, cientistas da Universidade de Manchester foram capazes de produzir um rim humano funcional dentro de um organismo vivo. Para a comunidade médica e pacientes debilitados, isso significa um tratamento mais eficaz para doenças renais.

A pesquisa, publicada na revista “Nature Communications”, começou com o desenvolvimento de um “hospedeiro” adequado no qual os rins poderiam ser cultivados. Os pesquisadores coletaram embriões de ratos geneticamente modificados para que eles não desenvolvessem rins por conta própria. Os embriões foram injetados com células-tronco pluripotentes (que se desenvolvem em qualquer uma das células e tecidos que compõem o corpo) de camundongos e implantados em úteros de ratos para que pudessem ser transportados.

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Os pesquisadores descobriram que as células-tronco dos produziam rins aparentemente funcionais. O mesmo não aconteceu quando as células-tronco dos camundongos foram injetadas em embriões de camundongos modificados de forma semelhante. As células-tronco do camundongo se diferenciaram, de pronto, nos dois tipos principais de células necessárias para a formação dos rins — diz Masumi Hirabayashi, professor associado do Instituto Nacional de Ciências Fisiológicas do Japão, que supervisionou o estudo.

Porém, a técnica não foi isenta de problemas. Os animais desenvolveram rins aparentemente funcionais, inclusive com conexões adequadas com o ureter, tubo que liga os rins à bexiga —, mas morreram logo após o nascimento.

De acordo com a pesquisa, remover os genes que permitem que os rins se desenvolvam, quando os camundongos ainda estavam no útero, pode ter também removido a capacidade de olfato dos animais. Com isso, recém-nascidos não conseguiram detectar o leite, não sendo amamentados adequadamente.

O processo de crescimento de órgãos humanos em animais representa um enigma ético porque as células-tronco humanas podem se transformar em células cerebrais ou reprodutoras no hospedeiro. Existem barreiras técnicas sérias e questões éticas complexas que devem ser discutidas e resolvidas antes de se produzir órgãos humanos em animais, diz Hirabayashi. 2007. p 176

No curto prazo, é provável que novos estudos sejam focados em descobrir formas de modificar geneticamente camundongos hospedeiros sem efeitos colaterais letais. Se esses estudos forem bem sucedidos, os pesquisadores pretendem realizar novos testes nos rins derivados de células-tronco, tentando transplantá-los dos hospedeiros para outros animais. No futuro, os testes podem envolver a tentativa de fazer crescer órgãos humanos em animais, para possibilitar o transplante.

Os porcos são considerados os melhores hospedeiros para a regeneração de órgãos humanos, mas os embriões desses animais só se desenvolvem por 16 semanas, ao contrário das 40 semanas que os bebês humanos precisam para crescer.


4. Genética humana e suas inovações na Biotecnologia.

Conhecer a própria natureza, explorar a vida humana é um fenômeno que estende-se pela sociedade mesmo com o passar do tempo, é uma eterna mudança com agregação de mais conhecimento sobre o tema para explicar a natureza humana e sua diversidade genômica, questões que surgem na avaliação relacionando a ciência e as diversas técnicas de controle da natureza do ser humano.

A biotecnologia representa, neste sentido, a manipulação da vida mediante técnicas altamente sofisticadas no âmbito global (Barreto e Schiocchet, 2005, pg 259)

Apesar da visão que as novas descobertas biotecnológicas são permeadas por interesses econômicos, e principalmente pelo que Agamben (2004, pg 125) chama de politização da vida, este processo consiste em considerar a vida natural como fator determinante nos mecanismos de cálculo do poder. São eles, conhecimento e poder, gerados pelas descobertas biotecnológicas que não se restringem somente à manipulação de corpos, os limites são mais amplos, o biopoder entra no nível celular, molecular e inclusive genético.

Citamos medicações de última geração, técnicas de reprodução assistida, pesquisas com células tronco, há evidentemente uma ‘dominação racional da sociedade representada pelo consumismo individualista em torno da vida, em que tudo é determinado pela satisfação de necessidades privatizadas (HABERMAS, 1968, p 81).

As implicações relacionadas ás técnicas genéticas são de diversas naturezas, tais como, social, econômica, sanitária, cientifica, ética, jurídica, incluindo diversos temas como preservação da imagem, confidencialidade, não discriminação, acesso e uso de material genético, biobanco, aconselhamento genético. Diante disso, muitos países estão em processo de avaliar impactos da aplicação destes novos conhecimentos para após regulamentar em lei especifica. A natureza destas informações pode refletir muito nos posicionamentos para normatização, sendo que algumas devem ser avaliadas singularmente, em cada caso, cabendo ao legislador aplicar a lei mediante o fato isolado.

O campo das pesquisas que expõe o material genético como um objeto de amplo estudo, onde retira-se diversas informações e explora-se o ser humano num todo, na área médica clinica estes testes servem para via de regra determinar averiguações de doenças, fatores ambientais, podendo ser feitos em seres ainda sendo gestados e nascidos. Atualmente os bancos de perfis genéticos são utilizados mundialmente para identificar pessoas para fins de persecução criminal, a polícia utiliza as impressões genéticas de um banco de dados com finalidades amplas, entre elas, identificar estupradores pelo material colhido após o crime.

‘’É preciso reconhecer os benefícios que um banco de perfis genéticos pode trazer no Âmbito da persecução criminal, mas também é preciso levar em consideração a variabilidade da normativa jurídica de cada país, assim como os direitos fundamentais assegurados’’ (Schiocchet, Taysa ,2005 p 289)


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A edição genética de embriões humanos é revolucionária e perturbadora. https://www.ihu.unisinos.br/159noticias/entrevistas/570434-a-edicao-genetica-de-embrioes-humanos-e-revolucionaria-e-perturbadora-entrevista-especial-com-marcelo-de-araujo Acessado em 01/05/2019


Abstract: The present study aimed to investigate the biotecnology, facing the current brazilian and its gaps in the treat of new biotechnological procedures in the area of genetic engineering, verifying the absence of laws to avoid the eugenic risk in the laboratory practices of assisted fertilization. The method used in the present work will, primarily, the historical, making a brief report of the eugenic origins, approaching the evolutions of biotechnology, to make an investigation dealing with scientific advances in medicine and the use of biotechnology in several experimental and research areas. By verifying methods used for the health benefits of these new technologies, which comprise a set of applications of scientific discoveries, whose central nucleus consists in the development of an increasingly wide capacity of information treatment, as well as its direct application in the production process : be it symbolic information, through intelligent communication between machines or machines, as in microelectronics and computer science; or from the information of living matter, through genetic engineering, the basis of advanced biotechnologies. Ethics linked to experimental practices still suffers resistance in the thinking of many people, involves moral, religious problems, different cultures and beliefs, and the individual decisions that each human being can undergo to a certain procedure through analysis, being these great references the culture that each of us carries, which can not always bring the greater good into our lives, rejecting all available resources for their well-being and survival. The rationale, the globalized view on the proposed theme and the knowledge of the practices involving the technologies available for health care propose an invitation to the knowledge of the new proposals of biotechnology valuing the best way for society in search of exits for diseases and problems that involve health. Focus on dilemmas encompassing the proposed theme and discussions about bioethics. The analyzes will be made from a new reality, with the intention of reviewing concepts about the right and the just, understanding the human being as the dominant individual of the sciences, and the clinical practice of biotechnology in health. The method used in the present work will be, initially, the deductive giving a brief account of the biotechnological origins and its procedures directed to the area of ​​medicine, addressing the evolutions of science in the current scenario. For the development of the research, the bibliographic and descriptive method will be used, based on the observation of works and legislation on the subject, making comparative analyzes of opinions and questions involving society, health and professionals.

Key words: Biotechnology; Eugene; legislation; assisted reproduction, bioetic, scientific advances

Sobre a autora
Barbara Marques Silveira

Bacharel em Direito e especialista em ciências criminais, atualmente mestranda em Bioética pela Universidade de Barcelona na Espanha.

Informações sobre o texto

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