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Equações do poder:

para uma leitura interativa e interdisciplinar do poder

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Agenda 21/08/2019 às 13:40

Trata-se de uma exposição gráfica que descreve teorias sobre o poder político a partir de funções matemáticas.

Este texto resulta de uma das atividades desenvolvidas na disciplina POLÍTICA, ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA/NA EDUCAÇÃO BÁSICA, em licenciatura ofertada pelo Departamento de Educação da UFSCar, no primeiro semestre de 2019. Um dos módulos era, exatamente, discutirmos conceitos amplificados do Poder.


INTRODUÇÃO

Uma das formas de avaliação requeria a produção de um texto argumentativo sobre a virtualidade ou confluência do Poder. Respeitando-se a interdisciplinaridade – em face de reunirmos graduandos em diversas áreas do saber, na mesma sala de aula –, foi solicitado, aos discentes, apenas que produzissem textos “palatáveis” aos demais leitores leigos.

Em seguida à produção dos textos, em grupo ou individualmente, houve a apresentação de seminários em sala de aula. A terceira fase, mais complexa, exigiu – em conjunto – que ordenássemos em sequência lógica, de certo modo progressiva ao entendimento dos leigos em matemática, a evolução ou construção dos argumentos. Assim, em outra fase, os seminários foram reapresentados e buscamos a ordenação necessária.

Por fim, todos os participantes participaram de gravações na forma de vídeo-aulas – com assistência técnica e metodológica de Ian Rittmeister Mazzeu, UFSCar/PPGCTS –, a fim de que também tivéssemos uma exposição audiovisual das pretendidas “Equações do Poder”. Ou, se assim se preferir, modulamos “demonstrações matemáticas” de algumas relações estabelecidas pelo uso/implementação do Poder. A forma de redação dos textos foi respeitada, na íntegra, pelo docente – aqui não se investiu em nenhuma forma de alteração/correção.

O desafio foi alcançado e as vídeo-aulas estão disponibilizadas em plataformas digitais.

Por Vinício Carrilho Martinez (Dr.) – professor responsável pela disciplina


O diálogo e a educação libertária – mediação e não transmissão

Por  Gabriel F. Costa

O diálogo inicia-se não apenas quando o educador-educando está em uma condição pedagógica, mas desde antes, na busca por um conteúdo programático voltado para uma concepção de uma prática libertária, proveniente da dialogicidade. Tal procura de temas geradores devem estar associados a uma situação partindo de uma abordagem mais geral até a mais particular, com relação a situação presente, existencial e concreta, das relações homem-mundo de aspirações do povo.

O papel do educador-educando não é dialogar com o povo sobre a sua visão de mundo, ou tentar impô-la a eles, mas sim dialogar com relação a sua realidade e a realidade deles, dando a eles dimensões significativas de sua realidade, cuja uma análise crítica lhes possibilite reconhecer, por meio de uma metodologia conscientizadora, uma forma crítica destes homens pensarem o seu mundo.

Em uma realidade mediatizadora, a busca por um conteúdo programático educacional se faz necessário, dentro da geração de temas, para proporcionar a consciência dos indivíduos, em torno de suas necessidades, pautando em fatos ou contextos reais e em contextos teóricos, para que tais indivíduos imersos na realidade possam emergir dela e consequentemente ganhar o aspecto da razão de suas necessidades.

Neste aspecto, vemos Paulo Freire, em seu livro “A pedagogia do oprimido” trazer a perspectiva de luta do homem por sua libertação, a partir do momento de seu reconhecimento como oprimido enquanto homem de uma vocação para “ser mais”. Para tal, é necessário um trabalho educativo que respeite o diálogo e a união inseparável entre ação e reflexão, ou seja, deverá haver um privilégio a práxis (atividade prática em relação à teoria). Portanto, é necessário um trabalho que não se paute apenas no ativismo (ação sem reflexão) ou no slogan (reflexão sem ação) e por principal, não cria a concepção de homem como um “ser vazio”.

A mudança do oprimido então virá, segundo Paulo Freire, a partir de uma educação libertária. A alfabetização é uma conscientização, pois é dela que o educando poderá refletir suas próprias palavras e deste modo há a criação de cultura. Porém, o homem teme a libertação, pois ele teme ter de enfrentar novas situações, as transformações e isso os faz com que se acomodem.

A educação libertária por sua vez não teme enfrentar, ouvir e encarar o desnivelamento do mundo, tampouco o diálogo com ele, mas visa os homens em sua luta pela libertação. Essa luta, porém, só possuirá significado, quando os oprimidos buscarem se libertar de seus opressores de forma permanente e de práxis autentica, e este é um ponto essencial, pois para que exista ação e reflexão sobre o mundo para transformá-lo permanentemente, a prática necessita ser verdadeira.

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É importante deixar claro que para que haja oprimidos, é necessário a existência do opressor. Tais opressores possuem a necessidade de posse e de poder, que transforme a realidade em sua volta por uma concepção materialista. E num primeiro momento os oprimidos que se descobrem como tal, tendem a tornar-se opressores, o que dificulta a práxis libertária, por possuírem esta visão individualista.

Na concepção do opressor para com o oprimido, vemos a relação de uma educação que Paulo Freira chama de “educação bancária”, onde o homem é visto como “ser vazio” e por consequência necessita de “depósitos” de conhecimentos. Essa educação é pautada na comunicação verticalizada, ou seja, contrária ao diálogo, servindo como instrumento para desumanização e domesticação do oprimido.

O opressor então cria uma relação hospedada na consciência, no antidiálogo e traz, a partir de tal teoria educacional, uma tentativa de encher o oprimido com conteúdo que não se relaciona com a sua vida, minimizando e, por vezes, anulando todo seu potencial criativo, crítico e seu autentico pensar. O educando então não está se conhecendo ou conhecendo o mundo de uma forma verdadeira, tampouco desenvolvendo sua consciência crítica. Assim, o educador consegue então manter a desunião dos oprimidos, deixando-os enfraquecidos, tornando fácil dirigi-los e manipulá-los.

Para Paulo Freire então, a educação bancária está “servindo à dominação, inibe a criatividade e, ainda, que não podendo matar a intencionalidade da consciência como um desprender-se ao mundo, a ‘domestica’”.

Nesta visão, os oprimidos não possuem direitos, apenas deveres, pois são considerados como ‘coisas’ e não seres humanos. Eles não lutam, apenas aceitam o que lhe são impostos. Porém, quando os oprimidos descobrem o opressor é o momento em que se engajam na luta por sua libertação. Mas os homens não se libertam, de forma concreta, sozinhos e sim, em comunhão. Neste momento, para que haja a libertação é necessário que o oprimido supere seus limites e tenha em mente sua responsabilidade, só assim ele será liberto para criar e construir.

No abrir dos olhos do oprimido para a concepção bancária da educação, vê-se a necessidade da problematização da educação para a libertação. Temos então a necessidade da relação educador-educando em companheirismo, para que assim haja a humanização do processo, criando nos homens oprimidos a reflexão sobre o mundo e assim, eles podem transformá-lo.

A práxis educacional torna-se o grande rompimento das práticas de educação bancária. O professor não é mais o ser que educa, mas o que também aprende no processo, ou o que media a relação. É o educador em diálogo com o educando no dinamismo em que ambos fazem parte. Assim, para tal educação como prática libertária, quanto mais se problematizam os educandos como seres no mundo, mais desafiados eles irão se sentir a responder a ele, como um ser consciente e incluso em um desenvolvimento permanente na busca do “ser mais”. Paulo Freire então conclui que “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”

Sendo assim, a educação libertária, se compromete na realização de conteúdo, a partir de uma prévia programação, vinda das necessidades do povo, com relação a sua existência e desafiando-os na busca pela resposta reflexiva e de ação. Deste modo, educador e educando buscam juntos, através do diálogo, um conteúdo a ser mediatizados pela realidade do mundo. Para Paulo Freire então, realizar uma pedagogia da perspectiva do oprimido é necessário investigar o universo temático do povo.

Portanto, a educação humanizadora ou libertária, é práxis contra a educação bancária. Nela os indivíduos, antes oprimidos, agora devem passar a ser agentes transformadores, mediando o conhecimento na relação educador-educando, criando a relação de libertação para ambos ao possuir a consciência de si e do mundo, por meio da dialogicidade.


Equação de Reação de Análise ou de Decomposição Espontânea

Por Marcela Matias Rodrigues de Melo

As Reações Inorgânicas são transformações da matéria, onde ocorrem mudanças na composição química, resultando em um ou mais produtos. E existem quatro grandes tipos de reações assim como seus respectivos esquemas gerais.

Nas Reações de Combinação ou (Síntese): Duas ou mais substâncias simples ou compostas reagem para originar uma única substância química.

Mas o que são Substâncias simples e compostas?

Substâncias simples: São formadas por apenas um tipo de elemento químico, sob a forma de íons iguais.

Substâncias Compostas: São formadas por mais de um tipo de elemento, sob a forma de íons diferentes.

Nas Reações de Substituição ou Deslocamento (Simples-troca): Um elemento desloca outro de um composto e toma o seu lugar. Nessa classe de reação um elemento pode deslocar espontaneamente de um composto qualquer elemento que esteja a sua esquerda.

Nas Reações de Metáteses ou (Dupla-Troca): Ocorrem somente recombinações entres íons liberados na água pelas substâncias reagentes.

As Reações de Decomposição Espontânea (Análise): Corresponde a uma reação onde uma substância reagente se divide em duas ou mais substâncias simples.

                                        AB        →      A+B

                                 (Reagente)        (Produto)

Através dela podem ser estudados os elementos químicos que dão origem à substância decomposta em que um reagente Composto (formado por mais de um tipo de elemento), e instável, ou seja, pouco resistente a condições agressoras é espontaneamente dividido em duas substâncias de estruturas simples.

Segundo a sociologia: Poder é a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros. E existem diversos tipos de poder:

Entre outros...

Entretanto pensando sobre o poder segundo uma visão social e econômica. Uma relação de poder se forma no momento em que alguém deseja algo que depende da vontade de outro. Esse desejo estabelece uma relação de dependência de indivíduos ou grupos em relação a outros. Quanto maior a dependência de A em relação a B, maior o poder de B em relação a A. Essa dependência aumenta à medida que o controle de B sobre o que é desejado por A aumentar.

Segundo o Marxismo, a “Teoria de Classes” determina as classes sociais, por meio das relações de produção, ou seja, entre os detentores de bens e capital, e os trabalhadores que fornecem sua força de trabalho. Diante de uma classificação econômica, de poder, onde o grupo A é a classe mais alta (melhor qualidade de vida e maior poder aquisitivo), enquanto o grupo B, indica a classe mais baixa, ou seja, (com menor poder aquisitivo e baixa qualidade de vida).

Podemos considerar como sendo uma melhor representabilidade a equação química de Decomposição Espontânea (Análise) descrita acima.

 Onde AB representaria uma sociedade composta de distintas classes sociais, de forma que dentro de uma sociedade capitalista existem dois grupos A e B, “dominantes” e “dominados” instáveis, que são espontaneamente “decompostos”,divididos, segundo condições “agressoras” ( de distinções de renda, educação, saúde e cultura), resultante de um sistema político-econômico capitalista em prol dos ideais aquisitivos de uma sociedade.

A questão social insere-se no contexto do empobrecimento da classe trabalhadora com a consolidação e expansão do capitalismo desde o início do século 19. Como exemplo, tem-se a primeira constatação histórica imposta até o século 19, em que os trabalhadores ligados à terra não podiam ser expulsos;  tinham, apesar da pobreza, o mínimo de segurança. O capitalismo destruiu essa proteção social e provocou as hordas de excluídos de toda sorte, sendo necessário reconhecer a distância que separa leis, liberdades, direitos e Poder dos recursos para garantir a sua prática.


O poder político em termos de grandezas matemáticas

Por Hévila Maria Gabriel Garcia,  Lais Vitoria Maticeu Moino, Pedro Henrique Ferreira, Tais Cristina Bertini e Yuri Melheiros

1.Poder

Primeiramente, é preciso definir o conceito de poder. Temos que o poder é o direito de deliberar, agir, mandar e, dependendo do contexto, exercer sua autoridade, soberania, a posse de um domínio, da influência ou da força. Poder é um termo que se originou a partir do latim possum, que significa “ser capaz de”. Segundo a sociologia, poder é a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, e existem diversos tipos de poder: o poder social, o poder econômico, o poder militar, o poder político, entre outros.

2. Política

Política é a ciência da governança de um Estado ou Nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses. O termo tem origem no grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é público e tikós, que se refere ao bem comum de todas as pessoas. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público e ao bem dos cidadãos.

3. Poder Político

O poder político é a possibilidade efetiva que tem o Estado de obrigar os indivíduos a fazer ou não fazer alguma coisa, e seu objetivo é o bem público. “O poder é uma força a serviço de uma ideia. É uma força da vontade social, destinada a conduzir o povo na obtenção do bem comum, e capaz, sendo necessário, de impor aos indivíduos a atitude que ela determinar” (Burdeau, cap. cit. vol 1, pag. 216)

4. Poder Institucionalizado

Existe quando “há uma estrutura organizada para cumprir a função social do Poder e quando essa estrutura obedece a normas preestabelecidas, independente da vontade própria dos que exercem o Poder” (Lapierre - Le pouvoir politique, pag. 30).

O poder volta à massa dos indivíduos e são as normas por ele editadas ou aprovadas que regulam a ação dos governantes e as relações dos indivíduos entre si.

Dentro de inúmeros exemplos deste poder, podemos citar a ONU (Organização das Nações Unidas) como um poder institucionalizado que tem influência mundial.

(Obs: Quando há uma equiparação no poder entre as classes, tanto financeiramente quanto politicamente, ocorre conflito entre elas. Como exemplo podemos citar o acesso das classes mais pobres a viagens de avião, tal fato que teve repúdio das classes mais altas, com falas como “onde já se viu pobre andar de avião” ou “se diz pobre mas anda de avião”).

5. Definição de Grandezas

Uma grandeza é um referencial usado para comparar e definir medidas. As grandezas físicas mais conhecidas e mais usadas no dia a dia são: comprimento/distância, massa, velocidade e tempo. Com duas medidas obtidas a partir de uma grandeza, é possível construir uma razão, que é a divisão entre essas medidas expressa por meio de uma fração. Quando duas razões construídas a partir de grandezas distintas são iguais, dizemos que elas são proporcionais.

Caso duas grandezas sejam proporcionais, variar a medida de uma delas faz com que a medida observada na segunda também varie. Se essa variação é direta, então essas grandezas são diretamente proporcionais; se essa variação for inversa, então as grandezas são inversamente proporcionais.

5.1 Grandezas Inversamente Proporcionais

Duas grandezas são inversamente proporcionais quando uma aumenta e a outra diminui na mesma proporção. Em outras palavras, dadas as grandezas A e B, se houver aumento na medida da grandeza A, ocorre a diminuição da medida da grandeza B, então elas são inversamente proporcionais.

Exemplos:       Velocidade - tempo

                          Pressão - área

5.2 Grandezas Diretamente Proporcionais

Duas grandezas são diretamente proporcionais quando um aumento na medida da primeira gera um aumento na medida da segunda, ou quando uma diminuição da medida da primeira gera uma diminuição da medida da segunda.

Exemplos:       Área - volume

                        Distância - tempo

6. Grandezas dentro da Política

Dentro do âmbito político, podemos notar a grande discrepância relacionada a parte do poderio dentro da população, porque seguindo a lógica sobre poder monetário, quanto mais cresce o poder aquisitivo da camada mais rica, maior será a influência exercida e paralelamente a isso maior a queda do poder da camada mais pobre da sociedade.

Além disso, outro exemplo que temos é em questão da educação do povo, em que se o governo fornece essa educação, logo o governo tem menos poder incontestável. Ou seja, quanto menor o nível educacional -> mais fácil o povo ser manipulado.

Sobre o autor
Vinício Carrilho Martinez

Pós-Doutor em Ciência Política e em Direito. Coordenador do Curso de Licenciatura em Pedagogia, da UFSCar. Professor Associado II da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Departamento de Educação- Ded/CECH. Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade/PPGCTS/UFSCar Head of BRaS Research Group – Constitucional Studies and BRaS Academic Committee Member. Advogado (OAB/108390).

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

MARTINEZ, Vinício Carrilho. Equações do poder:: para uma leitura interativa e interdisciplinar do poder. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 24, n. 5894, 21 ago. 2019. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/76043. Acesso em: 22 nov. 2024.

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