Não é segredo para ninguém a crescente quantidade de brasileiros que estão se sentindo cada vez mais confortáveis em relação ao seu dinheiro e atentos ao cenário nacional e principalmente ao internacional. Vemos uma geração de youtubers, influenciadores do mercado financeiro e informações sobre o mercado, seu crescimento, as quedas e as consequências das ações do nosso governo diante da desvalorização da nossa moeda.
O que poucos sabem é que o Brasil não é ainda um grande mercado investidor. Um dos diretores da B3, em outubro de 2019, confirmou que atingimos a marca de 1,5 milhão de brasileiros investidores na bolsa, 700 mil a mais que em janeiro do mesmo ano. Isso reflete todos os pontos positivos de um mercado que tende a se fortalecer, principalmente com a alta do dólar, que atingiu a marca de R$ 4,68 na semana passada, forçando os investimentos de varejo em moeda nacional.
O mercado de investimentos internacionais ainda é muito novo por aqui. Não pelo tempo, mas sim devido às poucas informações que se tem de como funciona, como por exemplo a bolsa americana. Nos últimos dez anos, o mercado americano foi visto apenas como investimento imobiliário para famílias de alta renda brasileira, basicamente compra e aluguel de imóveis. A Flórida é um dos principais estados que receberam esses investimentos. São casa de temporada, apartamentos para alugar ou mesmo propriedades para férias familiares.
Apontado como o destino número um dos latinos americanos, fomos alimentando cada vez mais o crescimento do mercado imobiliário americano, por ser mais simples de entender, não foge do nosso padrão e ser um destino extremamente conhecido pelos investidores (desde regiões de onde investir ou para sua casa de férias). Mas como todo o mercado imobiliário, há momentos de picos de crescimento e rentabilidade, chegando a um ponto de se estagnar. Ganham mais aqueles que chegaram primeiro, e isso abriu portas para os brasileiros aprenderem outras formas de investimentos no solo americano. Pegando a onda na bolsa no Brasil, uma empresa de investimentos de brasileiros sediada em Miami facilitou este processo transformando as ações americanas de empresas mundialmente conhecidas como Appple, Amazon, Google, Facebook totalmente disponível em uma plataforma online. Em paralelo, vemos a rede de influencers financeiros muitas vezes se especializando, e agora até possuímos alguns perfis que focaram em desenvolver e auxiliar o varejo a entender as ações, índices financeiros, tesouro nacional, dívida externa e análises de como investir em cada ação/empresa americana. Isso é fundamental.
O brasileiro está começando a entender: investir em dólar é uma forma de diversificação. Para economistas, o pequeno e médio investidor deve ter em mente que qualquer investimento em outra moeda é renda variável e que existem altos riscos de perda, ou seja, não é uma forma de alocar um percentual grande da sua carteira. Muitos utilizam como forma de especulação, porque desde 2001 tivemos um crescimento exponencial da cotação do dólar, mas hoje com suas máximas sendo atingidas, falamos que o dólar precisa ser visto como segurança e diversificação. Para os clientes de alta renda, que não se importam que parte do patrimônio fique em risco, seu foco por alocar os recursos em um desses padrões é por questões de sucessão patrimonial.
Neste caso, abrir uma offshore permite uma enorme economia no pagamento de impostos, já que não há o percentual de transmissão de herança para bens e investimentos alocados nos EUA se a empresa for sediada em outro país. Caso um investidor faça suas alocações na pessoa física, a alíquota mínima do imposto de transferência é de 40% em nível federal, havendo ainda uma cobrança estadual (varia de acordo com cada estado). Já para os fatos geradores de IR através dos investimentos mais comuns que são pagos através de ganho de capital, juros recebidos ou dividendos de fundos, as alíquotas seguem as tabelas brasileiras progressivas ou não de 0% a 27,5% dependendo do produto investido. Lembrando que dividendos de ações ou ETFs o imposto é retido na fonte nos EUA em uma alíquota de 30% e não tributado no Brasil (para não haver bitributação).
Mas é bom lembrar que investir no exterior exige uma boa assessoria, o mercado é bem mais maduro e a moeda forte, mas não exime o conhecimento mínimo que o investidor precisa ter a respeito dos riscos da desvalorização da moeda, sucessão e entender que os retornos não são iguais aos Brasil, mesmo com as nossas taxas de juros mais baixas. O investidor qualificado não está apenas vendo seu retorno financeiro e sim as possibilidades de expandir seu patrimônio em uma moeda forte e provisionando o que ele futuramente pode utilizar caso queira viajar, morar ou comprar um imóvel em solo americano. Muitas vezes, os investimentos são utilizados como forma de alavancagem para conseguir juros baixos nos financiamentos em bancos americanos, através do colateral dos seus investimentos no país.