Histórico
A metodologia Enfoque do Quadro Lógico (QL) foi desenvolvida, ao final dos anos 60, em um esforço de cooperação internacional para mudar o contexto da época de dificuldade de se analisar a efetividade dos seus projetos. Observava-se na época que o planejamento dos projetos era pouco preciso, sem uma relação clara entre seus objetivos e atividades, e que a responsabilidade pelo gerenciamento do processo não era específica, sem conhecimentos de aonde determinadas intervenções levariam ou o que seriam de fato capazes de produzir.
Neste esforço, a Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (United States Agency for International Development – USAID), com a consultoria de três especialistas em Gerenciamento por Objetivos, desenvolveu a metodologia Enfoque do Quadro Lógico (Logical Framework Approach - LFA), importante modelo de auxílio à gestão e à avaliação de projetos. A metodologia criada pelos consultores Rosenberg, Lawrence e Posner destacou-se nos anos que se seguiram, sendo utilizada cada vez mais por outras organizações internacionais e, desse modo, sendo constantemente revisada e aprimorada para melhor se adaptar a cada contexto.
Tais aprimoramentos deram origem, sobretudo, a novos métodos que utilizam o Quadro Lógico como base. Um exemplo seria a criação do método ZOOP (Zielorientierte Projektplanung - Planejamento de Projeto Orientado para Objetivos). Em 1975, organizações alemãs como o BMZ, o Ministério Federal da Alemanha responsável pelo desenvolvimento e a GTZ (Agência Alemã de Cooperação Técnica) aplicaram o QL em alguns de seus projetos. Os resultados positivos estimularam a busca por uma adaptação que melhor atendesse às necessidades específicas destas organizações. Desse modo, com a consultoria de um dos autores do instrumento QL, criaram o método ZOPP que utiliza o instrumento QL de forma mais participativa, abrindo espaço para o trabalho em equipes e para a participação dos demais interessados. A justificativa para se assegurar uma maior participação dos envolvidos no projeto baseava-se na geração de um maior compromisso e envolvimento por parte desses que, por sua vez, levava a melhores resultados e real alcance dos objetivos.
Por fim, a partir da década de 1990, quase todas as organizações da cooperação internacional se tornaram usuárias do Quadro Lógico, como o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), a Cida (Cooperação Técnica Canadense) e a OIT (Organização Internacional do Trabalho). Muitos países passaram também a utilizar o Enfoque do Quadro Lógico como instrumento e o método ZOPP como processo de enfoque, não apenas em projetos ligados ao desenvolvimento e à cooperação internacional, mas no próprio planejamento governamental como um todo.
Descrição do Quadro Lógico
O Quadro Lógico, quando empregado, contribui para que não haja confusão entre conceitos, principalmente entre objetivos e atividades. Isso porque ele organiza o pensamento do planejador e possibilita uma visão geral dos aspectos do projeto. Além disso, o uso de tempos verbais específicos para atividades e resultados facilita o entendimento de quem tem acesso ao planejamento.
Primeira Coluna: Lógica da Intervenção
Constitui-se na organização dos quatro aspectos necessários à compreensão do planejamento de um projeto, que são:
Objetivo superior
Trata-se de um horizonte amplo que se deseja alcançar numa perspectiva de futuro, mas realizável. Quando se combina o Quadro Lógico com o planejamento estratégico, “o objetivo superior poderia ser um objetivo estratégico e vários projetos poderiam ter o mesmo objetivo superior” (PFEIFFER, 2006, p.151). O tempo verbal utilizado para sua construção, assim como do objetivo do projeto, é o presente, indicando ao leitor a perspectiva de futuro e de alcance da mudança.
Objetivo do projeto
Deixa evidente a que se propõe a intervenção, até porque, quando se define um único objetivo, tem-se maior facilidade para organização e mobilização de insumos. Tem um horizonte temporal para seu alcance mais reduzido e mostra a mudança que se pretende obter com a sua realização. Um dos aspectos relevantes desse objetivo é demonstrar o quanto importa o envolvimento da população afetada pelo projeto para seu alcance, pois isso requer mudança comportamental dos mesmos.
Resultados
São os produtos do projeto, que podem ser bens ou serviços. São essenciais para a realização dos objetivos propostos e considera-se que são gerenciáveis, porque dependem dos esforços da gerência e da equipe envolvida no processo. O mesmo não se pode afirmar sobre os objetivos, uma vez que representam efeitos esperados e esse é um aspecto que extrapola os esforços empreendidos. São apresentados com o verbo no particípio, indicando o estado de já ter ocorrido a realização.
Atividades principais
São definidas a partir dos resultados estabelecidos. Para cada um deles são propostas atividades suficientes e, pensando assim, evita-se desenvolver mais atividades do que as necessárias, desperdiçando recursos. São descritos com verbos no infinitivo, para indicar a ação sem desenvolvimento.
Insumos/Recursos
Uma vez que a intervenção segue a lógica da produção, os insumos, embora não tenham uma coluna no modelo apresentado por Pfeiffer (2006) para o Quadro Lógico, são fundamentais para o desenvolvimento das atividades e consequente alcance dos resultados propostos, como o próprio autor reconhece. Assim, Costa e Castanhar (2003), propõem uma matriz que contempla os insumos, chamando-os de Inputs, além de organizar as colunas de maneira inversa à do Quadro Lógico, evidenciando ainda mais a lógica produtiva.
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