Eleições presidenciais de 2022: justiça social e meio ambiente em jogo

25/10/2022 às 23:36

Resumo:


  • A revista Nature publicou um artigo crítico sobre as eleições presidenciais do Brasil de 2022, destacando preocupações com a ciência, democracia e meio ambiente sob o governo Bolsonaro.

  • O artigo aponta que a continuidade do governo Bolsonaro poderia ter consequências desastrosas para o meio ambiente e a ciência, citando o aumento do desmatamento na Amazônia e a negligência com os direitos dos povos indígenas.

  • A publicação sugere que as eleições são uma oportunidade para o Brasil começar a reconstruir o que foi desmantelado, com ênfase na importância da justiça social e do desenvolvimento sustentável para o futuro do país e do planeta.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

Resumo: Trata-se de análise crítica do artigo Há apenas uma escolha na eleição do Brasil para o país e o mundo (There's only one choice in Brazils election for the country and the world.), da internacionalmente influente revista científica Nature, que revela críticas e preocupações do mundo sobre os rumos das eleições presidenciais de 2022.

Palavras chaves: Eleições 2022; Justiça Social; Meio Ambiente; Bolsonarismo; Ultraliberalismo.


A revista científica do Reino Unido, Nature, publicou nesta terça-feira 25.10.2022 artigo portador de críticas e preocupações quanto à Ciência, Democracia e Meio Ambiente no Brasil, trazendo em seu título, previamente, suas conclusões: Há apenas uma escolha na eleição do Brasil para o país e o mundo[1].

O Brasil nestas eleições de 2022, devido as sérias consequências de uma possível continuidade de um governo Bolsonarista Ultraliberal, que ameaça seriamente o futuro da democracia e a ciência, no Brasil, e meio ambiente, neste e no mundo, torna-se o epicentro de atenção global. Por isso da repercussão em uma revista tão influente no cenário mundial.

Referida revista assim descreve o governo Bolsonarista, demonstrando a sua imagem externa:

Populista e ex-capitão do Exército, Bolsonaro assumiu o cargo negando a ciência, ameaçando os direitos dos povos indígenas, promovendo armas como solução para preocupações de segurança e promovendo uma abordagem de desenvolvimento a todo custo para a economia. Bolsonaro foi fiel à sua palavra. Seu mandato foi desastroso para a ciência, o meio ambiente, o povo do Brasil e do mundo.[2]

Torna-se flagrante, no supracitado, que o interesse nos rumos do Brasil não é apenas local, devido as óbvias repercussões que a continuidade do governo Bolsonaro pode ensejar ao Meio Ambiente. A revista Nature exprime o tom de perplexidade que o mundo atualmente observa o Brasil, ao assim relatar:

O histórico de Bolsonaro é de arregalar os olhos. Sob sua liderança, o meio ambiente foi devastado quando ele retirou as proteções legais e menosprezou os direitos dos povos indígenas. Somente na Amazônia, o desmatamento quase dobrou desde 2018, com mais um aumento esperado quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil divulgar seus últimos dados de desmatamento nas próximas semanas.[3]

O que nos chama atenção e nos fazem indagar: como o Brasil encontra-se polarizado, quando para o mundo é hialino nossa direção ao abismo? Como o ultraliberalismo conseguiu pescar tantos fiéis que cegam diante dos inexoráveis e maléficos rumos de questões tão intrínsecas aos seus bem-estar, liberdade e felicidade?

Parece-nos que um vírus social vem nos infectando. E esse vírus se espalha exponencialmente aderindo cada vez mais pessoas, não importando a idade, sexo ou nível intelectual. O que nos leva a concluir que a destruição dos mecanismos de solidariedade é uma tendência geral[4]. Inclusive, ele está no discurso ideológico e inconsequente de muitos intelectuais, conforme se observa a seguir:

Segundo Hayek, todas as instituições baseadas na solidariedade procedem desta ideia atávica de justiça distributiva, e só podem levar à ruína da ordem espontânea do mercado, fundada na verdade dos preços e na procura do ganho individual. Desmantelar essas instituições é, então, o corolário indispensável da limitação da democracia.[5]

A polarização no Brasil, que segundo discurso do Bolsonaro ideologicamente se resume entre a escolha de um Brasil Capitalista ou Comunista, parece-me totalmente esquizofrênica, tangenciando-se da realidade. Nunca houve risco ao Capitalismo. Nunca houve anseios, pelo menos dos partidos que até hoje governaram o Brasil, de implantar um regime Comunista e autoritário. O que sempre houve, e ainda há, e que pela primeira vez no Brasil passou-se a se repudiar radicalmente por uma facção política o Bolsonarismo ultraliberal, foi a busca pela Justiça Social[6], como desiderato econômico e que democraticamente nunca promoveu de nenhum modo a destruição do capitalismo.[7]

É isso que está em jogo! Justiça Social é o x da questão!

Inclusive, é a solução não só para aspectos sociais e econômicos, mas também, e consensualmente após os anos 1970 com o documento intitulado Nosso Futuro Comum[8] (Our Common Future); a ECO-92; e ECO+20 para o Meio Ambiente, já que em tais convenções concluiu-se, inspirados na Declaração de Filadélfia, que a pobreza, onde ela houver, constitui um perigo para a prosperidade de todos[9].

Nessas eleições pois, para que a Democracia, a Ciência e o Meio Ambiente permaneçam como um tripé civilizatório, os brasileiros devem buscar escolher aquele cujo projeto, ainda que meramente implícito, busque não apenas o crescimento inconsequente do país, mas, num exercício de razoabilidade àquele que almeja o desenvolvimento sustentável. O que, para isso, inexoravelmente exige a sensibilidade política de perseguir a Justiça Social.

Neste sentido, deve-se não somente defender a necessidade do crescimento econômico para os países pobres, como de considerar a própria pobreza como uma das causas fundamentais dos problemas ambientais desses países[10]. E é isso que o Brasil precisa nesse momento. O tripé que os ecoambientalistas defendem o social; o econômico e o ambiental é o projeto político que precisamos. É a engrenagem do desenvolvimento sustentável, de modo que se um deles estiver negativamente ineficiente gera um círculo vicioso onde a pobreza se estabelece, a degradação do meio ambiente não se soluciona e economia não se alavanca, ainda que haja crescimento.

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É o que conclui a revista Nature no seguinte trecho de sua matéria retromencionada:

Nenhum líder político chega perto de ser perfeito. Mas os últimos quatro anos do Brasil são um lembrete do que acontece quando aqueles que elegemos desmantelam ativamente as instituições destinadas a reduzir a pobreza, proteger a saúde pública, impulsionar a ciência e o conhecimento, proteger o meio ambiente e defender a justiça e a integridade das evidências. Os eleitores do Brasil têm uma oportunidade valiosa para começar a reconstruir o que Bolsonaro derrubou. Se Bolsonaro pegar mais quatro anos, o dano pode ser irreparável.[11]

Concluímos, pois, que o mundo está a observar, distante da polarização brasileira, os rumos de nossa Política. Perplexos pela imprevisibilidade do resultado das eleições presidenciais de 2022, quando o obvio parece ignorado. O Brasil parece estar não só com seu futuro nas mãos, mas, angustiantemente, de todo o mundo. Resta-nos torcer para que a razoabilidade e o bom censo se instale na cabeça da maioria e, assim, extermine-se por definitivo o vírus social da ignorância e insensatez.


REFERÊNCIAS

NAÇÕES UNIDAS. Report of the World Commission on Environment and Development: Our Common Future. Pub. 1987. Disponível em: https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf. Acesso em: 25.10.2022.

NATURE. Theres only one choice in Brazils election for the country and the world. Nature 610, 606 (2022). Doi: https://doi.org/10.1038/d41586-022-03388-y. Disponível em: https://www.nature.com/articles/d41586-022-03388-y. Acesso em: 25.10.2022.

ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Desenvolvimento sustentável: uma perspectiva econômico-ecológica. Estudos Avançados [online]. 2012, v. 26, n. 74, pp. 65-92. Epub 23 Abr 2012. ISSN 1806-9592. https://doi.org/10.1590/S0103-40142012000100006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-40142012000100006 e https://www.scielo.br/j/ea/a/F9XDcdCSWRS9Xr7SpknNJPv/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 25.10.2022.

SUPIOT, Alain. O espírito de Filadélfia: a justiça social diante do mercado total. Trad. Tânia do Valle Tschiedel. Porto Alegre: Sulina, 2014.

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Sobre o autor
Wellington Santos de Almeida

Mestre em Ciências Jurídicas pela Veni Creator Christian University - VENIUNI; É especialista em Execução de Ordens Judiciais pelo Centro Universitário Mário Pontes Jucá - UMJ; em Direito Processual Civil pela UNINASSAU, em parceria com a ESA-PE/OAB-PE; em Direito Público e em Direito do Estado pela Universidade Anhanguera-Uniderp; em Direito Ambiental pela Faculdade Venda Nova do Imigrante - FAVENI; e em Perícia Judicial e Extrajudicial, Perícias de Avaliação Patrimonial de Bens e Direitos e Perícia Econômica e Financeira, pela FACUMINAS. Graduando em Licenciatura em História pela UFRPE. Bacharel em Direito pela Associação Caruaruense de Ensino Superior - ASCES. É Oficial de Justiça do TJPE. http://lattes.cnpq.br/1616787000925954.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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