Especialista comenta a Reforma Tributária

Leia nesta página:
Em entrevista, o advogado especialista em Direito Tributário Burno Nou compartilha sua impressões sobre o projeto

De maneira prática, o que muda na vida da população brasileira com a reforma tributária?

A pretensão da reforma é tornar o sistema tributário mais simples e mais justo. É fato que temos um sistema tributário muito ruim e pouco prático, demandando esforços e custos muito grandes para que as empresas consigam pagar os seus tributos adequadamente.

Pode parecer que não, mas isto impacta diretamente a vida do contribuinte, pois o custo com as obrigações tributárias das empresas é embutido nos preços dos produtos e serviços, de modo que o custo acaba sendo assumido pelos consumidores.

Um sistema tributário ruim e pouco eficiente impacta diretamente a economia do país, pois acaba gerando muitos litígios, muitos custos e muita insegurança jurídica, o que é péssimo para o crescimento do país como um todo.

Como a proposta pode ajudar a diminuir a desigualdade social?

O nosso sistema sobrecarrega, como dito acima, o setor de consumo e acaba onerando demasiadamente a camada mais pobre da população. Diversos estudos realizados sobre o sistema, indicam que o sistema tributário brasileiro é regressivo, o que significa que os pobres oneram maior parcela da sua renda com o pagamento dos tributos, justamente porque a maior parte da tributação incide sobre o consumo.

Ciente desta situação, a reforma estabeleceu mecanismos importantes para tentar reverter este quadro, destacando-se três medidas específicas: a) desoneração da cesta básica; b) sistema de “cashback” de tributos para famílias de baixa renda; e c) possibilidade de cobrança de IPVA de aeronaves e embarcações (o que antes era vedado pela jurisprudência do STF);

O que tem travado a reforma? Quais as principais críticas ao projeto?

O tema da reforma tributária não é um tema novo, pois já vem sido discutido há muito tempo e em vários governos diferentes. Os problemas do sistema tributário brasileiro já eram conhecidos de muito tempo, o que ensejou a apresentação de diversas propostas de reforma.

Todavia, nunca havia um consenso entre os entes tributantes (União, Estados, DF e Municípios) acerca das mudanças, tendo em vista que ninguém queria perder absolutamente nada, em termos de arrecadação. Agora alguns entes tributantes concordaram com as mudanças e isso trouxe um grande apoio político para o texto (foi o caso do estado de São Paulo.

Os principais pontos críticos da reforma são basicamente: a) o possível aumento da carga tributária; b) a possível perda de autonomia dos estados e municípios (com a criação do “Conselhão”); c) a criação de um novo imposto seletivo sobre produtos potencialmente nocivos à saúde ou meio ambiente.

Destaque-se, por fim, que ainda tem muita coisa da reforma que será discutida por meio de Lei Complementar. Este é apenas o começo.

Sobre os autores
Bruno Nou

advogado especialista em Direito Tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET). Mestre em Direito Tributário pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Professor de Direito Financeiro da Faculdade Baiana de Direito. Sócio da área tributária do Fiedra, Britto & Ferreira Neto Advocacia Empresarial.

Faculdade Baiana de Direito

A Faculdade Baiana de Direito é uma instituição privada de ensino superior brasileira localizada no estado da Bahia, com campus em Salvador. Atualmente oferece graduação e pós-graduação em Direito.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!
Publique seus artigos