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Nova CIPA e seus reflexos nas empresas -Análise da Lei 14.457/22

09/11/2023 às 23:32

Resumo:


  • A CIPA, Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, é um grupo qualificado para prevenir acidentes no trabalho.

  • No Brasil, a CIPA é obrigatória e deve ser treinada anualmente, regulamentada pela NR-5.

  • A Lei 14.457/22 alterou a CIPA para "Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio", com novas obrigações.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

Além de se preocupar com fatores para um ambiente de trabalho seguro e de qualidade, a empresa também deve incentivar a empregabilidade e a manutenção das mulheres no mercado.

A CIPA, “Comissão Interna de Prevenção de Acidentes”, se caracteriza por ser um grupo de pessoas devidamente qualificadas e treinadas para prevenir os acidentes no ambiente de trabalho. Essa comissão tem o objetivo de PREVENIR acidentes e doenças decorrentes das atividades da empresa, de modo a tornar compatível, de forma permanente, o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.

No Brasil, a CIPA foi uma das primeiras manifestações de atividades preventivas de acidentes de trabalho, regulamentada pela Norma Regulamentadora nº 5, sendo uma comissão obrigatória em empresas públicas e privadas, justamente por abordar a segurança do trabalho, visando prevenir que aconteça algum acidente decorrente da atividade exercida. O treinamento deve ser realizado a cada 12 meses.

A MINHA EMPRESA TEM CIPA? O QUE MUDA COM A NOVA LEI 14.457/22?

Desde setembro de 2022 entrou em vigor a Lei 14.457/22,que instituiu o Programa Emprega + Mulheres. Essa nova diretriz também alterou o artigo 163 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mudando o nome da CIPA para “Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio”, além de incluir obrigações que devem ser observadas pelas empresas.

A partir desta nova lei, além de se preocupar com fatores para um ambiente de trabalho seguro e de qualidade, a empresa também deve incentivar a empregabilidade e a manutenção das mulheres no mercado de trabalho.

O cumprimento da nova lei é exigido para as empresas com CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio). Portanto, além da flexibilização e adaptação às normativas, devem adotar condutas e procedimentos para combater e prevenir casos de assédio moral, sexual e outras violências no âmbito profissional.

Em suma, a lei fomenta um ambiente de trabalho mais seguro para as mulheres, facilitando também a contratação e a qualificação feminina, visando mais igualdade na divisão das responsabilidades parentais e oportunidades de qualificação para que as mulheres ascendam profissionalmente.

A LEI 14.457/22 INSTITUIU:

  • A implementação obrigatória do Canal de Denúncias, com possibilidade de anonimato para o denunciante e garantia total do sigilo das informações;

  • A inclusão de regras de conduta que visem o combate ao assédio sexual e outras formas de violência nas normas e políticas internas da empresa;

  • A realização de treinamentos, ações de capacitação, orientação e sensibilização de funcionários de todos os níveis hierárquicos da empresa sobre a importância do combate ao assédio;

  • Apoio à parentalidade na primeira infância;

  • Apoio à parentalidade por meio da flexibilização do regime de trabalho;

  • Qualificação de mulheres em áreas estratégicas para a ascensão profissional;

  • Apoio ao retorno ao trabalho das mulheres após o término da licença-maternidade;

  • Reconhecimento de boas práticas na promoção da empregabilidade das mulheres.

PENALIDADES DA NÃO APLICAÇÃO DA LEI 14.457/22

As empresas tiveram um prazo de 180 dias para se adequarem a nova legislação, ou seja até 21/03/2023. Aquelas que não se adaptaram as medidas estão sujeitas a penalidades aplicadas pelo Ministério do Trabalho.

Se porventura, ocorrer outra forma irregularidade como: assédio, bullying, discriminação, entre outros tipos de violência, há o agravamento das sanções, com impactos significativos na imagem e reputação da empresa.

O cálculo das multas por assédio moral e sexual, indenizações por acidentes de trabalho, entre outros, são regidos por leis e códigos diversos e depende da situação específica e do processo judicial.

Por isso, além de proteger seus empregados, torna-se prioridade máxima a empresa prevenir irregularidades e descumprimento legal, para não incorrer em penalidades severas nem ter prejuízo na sua reputação.

COMO ADEQUAR A MINHA EMPRESA À CIPA?

Implementar a CIPA e cumprir todos os regulamentos da NR-5 é primordial. Acontece que, com o advento da Lei 14.457/22, faz-se necessário uma adequação imediata por já estar em vigor e sujeito a penalidades diante o descumprimento.

Para isso, faz-se necessário um acompanhamento jurídico por parte da empresa para que consiga colocar em prática todos os requisitos exigidos pela lei, como:

  • Apoio à parentalidade, com a flexibilização do regime de trabalho para pais e mães de crianças de até 6 anos;

  • Apoio ao retorno das mulheres após o término da licença maternidade;

  • Suspensão do contrato de trabalho para as mulheres que desejem se qualificar profissionalmente;

  • Reconhecimento das boas práticas na promoção da empregabilidade das mulheres, por meio da instituição do selo “Emprega + Mulheres”;

  • Campanhas de conscientização sobre o assédio sexual, para informar e educar os colaboradores;

COMO COLOCAR EM PRÁTICA?

Segundo o disposto no art. 23 da Lei 14.457/22, as seguintes medidas devem ser adotadas:

  • -Inclusão de regras de conduta a respeito do assédio sexual e outras formas de violência nas normas internas da empresa, com ampla divulgação aos colaboradores;

  • -Fixação de procedimentos para recebimento e acompanhamento de denúncias, para apuração dos fatos e aplicação de sanções administrativas aos responsáveis diretos e indiretos pelos atos de assédio sexual e de violência, garantindo o anonimato do denunciante;

  • -Inclusão de temas referentes à prevenção e ao combate ao assédio sexual e a outras formas de violência nas atividades da CIPA;

  • -Realização de ações de capacitação e orientação dos funcionários de todos os níveis hierárquicos da empresa sobre temas relacionados à violência, assédio, igualdade e diversidade no âmbito do trabalho.

  • -Elaboração de um Código de Conduta que reflita a conduta organizacional da empresa e os valores que ela prega;

  • -Disponibilização de um Canal de Denúncias com possibilidade de anonimato, para proteger o denunciante.

Sobre a autora
Mirian Gontijo

Somos um escritório de advocacia especializada em agronegócio e cooperativismo. Atuamos há quase 40 anos no mercado. Nossas soluções jurídicas atendem os mais diferentes participantes desse mercado, com excelência técnica, precisão e conhecimento prático de suas especificidades.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

GONTIJO, Mirian. Nova CIPA e seus reflexos nas empresas -Análise da Lei 14.457/22. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 28, n. 7435, 9 nov. 2023. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/107048. Acesso em: 22 dez. 2024.

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