A Rússia está em guerra

25/08/2024 às 14:31
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O ataque ao território da Federação Russa organizado com ajuda da OTAN e colocado em prática pelo Exército da Ucrânia provocou reações diferentes em duas regiões muito distintas que mais e mais se autodefinem como inimigas irreconciliáveis. Na Rússia a agressão militar ucraniana tende a silenciar aqueles que defendem uma solução negociada e a fortaleceu a posição de Vladimir Putin. Na Europa e nos EUA o feito militar ucraniano foi comemorado como se as tropas de Kiev estivessem prestes a invadir o Kremlin.

Volodymyr Zelensky parece acreditar que forçará a Rússia a celebrar a paz fazendo concessões. Mas a verdade é que ninguém deveria ter obsedado os russos em seu próprio território. Ao tomar consciência do ataque, o Kremlin se limitou a socorrer a população afetada e a organizar uma reação militar imediata. O ímpeto da invasão foi contido e os ucranianos já começaram a sofrer um grande número de baixas. 

Esse vídeo do governo russo é especialmente fantástico pelo que ele não contém:

https://www.youtube.com/watch?v=Xf50thcrGbA 

Nenhuma autoridade russa fez promessas vazias de vingança, de ofensivas milagrosas ou disse que novas armas secretas espetaculares serão usadas para derrotar os invasores ucranianos. Ninguém forneceu qualquer pista de quais serão as medidas militares tomadas para derrotar a invasão e levar a guerra ao coração da Ucrânia a fim de decapitar o governo agressor. Em momento algum Vladimir Putin e seus auxiliares próximos fizeram qualquer apelo para a Ucrânia interromper os ataques mortais ou ofereceram termos de paz. A Federação Russa se limita a reconhecer um problema urgente e informar quais medidas estão sendo tomadas para aliviar o sofrimento da população russa afetada pela agressão militar ucraniana. O tom burocrático da comunicação é evidente. 

A guerra moderna é sobretudo uma questão de logística. Portanto, devemos supor que nesse exato momento os militares russos estão planejando meticulosamente o que será feito para derrotar a Ucrânia de uma vez por todas. Os comandantes militares devem estar reunindo em sigilo o que é necessário para a execução do plano militar desenhado calmamente a fim de colocá-lo em prática num futuro próximo quando todos os meios humanos e materiais para obter as vitórias necessárias tiverem sido reunidos. 

Não existe nenhuma possibilidade de paz sem a derrota total de Volodymyr Zelensky. Essa é a mensagem silenciosa escondida na comunicação oficial da Federação Russa, concebida tanto para acalmar a população russa quanto para não antecipar os próximos passos militares do Kremlin.

O estilo russo de fazer a guerra é muito diferente do ucraniano. Isso provavelmente deve causar muita irritação em Kiev, na OTAN e nos falcões da imprensa ocidental. Há alguns meses muitos estavam vomitando a inevitabilidade de uma vitória de Kiev. Promessas de ofensivas espetaculares foram feitas e não cumpridas. Grandes quantidades de armamentos fornecidos pelo Ocidente à Ucrânia foram destruídos pela Rússia em depósitos antes de poderem ser levados ao fronte. No momento em que a Ucrânia dizia avançar seus exércitos estavam paralisados sendo desgastados ou recuando. Invadir a região de Kursk pode ter sido o último canto do cisne ucraniano.

A paz desejada pelos ucranianos não será obtida através de discursos grandiloquentes ou vitórias militares transitórias. Se levarmos em conta o conteúdo do vídeo da Federação Russa comentado, a paz só poderá resultar de uma derrota da própria Ucrânia. Os russos transformam a dor em energia para continuar combatendo. Os inimigos deles parecem transformar o desespero da derrota iminente em vitórias ilusórias ou temporárias. 

Todavia, é evidente que a Rússia sentiu o impacto do ataque a Kursk. Mas não com a mesma dramaticidade que foi dada ao episódio pela Ucrânia e pela imprensa ocidental. As autoridades russas não demonstram publicamente medo ou fraqueza diante do imponderável. Elas se apresentam à população russa muito dispostas a cuidar dos afetados/refugiados dando a entender que redobrarão sua aposta numa campanha militar que só terminará com a queda de Kiev e a fuga ou morte de Zelensky. Não ficarei surpreso se alguma Bet começar a coletar apostas sobre quanto tempo resta ao regime de Kiev e se e quanto o bufão ucraniano fugirá para a Europa ou para os EUA.

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Sobre o autor
Fábio de Oliveira Ribeiro

Advogado em Osasco (SP)

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Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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