Serial killers e o contexto social: Análise criminológica e psicossocial.

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03/01/2025 às 17:34

Resumo:

O estudo sobre Serial Killers busca elucidar definições e motivações, bem como apresentar mecanismos de surgimento e infiltração na sociedade.


Aborda a popularização do termo, as características distintivas desses indivíduos e o funcionamento de suas mentes.


Destaca a evolução dos métodos de investigação e a complexidade da tipificação de condutas perante a consciência dos atos.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo, elucidar a definição da terminologia Serial Killers, aprofundando-se em suas condutas, pensamentos e motivações, bem como apresentar mecanismos pelos quais esses indivíduos surgem e se infiltram na sociedade por meio de uma análise criminológica e psicossocial.

Este artigo visa, ainda, discutir a popularização desse termo, as características distintivas desses indivíduos e o funcionamento de suas mentes, evidenciando a complexidade da atuação dos meios de investigação e da tipificação de suas condutas perante a consciência dos seus atos.

O trabalho faz uma abordagem dos métodos de investigação aplicados nos crimes praticados pelos assassinos. Foram utilizados na confecção do presente trabalho pesquisas em doutrinas, notícias veiculadas pela imprensa e internet, além de seguir o método dedutivo para o desenvolvimento do texto apresentado.

Conclui-se que os métodos criminológicos evoluíram desde o surgimento dos Serial Killers. As abordagens e as técnicas de investigação passaram por mudanças significativas e contínuas, o que contribuiu para o aprimoramento dos entendimentos e das estratégias de combate a tais crimes.

Palavras-chave: Serial Killer; Modus Operandi; Vítimas; Padrão Criminal.


  1. INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da humanidade, o crime tem sido uma constante. Ao longo da história, observa-se uma evolução na forma como esses atos são classificados e percebidos pela sociedade. Com o passar do tempo, o modo de repelir e punir tais crimes foi se modificando, e, atualmente, por meio das leis, estabelece-se uma barreira externa entre o certo e o errado.

As leis instituem normas que devem ser seguidas quando inseridas em um contexto social, mas sempre haverá transgressões que as violam. Os indivíduos que cometem tais atos são classificados como criminosos, mas o que ocorre quando essas violações atingem de maneira tão grave, contínua e cruel as normas estabelecidas? São os indivíduos conhecidos popularmente como "Serial Killers", que alimentam fantasias sádicas e não hesitam em torná-las públicas, que torturam, abusam e matam suas vítimas de forma sequencial e meticulosamente planejada, experimentando prazer ao concretizar suas vontades ilícitas.

Mas, afinal, como surgem os Serial Killers? Como podem ser identificados? Possuem plena consciência de seus atos? Escolhem suas vítimas aleatoriamente? Planejam suas ações de maneira metódica ou agem por impulso? Como conseguem se ocultar perante o Estado e a sociedade? Quais são os seus processos mentais?

É indiscutível que, até o momento, não existem respostas definitivas para muitas dessas questões. O tema é de tal complexidade que exige uma análise aprofundada, baseada em um vasto acervo de dados, fatos estatísticos, observação da realidade e estudo dos casos concretos, além do avanço das investigações e da tecnologia, a fim de proporcionar uma compreensão mais abrangente sobre o assunto.


  1. METODOLOGIA

Com o objetivo de promover as discussões pertinentes sobre a temática, o presente estudo será desenvolvido a partir de uma revisão da literatura, envolvendo a coleta de informações e conhecimentos sobre o tema, com base em diferentes fontes bibliográficas já publicadas, como os livros da Ilana Casoy, Harold Schrechter, Michael Stone e Robert Ressler. A proposta é colocar em diálogo diversos autores e dados, de modo a abordar aspectos significativos no âmbito das teorias criminais, os quais são essenciais para a construção de um panorama histórico. A partir dessa análise, será possível entender o surgimento do tema, a evolução histórica, o modo de atuação desses criminosos, bem como os métodos de estudo e de reação sobre esses perfis criminais.

A reflexão sobre tais questões justifica a relevância deste estudo.

A metodologia aplicada é a qualitativa com revisões bibliográficas.


  1. DESENVOLVIMENTO

3.1 AS NUANCES DO SURGIMENTO E DEFINIÇÃO DO TERMO “SERIAL KILLERS

O termo "Serial Killers" parece ter adquirido maior notoriedade nos últimos anos, sugerindo que, nos tempos modernos, existe um número superior de assassinos em série em comparação com os períodos anteriores. Contudo, tal compreensão é precipitada, uma vez que, ao longo da maior parte do século XX, uma série de assassinatos violentos, sem justificativa aparente, gerou grande temor na sociedade, embora a classificação "assassinos em série" não fosse amplamente utilizada nem considerada na época. Estamos diante do avanço das estatísticas criminais e das evoluções dos estudos criminológicos de massificaram esse termo na criminologia moderna.

É inegável que os estudos sobre o tema ganharam força com os avanços tecnológicos e as pesquisas forenses. Embora o termo "Serial Killer" seja relativamente recente, isso não implica que esses indivíduos nunca tenham existido. O psiquiatra James Brussel foi pioneiro no estudo da mente dos criminosos, enquanto John Brohm, em 1960, publicou o livro O Significado do Assassino, no qual já se referia ao termo "Homicida em Série". No entanto, o termo "Serial Killer" ganhou notoriedade mundial, especialmente na cultura norte-americana, com o agente aposentado do FBI Robert Ressler, a partir da década de 1970, durante a fundação da Unidade de Ciências Comportamentais, popularmente conhecida como "Caçadores de Mentes". Esse conceito se disseminou na literatura e na cinematografia, atraindo a atenção dos consumidores de tais conteúdos, que se veem intrigados pelos assassinatos incomuns.

As condutas dos "Serial Killers" são definidas, segundo o FBI (Federal Bureau of Investigation), como "três ou mais eventos separados, em três ou mais locais distintos, com um período de “calmaria entre os homicídios" (Manual de Classificação de Crimes, 1992). Esse intervalo é o que os distingue dos assassinos em massa. Os "Serial Killers" são frequentemente classificados como indivíduos que sofrem de transtornos mentais, embora essa definição não implique, necessariamente, sua inimputabilidade.

“A imputabilidade é a condição legal para a imposição da sanção penal àquele que praticou um fato típico e antijurídico. Ela existirá quando o autor do fato for capaz, entenda-se mentalmente capaz, de compreender a ilicitude do ato praticado ou se determinar de acordo com tal compreensão. Faltando ao autor a inteira capacidade de compreensão da ilicitude de sua conduta, por uma doença mental ou um desenvolvimento mental incompleto ou retardado, a ele não poderá ser imposta sanção penal, sendo, então inimputável.” (MEDEIROS, 2010, p.01)

Ainda não há uma definição consolidada para o termo "Serial Killer", todas as tentativas de tipificação ou definição desse criminoso são fortemente contestadas por outros estudiosos, o que se deve à complexidade do tema. Esse assunto envolve uma abordagem interdisciplinar, presente na criminologia que abrange biologia, psicologia, sociologia e antropologia, somada a experimentos sociais e métodos de observação comportamental., isto é, evoluções acerca dos estudos criminológico significativos para entendermos os detalhes complexos que o tema traz consigo.

A riqueza de detalhes e ramificações do tema, aliada ao fato de que, até o momento, não se possui uma conclusão definitiva e comprovada sobre os motivos que levam esses indivíduos a agir da maneira que o fazem, explica a dificuldade em combater e, principalmente, em identificar quem se encaixará nesse perfil.

3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS “SERIAL KILLERS

Com o passar dos anos e os avanços nos estudos, diversas teorias acerca das motivações desses criminosos foram delineadas. Compreender o que os impulsiona a cometer crimes violentos e sequenciais nunca foi uma tarefa fácil, visto que as mentes desses indivíduos são complexas, assim como suas motivações. Encontrar um padrão ou explicação definitiva para tais condutas ainda representa um grande desafio para os estudiosos da área.

Uma das principais características desses criminosos é a ausência de uma razão aparente para o cometimento dos crimes, além da incapacidade de perceber suas vítimas como seres humanos iguais a eles, tratando-as como objetos ou meios para alcançar os objetivos de suas fantasias. A maioria dos serial killers demonstra uma necessidade de domínio e poder sobre suas vítimas, além do desejo de manifestar esse poder, frequentemente escolhendo vítimas mais fisicamente frágeis, o que facilita a concretização de seus desejos ilícitos.

Esses criminosos tendem a selecionar vítimas que pertencem a grupos marginalizados ou distantes dos padrões sociais, muitas vezes indivíduos negligenciados pela sociedade. Essa tendência está diretamente ligada à classificação de vítimas latentes ou potenciais, conceito amplamente discutido pela criminologia, que se encaixa perfeitamente nos padrões observados.

O padrão de ação dos serial killers é caracterizado por violência, impulsividade e repetição, sendo resultado de uma motivação intrínseca e individual, frequentemente associada a um padrão ritualístico denominado "Modus Operandi". Embora representem uma pequena porção dos criminosos, seus métodos chamam consideravelmente a atenção das autoridades e geram grande temor na população, intensificados pelos debates midiáticos e pela divulgação desses crimes, o que amplia sua relevância social.

A teoria freudiana postula que a agressão nasce dos conflitos internos do indivíduo, enquanto a Escola Clássica defende que os crimes são cometidos com base no livre-arbítrio, ou seja, os indivíduos escolhem racionalmente se o crime compensa, ponderando os riscos e benefícios. A Escola Positivista, por sua vez, acredita que os indivíduos não têm controle pleno sobre suas ações, sendo influenciados pelo meio social em que vivem, por fatores genéticos, classe social, entre outros. Nesse contexto, é possível concluir que os serial killers não se enquadram de forma rígida em nenhuma dessas vertentes criminológicas, já que as motivações que os levam a cometer os crimes ainda não estão completamente esclarecidas, e sua classificação permanece em aberto.

Indivíduos comuns podem recorrer a fantasias como um método de fuga, sendo que muitos já imaginaram atos ilícitos, socialmente repudiados. No entanto, apenas alguns externalizam esses pensamentos. Para os serial killers, a compreensão de sua fantasia difere da de pessoas normais. Embora reconheçam a distinção entre o real e o irreal, seus desejos se manifestam de forma compulsiva. A fantasia torna-se o centro de seu comportamento, substituindo o que seria uma distração mental. Tomados pelo desejo insaciável de concretizá-la, acabam cedendo a ele, e, ao experimentar (ainda que brevemente) a sensação de poder, suas condutas se tornam contínuas e reiteradas.

A maioria desses criminosos sente prazer em reviver os momentos de seus crimes, o que pode ser quase tão excitante quanto cometê-los. Por essa razão, muitos guardam "lembranças" de suas vítimas, como roupas, fotos, vídeos ou até mesmo partes do corpo. Esses objetos tornam-se troféus, representando para o criminoso a consumação de seus atos, embora o risco de manter provas materiais de seus crimes seja evidentemente alto.

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Em geral, os serial killers apresentam uma aparência normal e se encaixam nos padrões sociais, sendo excelentes atores que disfarçam bem suas práticas criminosas repetidas, o que lhes permite viver de maneira aparentemente normal. Eles sabem como se misturar e passar despercebidos, levando uma vida rotineira e realizando atividades consideradas normais. Muitos possuem vícios socialmente aceitos, como cigarro, pornografia, bebidas ou jogos, que se ajustam ao comportamento de muitas pessoas. Alguns vão além, fingindo ajudar as autoridades na resolução dos crimes que eles próprios cometem, uma estratégia para mascarar suas práticas e despistar as investigações. Dessa forma, conseguem monitorar os avanços das investigações e avaliar se estão perto ou não de serem descobertos, o que demonstra uma inteligência estratégica para continuar cometendo crimes sem ser identificado.

A intimidade é um aspecto desejado pelos serial killers, mas, por serem antissociais e incapazes de estabelecer relações normais com outras pessoas, recorrem a condutas desviantes e socialmente rejeitadas. Acreditam que, sem essa abordagem, nunca seriam capazes de alcançar seus desejos. A submissão da vítima e a externalização de seus desejos reprimidos, somadas à imposição de suas fantasias contra a vontade da vítima, constituem o ponto culminante de sua busca por intimidade.

Assim, os assassinos em série são divididos em quatro tipos:

  1. Visionário: são os psicóticos, que matam como resposta às vozes ou visões que lhe exigem que cometam os crimes;

  2. Missionário: acredita que a sociedade deve se livrar de determinadas categorias de pessoas (homossexuais, prostitutas, mulheres, crianças), pois crê que estas são o mal do mundo;

  3. Emotivo: obtém prazer no planejamento do crime e mata por pura diversão;

  4. Sádico: é o que busca satisfação através do sofrimento das vítimas, mediante tortura, mutilação e homicídio, os quais lhe trazem prazer sexual.


    1. VÍTIMAS: ESCOLHIDAS A OBRAS DO ACASO?

A ação da vítima não determina, necessariamente, a conduta do criminoso, uma vez que não há um padrão uniforme entre os assassinos em série para a escolha de suas vítimas. Existe, em sua mente, uma motivação intrínseca que os leva ao cometimento de assassinatos, mas essa motivação nem sempre é facilmente compreendida e, principalmente, aceita pela sociedade. Isso se deve ao fato de que seus motivos resultam de uma cadeia complexa de acontecimentos, crenças e fantasias vividas pelo serial killer. Estudos sobre o histórico e as experiências prévias desses criminosos apontam que muitos deles enfrentaram situações de abuso na infância, sendo que pesquisas indicam que 82% dos serial killers sofreram abusos durante a infância, 1/3 dos molestadores são viciados em substâncias, 36% demonstraram crueldade com animais, e a maioria apresenta características de antissociais, com poucos ou nenhum amigo. Essas observações são frequentemente agrupadas na chamada "Terrível Tríade", mas é importante salientar que nenhuma dessas características pode justificar ou predestinar alguém a se tornar um criminoso desse tipo, nem muito menos apontar com precisão quem será sua vítima.

O fato é que as vítimas são vistas pelos serial killers apenas como meios para a concretização de seus objetivos, como instrumentos para idealizar e materializar a fantasia obscura que esses criminosos cultivam, seja ela no nível consciente ou subconsciente. A vítima é percebida como o objeto sobre o qual o criminoso exerce total domínio, sendo através dela que ele se sente livre para externalizar seus desejos mais profundos, tendo já premeditado tanto o fim da vítima quanto a forma como irá consumar o ato. A maioria dos assassinos seriais leva uma vida isolada, muitas vezes com poucos ou nenhum amigo, o que provavelmente resulta de frustrações do passado, em que não conseguiram se integrar de maneira satisfatória ao meio social. Durante o crime, quando o criminoso exerce controle sobre a vítima, ele não se sente mais só, tampouco apunhalado por seus problemas sociais. No momento da execução, ele se sente no domínio da situação, mas, uma vez consumado o crime, quando a vítima é morta, ele retorna ao sentimento de solidão e abandono, o que o leva a repetir o ato diversas vezes, em busca de reviver aquela sensação.

A vítima frequentemente se encaixa em um padrão compreendido apenas pelo criminoso. Indivíduos que sofreram abusos sexuais por uma figura paterna, por exemplo, tendem a escolher vítimas masculinas, praticando com elas os mesmos abusos que sofreram. Da mesma forma, aqueles que foram rejeitados por uma figura feminina, como em um relacionamento amoroso, podem buscar mulheres que apresentem características físicas semelhantes às da pessoa que os rejeitou, com o objetivo de castigar ou até se vingar dessa experiência, externalizando, assim, que agora é ele quem detém o poder, adotando o papel de abusador em vez de vítima. Portanto, compreender o padrão de vida de um criminoso é tarefa complexa, pois exige um entendimento profundo de seu íntimo e de seu histórico de vida. Mais difícil ainda é identificar esses padrões de modo a prevenir-se contra tais crimes, uma vez que a maioria dos serial killers só foi identificada pelas autoridades após inúmeras vítimas já terem sofrido em suas mãos.


  1. SERES CONSCIÊNTES OU INSANOS?

Os serial killers são indivíduos que possuem capacidade e consciência para agir, compreendendo a distinção entre o que é certo e errado. Contudo, não se enquadram entre as pessoas consideradas "normais", pois não possuem a capacidade de reprimir seus impulsos ilícitos. Muitos veem suas práticas como a realização de suas fantasias e a concretização de seus pensamentos mais sórdidos. No entanto, o fato de esconderem suas ações criminosas, planejarem meticulosamente o local de seus crimes, as armas a serem utilizadas, os ferimentos a serem causados, os métodos de tortura ou abusos infligidos às vítimas, demonstra que possuem plena capacidade de compreender que o que estão praticando é um crime.

Considerando que os assassinos em série, em sua maioria, adotam uma persona socialmente aceitável enquanto interagem com os outros, mas agem de maneira completamente discrepante ao cometerem seus crimes, fica evidente que eles têm plena consciência da ilicitude de suas ações e, por isso, sentem a necessidade de ocultar sua verdadeira natureza.

O objetivo primordial do serial killer é exercer domínio e poder sobre suas vítimas, o que concretizam por meio de práticas de tortura, lesões, abusos sexuais, entre outras condutas ilícitas. Para isso, eles precisam ter total conhecimento sobre qual prática causará maior humilhação, sofrimento e dor à vítima. Para o criminoso, quanto maior o sofrimento da vítima e mais intensa sua resistência à situação, mais prazeroso será o ato. Isso demonstra, de maneira clara, um pensamento lúcido sobre o que é errado e a consciência de que devem adotar tais medidas para atingir suas fantasias perversas.

É um equívoco pressupor que um serial killer não sabe ou não consegue criar empatia. A maioria desses criminosos violentos tem histórias de humilhação na infância e sabem perfeitamente o que significa passar por experiências de tortura. Segundo Bernd E. Turve, psiquiatra forense, o fato de o criminoso saber exatamente o que impõe à vítima em termos de humilhação, dor e sofrimento é uma evidência irrefutável de que ele tem plena compreensão das consequências de seu comportamento.

Racionalizar seus atos parece ser o caminho mais lógico, pois suas condutas fogem de maneira flagrante dos padrões aceitos pela sociedade. Esse fato é frequentemente utilizado por advogados de defesa para alegar insanidade em tribunais, na tentativa de obter a absolvição do assassino. No entanto, a insanidade não está necessariamente ligada a uma doença mental, mas sim à incapacidade de diferenciar o que é certo do que é errado. Ela está relacionada à compreensão de que o comportamento do criminoso não é aceitável. A forma como a mídia os retrata contribui para uma discrepância com a realidade dos casos concretos, uma vez que apenas 5% dos serial killers foram considerados mentalmente doentes no momento da prática dos crimes.

Diversas pesquisas tentaram explicar, a partir da biologia, os fatores que levam esses criminosos a adotar esse comportamento. A relação entre masculinidade e crime foi abordada pelo Dr. Paul Bernhardt, que demonstrou que níveis elevados de testosterona combinados a baixos níveis de serotonina podem levar a resultados letais. Nesse contexto, a falta de equilíbrio hormonal poderia resultar em agressividade e comportamentos sádicos. O Dr. Christopher Patrick, por sua vez, sugere que psicopatas apresentam uma resposta reduzida nas taxas de mudança cardíaca e na condução elétrica da pele como reação ao medo. O Dr. Dominique Lá Pierre propôs que, em psicopatas, o córtex pré-frontal, responsável pelo planejamento a longo prazo, julgamento e controle de impulsos, não funciona adequadamente. O Dr. Adrian Raine concluiu que indivíduos antissociais, impulsivos e sem remorso, que cometem crimes violentos, têm, em média, 11% menos matéria cinzenta no córtex pré-frontal em comparação aos indivíduos não criminosos. Contudo, nenhum desses estudos foi capaz de explicar de forma conclusiva as motivações dos serial killers nem de comprovar que todos se encaixam nesses padrões biológicos.

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Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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