Resumo: O artigo analisa a relação entre o cristianismo ocidental e o ambientalismo contemporâneo, o qual começa a ter ares de religiosidade mundial. A analise começa com um crítica ao pensamento de White (2007), o qual põe no cristianismo e na Revolução Industrial a culpa pelo desmatamento e crise ambiental. Em seguida, coloca-se que esse ambientalismo busca ser a religião universal através de documentos como a Agenda 2030, e, por fim, mostra-se como essa nova configuração leva a sociedade a um governo similar ao descrito no livro de Apocalipse.
1. A falsidade de atribuir ao cristianismo a culpa pela crise ambiental
Em Lynn White (2007), a relação entre crise ambiental e cristianismo tomou forte envergadura: seus seguidores puseram o paganismo e o comunismo como a religião e o sistema econômico ideais para o Ocidente. Pela perspectiva de White, a causa superficial da devastação dos ecossistemas estaria na fusão entre técnica e ciência ocorrida em meados do século XIX, durante a Segunda Revolução Industrial, o que teria possibilitado o advento do crescimento urbano, da contaminação, do consumismo e da superexploração dos recursos naturais. Entretanto, essa fusão só teria sido possível graças a um conjunto de axiomas judaico-cristãos: a noção de progresso material, o tempo linear, o antropocentrismo e a permissão divina para subjugar a Terra (WHITE, 2007).
Consoante tal autor, o capítulo 1:28-30 de Gênesis concederia à humanidade o domínio sobre a terra e todos os animais, dando-lhe o direito de usufruir deles ao bel-prazer,1 o que tornaria a religião cristã a mais antropocêntrica do mundo e, também, promotora de um dualismo entre o ser humano e o meio ambiente. Por esse motivo, o homem compartilharia a superioridade de Deus sobre a natureza. O cristianismo, portanto, ao desestabilizar as religiões animistas do Ocidente europeu, teria sido o responsável por liberar as inibições em explorar a natureza: “Los espíritus en los objetos naturales, quienes en un principio habían protegido a la naturaleza de la acción del hombre, se esfumaron. El monopolio efectivo del hombre sobre el espíritu en este mundo fue confirmado y las antiguas inhibiciones para explotar la naturaleza desaparecieron” (WHITE, 2007, pp. 80-84). Por outro lado, as religiões pagãs europeias, por seus traços animistas2 e panteístas,3 seriam menos nocivas, porquanto colocavam o homem em igualdade com o ecossistema. Devy-Vareta (2002), na mesma linha, insinua que o cristianismo potencializou a prática da destruição das florestas para o plantio, o que gerou uma crescente produção agrícola, a qual, por sua vez, teria necessitado de avanços técnicos para garantir a sustentabilidade da economia medieval.
Quiçá seja verdade que a insensibilidade contra o meio ambiente tenha sido criada pelos camponeses e industriais europeus, todavia isso não implica que o cristianismo tenha sido a origem desse fenômeno. O próprio White (2007) reconhece que o avanço agrícola ocidental refere-se a um período muito anterior a Cristo. Mesmo assim, aponta que as sociedades judaico-cristãs compartilham uma fé em um progresso perpétuo, graças à noção de tempo linear, coisa que a greco-romana e as orientais, segundo o autor, não haviam conhecido. Por essa perspectiva, a cultura greco-romana clássica entendia o tempo como cíclico, numa espécie de eterno retorno, inexistindo pois a ideia de desenvolvimento em busca de uma sociedade ideal ou divinal. Essa fé no progresso, portanto, proporcionaria o arcabouço psicológico para o afã desenvolvimentista e pragmático ocidental.
Afirma, ademais, que o islã e o comunismo seriam heresias cristãs, posto que compartilham o mesmo princípio desenvolvimentista. Entretanto, White não explica o motivo pelo qual, durante a Idade Moderna e Contemporânea, enquanto a Europa e América viviam as revoluções industriais, as culturas muçulmanas ainda pareciam viver com uma mentalidade feudal; nem contesta o fato de que na Antiguidade, a China, a Índia, o Egito e os impérios mesopotâmicos terem no desenvolvimentismo a alavanca para seu poderio econômico, bélico e político, apesar de não possuírem as bases bíblicas para tanto. A Índia, por exemplo, que não é nem cristã, nem muçulmana, nem comunista, está sendo, contudo, uma das grandes responsáveis pela poluição na atmosfera, conforme o gráfico seguinte:
Gráfico 02: Pegada ecológica e biocapacidade per capita, Índia (1961-2018)
Fonte: Global Footprint Network, 2022.
O gráfico demonstra que “com o elevado crescimento demoeconômico a Pegada Ecológica per capita dobrou para 1,21 gha para uma Biocapacidade de 0,45 gha em 2018. Assim, o déficit ecológico per capita passou para 0,71 gha, o que representa um déficit relativo de 169%” (ALVES, 2019, p. 01).
Dessa forma, “em termos absolutos a Índia tem uma Pegada Ecológica de 1,6 bilhão de gha (ficando atrás apenas da China e dos EUA). A Índia já é o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa e ocupa o 2º lugar quando se considera as emissões por área” (ALVES, 2019, p. 01).
White (2007) tampouco explicou a contento o porquê de a revolução agrícola e a científico-industrial hajam sido originadas apenas no perímetro onde o cristianismo latino-católico prevalecia. Como esboço de resposta, comparou o cristianismo grego com o latino, afirmando que no primeiro inexistia a mentalidade agressiva à natureza porque possuía uma visão mais contemplativa e devocional do que aquela oriunda do cristianismo romano, afirmando que o “santo” grego contempla, e o ocidental atua (WHITE, 2007). Por conseguinte, a diferença encontrar-se-ia no fato de o cristianismo ocidental haver sido influenciado por substratos romanos eivados de pragmatismo no tocante aos ecossistemas; já o cristianismo grego, imbuído da filosofia helênica, mais contemplativa, teria deixado os homens menos preocupados com o progresso econômico e, consequentemente, com a extração dos recursos naturais. Em síntese, haveria um cristianismo malígno para a natureza (o latino) e outro benigno (o grego). Logo, pode-se inferir que, se o cristianismo latino tivesse um substrato mais contemplativo, não teria propiciado o avanço tecnológico, tendo sido, portanto, tão benéfico ao meio ambiente como o foi o seu congênere grego. Se assim for, o problema não estaria nas diversas formas de cristianismo, mas tão somente naquele que contivesse um “substrato latino” remanescente. Ou seja, não teria sido o cristianismo em si o problema, mas a tendência desenvolvimentista de Roma a causadora do avanço sobre a natureza.
Em realidade, romanos e gregos antigos foram grandes conquistadores e construtores, sendo sua mentalidade, na prática, favorável a que toda a fauna e flora estivessem à disposição do humano. Embora o paganismo sugerisse uma mitologia animista e panteísta, tinha o povo uma visão consumista: o culto ao progresso e à riqueza material estava bem presente. É incongruente, por conseguinte, insinuar que o panteísmo e o animismo greco-romanos coibiram a exploração massiva do meio ambiente. No imaginário primordial helênico, de fato, ao menos em um primeiro momento, a natureza vinculava-se ao sobrenatural, servindo de elo entre os homens e os deuses. Os cultos religiosos originalmente ocorriam nos bosques; somente depois construíram-se os templos em tais lugares. Com a presença desses edifícios, havia uma sacralização oficial de toda a região (HUGHES, 1988). No entanto, esse culto não se manteve puro durante toda a Antiguidade, pois foi questionado ao advir uma corrente filosófica proto-cientificista, cujo fulcro encontrava-se em buscar nos elementos físico-químicos as respostas para a origem do universo. Assim, a ciência começava a suplantar o mito. Os deuses, em suma, foram substituídos gradativamente pelo racionalismo científico na explicação do ser das coisas (MENEZES, 2023). Entendiam que aquilo que é percebido pelos órgãos do sentido é apenas uma aparência de algo que está oculto nas coisas e que só pode ser compreendido pela abstração4. Essa nova postura refletia, na verdade, o estado anímico da sociedade, desejosa de progresso material, já vivenciando processos de expansão populacional, urbana, liberal e comercial. Isso, por óbvio, gerou um posicionamento mais agressivo contra a natureza. Aristóteles, nessa linha desenvolvimentista, preconizava que a conservação ambiental deveria ser administrada pelo Estado, haja vista que a defesa da nação contava com as madeiras para fazer armas e navios de guerra. Dedicou-se ao estudo da biologia: pedia a Alexandre, o Grande, que trouxesse exemplares da fauna e da flora das regiões conquistadas. Para o filósofo, a tecnologia utilizada pelo homem para dominar a natureza deveria estar sob controle de uma decisão racional, cujos princípios se encontram no equilíbrio entre o homem e o seu contexto (MARCONDES, 2006). No entanto, na prática, o pensador em questão servia de arrimo para Alexandre, pois enquanto este devastava a terra por meio de guerras de conquista, Aristóteles lhe ajudava a formar o arcabouço ideológico, científico e tecnológico para continuar a expansão territorial.
Similar a dos gregos era a concepção dos romanos, os quais vinculavam diretamente suas divindades à agropecuária e ao progresso material (REDONET; BEVIA, 1999). Uma de suas notáveis obras foram as famosas estradas, que contribuíram para uma mudança significativa das paisagens europeias, asiáticas e africanas, levando o progresso econômico para zonas muito distantes das metropolitanas (HUGHES,1998). A prosperidade econômica de muitas regiões europeias relaciona-se com tais estradas. Abaixo, há um mapa comparando as rotas das antigas estradas com as regiões mais industrializadas da Europa: onde mais há luz, ali estão presente as supramencionadas rotas:
Imagem. Estradas romanas e iluminação atual.
Fonte: Universidade de Copenhague.
Contra esse desenvolvimentismo desenfreado, surgiu um bosquejo de ambientalismo, pois, embora a civilização greco-romana não possuísse uma sistemática defesa do meio ambiente, já se entreviam vozes isoladas contra a devastação dos biossistemas (BORGES; MARCÍLIO, 2021). Platão (1992), verbi gratia, relata as observações feitas por seus antecessores a respeito do equilíbrio dos animais com o meio em que viviam, e que muitas florestas já haviam sido destruídas pelo ímpeto grego5. Cícero (1998), no que lhe concerne, revela que essa mesma postura levou o romano a criar uma espécie de “segunda natureza”, controladora do meio6. Além de tudo, registros arqueológicos de lagos de sedimento alpino (18) demonstram altos níveis de contaminação por chumbo pela metalurgia aproximadamente 4.000 anos antes de Cristo (GARCÍA-ALIX et al., 2017). Em suma, a ânsia desenvolvimentista já estava presente na Antiguidade clássica antes do cristianismo; outrossim, a devastação ambiental no período foi responsável por extinções de cidades inteiras, conforme a próxima tabela:
Tabela 1. Causas e consequências do desaparecimento de civilizações antigas
CAUSAS |
CONSEQUÊNCIAS |
1. Má conservação, erosão, destruição de solos |
Falta de alimentos |
2. Destruição de solos, de florestas e do ciclo longo da água, e a poluição |
Falta de água limpa |
3. Acúmulo de lixo e de esgoto nas casas e nas ruas |
Doenças, parasitas e pragas |
Fonte: Primavesi; Nicodemo.
E basta ver o mapa múndi atual relativo ao índice de desmatamentos e queimadas para notar-se que os fenômenos em questão não são exclusivos das sociedades cristãs:
Imagem 04: Queimadas nos trópicos: Brasil, África, Sudeste Asiático e o norte da Austrália lideram em número de queimadas.

Fonte: Folha de São Paulo
Portanto, não se pode atribuir às sociedades não cristãs uma perfeita simbiose entre homem e meio, e às civilizações cristãs lançar todas as culpas da crise ambiental. Ademais, na exegese judaico-cristã, a natureza e o homem foram criados para viver em harmonia. No entanto, após a rebeldia de Adão e Eva para com o Criador, diferenciam-se dois ambientes: o paradisíaco-divinal e o terrenal-amaldiçoado. No paradisíaco, Deus criou o Éden onde nem a morte nem a destruição prevaleciam, colocando Adão e Eva como meros guardiães da fauna e da flora, sendo-lhes vedado o matar e o escravizar. Não havia propriedade privada, e, por conseguinte, inexistia a noção de Estado como protetor patrimonial. Carecia, ademais, a humanidade do conceito de trabalho remunerado ou de acumulação de riquezas. Tampouco existia a agropecuária: o alimento já estava à disposição de todos, bastaria colhê-lo: não à toa, Deus decretara uma alimentação vegetariana: “Eis que vos tenho dado todas as ervas que produzem semente, as quais se acham sobre a face de toda a terra, bem como todas as árvores em que há fruto que dê semente; ser-vos-ão para mantimento” (Gênesis, 1,29). Ou seja, a violência contra os animais era proibida, e a humanidade prescindiria da labuta diária para viver, habitando em uma região bucólica, onde a guerra e a avareza, a ganância e a pobreza, o medo e a fome estavam ausentes. Nesse contexto, as florestas e bosques continuariam intactos eternamente, e a fauna estaria em constante equilíbrio com o todo.
Por outro lado, no que se refere ao terrenal, foi necessário o pecado originário para que tal realidade surgisse. Como castigo, o homem foi expulso do paraíso e lançado em uma terra que lhe obrigaria a trabalhar para sobreviver: Deus amaldiçoou a terra:
Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos; e comerás das ervas do campo. Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás (Gênesis, 3, 17-19).
Aqui, a Bíblia demonstra o início de uma guerra implícita da humanidade contra o meio ambiente. Assim, após Deus esconder o Éden dos olhos humanos, afastou-se também, deixando a humanidade à mercê de uma força maligna em uma terra amaldiçoada, da qual o homem, por si mesmo, jamais voltaria a ser o administrador. É a “serpente” quem estimula na terra, na água e no ar a constante violência e o derramamento voraz de sangue. É ela quem atiça a destruição ambiental para satisfazer a vaidade humana.
O cristianismo, em geral, prega que a única forma de suportar esse castigo é tentar fugir dos desejos mundanos, buscando a autocontemplação, o conhecimento de si mesmo, arrependendo-se dos pecados, e aceitando passivamente que o pecado de Adão e Eva ainda está presente, devendo o humano esperar a piedade de Deus. É nesse sentido que Jesus se levantava ao dizer:
Portanto, não se preocupem, dizendo: 'Que vamos comer?' ou 'Que vamos beber?' ou 'Que vamos vestir?' Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas serão acrescentadas a vocês. Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal (MATEUS, 6, 25-34).
As palavras de Jesus arremetem contra os gozos terrenais e contra o espírito desenvolvimentista, embora tal crítica já estivesse presente na Bíblia, quando ela se refere a Nimrod. Após o dilúvio, um dos três filhos de Noé, Cão, resgataria a forma de viver de Caim, e cometeria uma falta grave7 contra seu pai, sendo, por isso, amaldiçoado. Dele sairiam os cananeus e o primeiro homem a iniciar o processo desenvolvimentista após o dilúvio, Ninrode8, o qual foi “o primeiro a ser poderoso na terra. Ele era poderoso caçador diante do Senhor; pelo que se diz: Como Ninrode, poderoso caçador diante do Senhor. O princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar” (Gênesis,10, 9-12). Ninrode construiu cidades, e talvez tenha sido o idealizador da Torre de Babel. O que está implícito aí é que as cidades, por si sós, representam uma afronta a Deus, posto que Este disse ao humano: “Crescei e multiplicai”, no sentido de espalhar-se por toda a Terra e não que criasse grandes conglomerados urbanos, como havia antes do dilúvio.
Ninrode colocava sua fé não na palavra de Deus, mas na sua própria inteligência e perspicácia. O surgimento de uma cidade, logo, mostra que nesta o que vai prevalecer é o desejo do homem em resguardar-se acima de tudo, de proteger-se, de criar um Estado que possa ser-lhe útil, colocando a Deus em segundo plano. Na cidade, a cobiça e a codícia se incrementam; nela, o consumo de coisas vãs aparece; nela, a moda e o gozo dos bens materiais abundam; nela, o homem começa a preparar-se para a guerra. Nesse clima, o meio ambiente passa a ser usado para o bem-estar humano, e a busca por riqueza obriga o homem a alterar o relevo, a mudar o percurso dos rios, a criar pontes, a construir gigantescos edifícios etc. Nimrod também foi primeiro rei, pós-dilúvio, em pensar na escravidão e no trabalho forçado como formas de crescimento econômico. Seus correligionários o consideravam um deus, porquanto saía-se vencedor em suas empreitadas, gerando riquezas, paz e conforto para os que o apoiavam. No contexto bíblico, ele é considerado um anticristo, pois em nome da paz e da prosperidade leva destruição e opressão para muitos.
É ele o paradigma perfeito dos ditadores, sendo o responsável por instituir a fusão entre religião e política no Estado. Sua imagem expandiu-se pelo globo terráqueo sendo associado a nomes mais variados, desde Baal, Prometeu, a Moloque.
Em suma, o cristianismo latino, da mesma forma que o antigo paganismo greco-romano, não potencializou o avanço sobre as florestas de forma descontrolada. Ao contrário, pois, ao longo da Antiguidade e da Idade Média, o cristianismo do ocidente europeu esteve, em certa medida, arredio aos princípios liberais, materialistas e antropocêntricos apregoados pela cultura greco-romana clássica. Não era isso uma novidade, haja vista que o estoicismo9 já preparara o terreno para o ingresso da cosmovisão judaico-cristã na Europa (PIGLIUCCI, 2018). A nova fé, diferentemente do estoicismo, punha a Deus como o grande governante e ensinou que o homem deveria aprender a conformar-se com as tribulações sofridas, pois este mundo é transitório, estando o real em um plano divinal. Numa época de misérias e sofrimentos, essa mensagem foi esperançosa e consoladora, por isso o cristianismo se expandiu rapidamente, passando a competir com o paganismo imperial, que reagiu, perseguindo a mentalidade judaico-cristã.