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O ambientalismo contemporâneo como religião universal

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3. O governo comunista e a grande besta

A nova religião tenta unir o político-econômico-religioso-cultural preparando o terreno para a vinda de um governo mundial. Nunca houve um governo com tal poder, embora tenha havido muitos intentos. Por outro lado, essa mundialização político-econômica-cultural contida no documento já se encontra há milênios profetizada na Bíblia, a qual adverte que um político poderoso governará o mundo e levará este para um conflito bélico sem precedentes, estando o mundo altamente polarizado entre os que odeiam e os que defendem Israel.

Deve-se ter em conta que a Bíblia anuncia dois tipos de globalização, uma que dar-se-á pela força e astúcia humanas; outra, pela intervenção divina. A primeira globalização virá inicialmente e culminará em um governo mundial, liderado por um político extremamente popular, conhecido biblicamente como o Antricristo 15 ou a Besta do Apocalipse, poderoso, altamente demagógico, ditatorial e nefasto, mas que propagandeará mentiras e chegará à conquista do mundo. O Anticristo, para a visão cristã, portanto, é um que se fará passar por Jesus Cristo. Esse vocábulo aparece por primeira vez na primeria carta de João (2,18), e possui duas exegeses: 1º) aquele que está contra Jesus Cristo; 2º) aquele que busca usurpar ou tomar o lugar de Cristo (González, 2020). Assim, na primeira acepção, anticristo é um termo geral, abstrato, que representa qualquer pessoa que rechace ser Jesus Cristo Deus. Já anticristo no sentido específico, será apenas um homem, um poderoso político que chegaria ao poder por meio de palavras politicamente corretas e suaves, que enganaria a cristãos e não cristãos, e governaria o mundo, até causar irritação à maioria, dando, então, um golpe de Estado e assumindo o poder autoritariamente.

A segunda globalização virá quando, depois de uma espetacular guerra mundial, surgirá, por intervenção divina, um outro político, duro, meio antipopular, irascível e que vencerá o Anticristo e imporá mil anos de paz e verdadeira prosperidade para todos, conhecido por Cristo. O político demagógico governará o planeta por dois anos e meio, prometendo conciliar Israel com as nações árabes. Após esse período, voltar-se-á contra tal nação com o intuito de uma guerra genocida. Muitos cristãos unir-se-ão para defender a Israel. A batalha final será na região de Israel conhecida como Monte Megido (Bíblia, Jeremias, 46, 10).

A aliança de forças anticristãs e antijudias será liderada pelo Anticristo (Bíblia, Daniel, 11, 36-37-38-39). Enquanto no poder, esse político poderoso terá os seguintes atributos políticos, conforme a Bíblia:

1) fará tudo o que quiser quando predominar mundialmente;

2) não respeitará nenhuma religião;

3) combaterá o Deus da tradição judaico-cristã;

4) vencerá os judeus e cristãos;

5) mas a vitória será por pouco tempo;

6) não terá respeito aos deuses de seus pais;

7) será um celibatário ou um homossexual;

8) honrará o materialismo como deus da guerra;

9) honrará também o saber técnico-científico como seu supremo deus;

10) muitos ficaram famosos e ricos graças a ele;

11) e esses ricos terão o mundo a seus pés se seguirem-no.

Como se pode ver, esse político porá a ciência como sua grande companheira, será materialista, não terá afetividade com as mulheres, enriquecerá a muitos que o seguirem, não terá respeito pelas religiões, sobretudo a dos seus antepassados, e se colocará como o grande salvador do planeta. A tradição diz necessário é que venha antes um homem que, fingindo ser o verdadeiro messias, engane a judeus e cristãos, levando a terra a uma era de iniquidade suprema (Tessalonicenses, 2, 3-4). Será preciso, pois, que haja apostasia, entendida como a “renúncia de uma religião ou crença, abandono da fé; renegação” (Oxford Dicionário, 2024). Esse homem de iniquidade será o Anticristo.

Há teóricos que atribuem ser o anticristo não uma pessoa, mas um sistema político-econômico (Urteaga, 2024). Essas concepções, porém, não são excludentes aqui, haja vista que para o Anticristo surja é necessário um sistema político-cultural-econômico que o aceite. E esse sistema é uma mescla entro o capitalismo e o comunismo, como está preconizado na Agenda 2030.

Esse sistema político-cultural-econômico precisa estar interligado, globalizado, tecnológico e altamente contrário ao espiritual, buscando na matéria o fundamento de todo o ser. Esse contexto, porém, é urbano, é o daquele que está registrado por um Estado forte, controlador, que sabe tudo sobre cada indivíduo, onde encontrá-lo e controlá-lo. Causará muitos danos à igreja, mas será benquisto por bilhões, que dele receberão grandes oportunidades de emprego e renda. Ou seja, representará uma parcela considerável do planeta, causando uma onda de perseguição aos que lhe opuserem. O que ele simboliza é uma parte apenas de duas forças antagônicas que, biblicamente, estão em guerra aberta.

O livro de Apocalipse, de forma metafórica, aponta que ele será o representante luciferino aqui na Terra, conseguindo fazer a junção entre política-religião-economia e cultura. A Bíblia descreve essa junção através de três animais:

1) Dragão: simboliza o cultural e o econômico e permitirá que o Anticristo possa governar na Terra. Esse grande líder não chegará se não houver antes um aparato midiático-econômico que lhe permita expor suas ideias e poder.

2) Besta (ou Anticristo): o poder político.

3) Falso Profeta: o poder religioso.

Três entidades que, unidas, prometeram trabalhar anunciando o bem-estar, a paz e a prosperidade do povo, mas perseguindo a quem vive e pensa diferente. De maneira inconsciente ou não, há muitos documentos que já preparam tal caminho. Um deles é o que se conheceu por Georgia Guidestones (Pedras Guia da Geórgia) 16, que se constituíram em um monumento em pedra situadas nos Estados Unidos, no Condado de Elberte, na Geórgia, nas quais estavam escritos os dez mandamentos da nova ordem mundial.

Figura. Pedras Guia da Georgia – Estados Unidos – depois de serem destruídas

Fonte: New York Times: https://www.nytimes.com/2022/07/06/us/georgia-guidestones-explosion.html

Muito do que a Agenda 2030 proclam estava incrustrado nas famosas pedras, que foram destruídas por um grupo de norte-americanos, acusando-as de contrárias à humanidade, anticristãs e inspiradas no pensamento de Albert Pike17, quem dizia:

O verdadero nome de Satanás, segundo dizem os cabalistas, é o de Yahveh ao revés; porque Satanás no é um deus negro... para os iniciados não é uma Pessoa, senão uma Força, criada para o bem, porém pode servir para o mal” (Pike, 1878, p. 102).

Para Pike, esse deus “é o instrumento de Liberdade ou Vontade livre” (Pike, 1878, p. 102). Pike (1878) explica a relação direta das deidades adoradas, a deusa Razão e a Natureza, durante a Revolução Francesa, e como lutaram contra o cristianismo. Ele também era cosmopolita e mundialista e, indiretamente, um dos grandes pensadores por trás da nova ordem mundial. Anticristo, defensor do livre mercado, da riqueza e do intercâmbio entre as nações. Suas ideias aparecem expostas nas Pedras Guias e reverberam na Agenda 2030. No quadro abaixo, as mensagens contidas nas pedras são postas na coluna primeira, e as principais ideias da Agenda 2030 na segunda coluna:

Figura 34. Quadro sobre as mensagens contidas nas Pedras Guias e na Agenda 2030

Pedras Guias

Ideias basilares da Agenda 2030

1. Manter a humanidade abaixo de 500.000.000 em perpétuo equilíbrio com a natureza.

1. redução drástica da população mundial (neomalthusianismo)

2. Guiar a reprodução sabiamente - aprimorando a aptidão e a diversidade.

2. controle populacional e valorização da diversidade (princípio adotado pela Escola de Frankfurt)

3. Unir a humanidade com uma nova língua viva.

3. toda a humanidade globalizada culturalmente homogênea (multiculturalismo e ecumenismo)

4. Controlar a paixão - fé - tradição - e todas as coisas com razão moderada.

4. exarcerbação da razão, da ciência e da tecnologia (as religiões como meros mitos e fábulas sem maior valor)

5. Proteger povos e nações com leis e tribunais justos.

5. Leis emitidas por um único órgão para todo o planeta

6. Permitir que todas as nações regulem-se internamente, resolvendo disputas externas em um único tribunal mundial.

6. criação de um tribunal internacional

7. Evitar leis insignificantes e funcionários públicos desnecessários.

7. Pragmatismo

8. Equilibrar direitos pessoais com deveres sociais.

8. barreiras aos direitos pessoais de povos que não acatem os preceitos liberais da Agenda

9. Valorizar verdade - beleza - amor – procurando harmonia com o infinito.

9. A natureza e a humanidade em pé de igualdade e importância.

10. Não ser um câncer sobre a terra – Deixar espaço para a natureza – Deixar espaço para a natureza.

10. Homem precisa evoluir para não destruir a Mãe Terra

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Fonte: o autor.

Se se compara cada um deles, ver-se-á que mantém uma mesma diretriz:

1. Manter a população reduzida. É isso que a Agenda 2030, o neomalthusianismo e as diversas conferências da ONU sobre o meio ambiente. Para o cristianismo, isso é uma afronta direta à sua conceção de divindade, a qual não permite o aborto em hipótese alguma, conforme o atestam os dez mandamentos: “Não matarás”

2. Guiar a reprodução sabiamente aprimorando a aptidão e a diversidade. A natalidade deve ser controloda, respeitando-se a diversidade, biológica e cultural. Isso parece excelente, mas, para um cristão, há choque ideológico, pois o controle de natalidade vai contra o “Crescei e multiplicai-vos” e a questão da diversidade é também contestada, pois, segundo a bíblia, só há dois gêneros entre os animais.

3. Unir a humanidade com uma nova língua viva. Desde Nimrod, conforme a Bíblia, a humanidade foi dispersa justamente por causa de sua ousadia e orgulho. A separação linguística aparece como castigo para que a humanidade justamente não possa se unir em uma só língua e cultura global para que não se rebele em massa contra Deus. Uma só linguagem, um só povo é contra o mandamento de: “Crescei e multiplicai-vos” e dominai toda a Terra. E a palavra vai além: “Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer.” Por que Deus impediria o progresso humano? Por que já tinha visto o que ocorreu antes do dilúvio, destruição ambiental, assassinatos em nome de ouro e prata, arrogância, cidades estruturadas e povo sem paz, loucura nos grandes centros, guerras constantes. Esse megapolítico biblicamente tem vários precursores bíblicos, sendo Ninrod um dos mais populares. A etimologia do nome Ninrode significa nos rebelaremos, e ele começou a utilizar-se da escravidão humana (Flávio Josefo, 2001). Ninrode é o patriarca de todos os ditadores e o primeiro pós-dilúviano a formar um Estado forte e escravista, tudo em nome da paz, da segurança e da prosperidade. Na Bíblia aparece descrito como o primeiro a ser poderoso na terra, significando que tal personagem foi estabeleceu uma organização militar imperialista que mesclava religião e política, tendo-o como o primeiro a se autoproclamar um deus (Gênesis,10, 9-12). As tradições e especulações, com raras exceções, mostram-no como encarnação do mal. Segundo a tradição, ele teria idealizado a construção da Torre de Babel, o grande centro do imperialismo globalizante da época. Nesse período, havia uma só língua (Bíblia, Gen. 11, 1-2-3-4), um só povo e uma só crença, e os objetivos da torre seriam dois: tocar os céus e dar renome aos habitantes da babilônia. A Bíblia mostra-o derrotado ante o poder divino, sendo seu reino despedaçado, seu povo levado para várias regiões e aprendendo a falar diversas línguas (Gen., 11, 5-6-7-8-9). Por essa ótica, as línguas são barreiras naturais para evitar que a humanidade, em termos globais, se unifique em um único governo, um único líder religioso e uma única cultura. Todos os governos tirânicos, desenvolvimentistas, expansionistas que tentam unificar o planeta, impondo uma só linguagem, uma só cultura, um só governo e uma só religião, contrariam, assim. Por que Deus impediria poria tropeço a isso? Por que já tinha visto o que ocorrera antes do dilúvio, destruição ambiental, assassinatos em nome de ouro e prata, arrogância, cidades estruturadas e povo sem paz, loucura nos grandes centros, guerras constantes. A segunda profecia, é a que diz que apareceria um homem semelhante a Ninrod que conseguirá fazer o que ele não fez. Para tanto, o mundo estrá tão polarizado geopoliticamente a ponto de haver possibilidade de uma guerra de extermínio total.

4. Controlar a paixão - fé - tradição - e todas as coisas com razão moderada. O controle da religião e da tradição deve ser subjugado, é isso o que prega a Agenda 2030 contra as sociedades patriarcais e conservadoras, que não admitem, por exemplo, todos os conceitos de família e casamento que a Agenda pretende impor.

5. Proteger povos e nações com leis e tribunais justos. Globalização do Judiciário. Isso já é um fato quase concretizado, faltando poucas nações que ainda não aderiram ao conceito de Justiça preconizado pelo Agenda.

6. Permitir que todas as nações regulem-se internamente, resolvendo disputas externas em um único tribunal mundial. Haverá um juiz ou um colegiado internacional que dirá às nações o que devem fazer. A mundialização cultural que prega a Agenda 2030 só pode existir se a noção de cultura e valores ocidentais prevalecerem sobre o mundo.

7. Evitar leis insignificantes e funcionários públicos desnecessários. Mentalidade utilitária e instrumental. O racionalismo iluminista preoponderando sobre as políticas estatais e públicas.

8. Equilibrar direitos pessoais com deveres sociais. Os deveres sociais poderão intervir nos direitos pessoais e vice-versa. O Estado poderá alterar, em nome do social, a necessidade de uma jovem menor de idade de abortar com quinze anos.

9. Valorizar verdade - beleza - amor – procurando harmonia com o infinito. O conceito de infinito aqui é o mesmo descrito por Pike.

10. Não ser um câncer sobre a terra – Deixar espaço para a natureza – Deixar espaço para a natureza. O homem é uma praga, o mesmo que a Agenda 2030 considera ao dizer que o aquecimento global é algo puramente humano, impedindo que o agricultor possa, por isso, usar da terra como melhor lhe aprouver.

O discurso da Agenda é tudo isso. Ela e suas predecessoras são o caminho para a entrada de um governo que se dirá altamente democrático, respeitador das minorias, multiculturalista, ecumênico, valorizador do livre mercado, mas com uma justa distribuição de riquezas, que prometerá a paz mundial, acabando de vez com os conflitos no Oriente Médio. Seu discurso será cativante, agradável, sincero e que por um tempo logrará, pelo engano e astúcia, trazer um período de paz e bonança, mas logo em seguida fará uma verdadeira caça às bruxas contra todo democrata, religioso e pensador que não se ajuste às diretrizes impostas pelo sistema, capitalista-social-comunista por ele implantado.

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Sobre o autor
Elton Emanuel Brito Cavalcante

Doutor em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente - UNIR; Mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal de Rondônia (2013); Licenciatura Plena e Bacharelado em Letras/Português pela Universidade Federal de Rondônia (2001); Bacharelado em Direito pela Universidade Federal de Rondônia (2015); Especialização em Filologia Espanhola pela Universidade Federal de Rondônia; Especialização em Metodologia e Didática do Ensino Superior pela UNIRON; Especialização em Direito - EMERON. Ex-professor da rede estadual de Rondônia; ex-professor do IFRO. Advogado licenciado (OAB: 8196/RO). Atualmente é professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia - UNIR.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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