Resumo
O presente artigo analisará como a síndrome de vira-lata do brasileiro rebaixa a cultura brasileira e a literatura nacional ao não dar a devida importância a esta, mas em detrimento disso os estrangeiros vangloriam Machado de Assis, grande escritor do Brasil, não sendo ele valorizado pelos brasileiros.
Machado de Assis viralizado no Tik Tok
Machado de Assis é um dos, senão o maior, escritor brasileiro. Apesar de não valorizado pelos conterrâneos contemporâneos, os estrangeiros o valorizaram bastante. Machado de Assis, célebre autor de contos e romances, viralizou no Tik Tok! Uma norte-americana gravou um vídeo afirmando que leu a obra do Bruxo do Cosme Velho e o achou fantástico. A obra lida pela influenciadora foi Memórias Póstumas de Brás Cubas, livro este que inaugurou a escola literária do realismo no Brasil. Afirma a influenciadora estadunidense que é “o melhor livro já escrito”.
Todavia, a grande problemática desta questão está na síndrome de vira-lata do brasileiro, que não valoriza devidamente a literatura e a cultura nacionais, ao passo que os estrangeiros, a exemplo da influenciadora do Tik Tok norte-americana, valorizou a cultura brasileira de uma forma que jamais foi no Brasil.
Isso se dá pelo desincentivo à leitura no país, com a redução crescente do número de leitores brasileiros, e, consequentemente, com o nível cada vez maior de analfabetos funcionais brasileiros. Se as pessoas já não leem livros, quem dirá literatura nacional?
A cultura literária brasileira é maravilhosa
A cultura brasileira é incrível, podendo-se provar por meio de sua literatura. O Brasil é riquíssimo nesta, contrariando o que dizem os críticos da atualidade a respeito da cultura brasileira. Autores incríveis são os brasileiros, podendo-se citar diversos deles, sendo o foco principal Machado de Assis.
Machado de Assis foi um excelente escritor de romances! Por meio destes, fez críticas magistrais à sociedade brasileira de sua época, servindo ainda na contemporaneidade. Quando Brás Cubas diz “Está morto. Podemos elogiá-lo à vontade”, o Bruxo do Cosme Velho observa que, no Brasil, a falsidade e as aparências são fatos constantes no cotidiano dos brasileiros.
Também Brás Cubas afirma que “Matamos o tempo; o tempo nos enterra”, clara alusão à brevidade da vida e efemeridade do tempo, que passa rapidamente enquanto o matamos, mas no fim a morte chega para todos. Ainda, a personagem diz que “Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto da carruagem seria diminuto, se todos andassem de carruagem”, afirmando Machado de Assis com a frase que se não houvesse desigualdade social e todos tivessem acesso aos bens e direitos mais básicos, não haveria motivo para ganância, posses e aparências.
Com as frases expostas, percebe-se a profundidade e a riqueza existentes na literatura brasileira, isso porque foi citado apenas um autor, o grande Machado de Assis. A cultura brasileira é riquíssima, profunda e maravilhosa, contudo o brasileiro, apesar de todas as qualidades de sua literatura e cultura, não dá o devido valor a ambas.
Síndrome de vira-lata do brasileiro
O brasileiro não valorizar a sua cultura é denominado como síndrome de vira-lata. Esta se dá quando determinado povo valoriza a cultura de outros em detrimento da própria, mesmo a sua mesma sendo riquíssima. Mas, o que ocorre no Brasil para haver a síndrome de vira-lata para com a literatura nacional? O desincentivo à leitura pela educação brasileira.
No Brasil, infelizmente, os índices de leitura são baixíssimos. Cada vez mais as pessoas leem menos e mal, sendo decadente a quantidade de leitores brasileiros. Segundo pesquisas do Itaú Cultural, o brasileiro lê, em média, partes de um livro a cada três meses, totalizando 3 a 4 livros lidos por ano. Níveis estes preocupantes, há causas na falta de incentivo pela leitura no sistema de ensino brasileiro.
Segundo o professor Pierluigi Piazzi, em sua obra Aprendendo Inteligência, o problema grave da educação é na falta de leitura, pelo motivo desta não ser incentivada. Segundo o professor Pier, os profissionais do ensino básico e médio não incentivam devidamente o prazer pela leitura, ao obrigar os alunos a lerem livros pedantes e de difícil compreensão para suas faixas etárias, mas criam o ódio por ela. Correto está o professor, todavia deve-se levar em consideração que seu método serve aos estudantes de nível fundamental e médio matriculados nas escolas, porquanto não é com Machado de Assis que se cria o gosto pela leitura, mas é por meio desta que se chega a Machado de Assis. Ao dar para um adolescente “Harry Potter, você chega em Machado de Assis, mas se der Machado de Assis, não se chega a lugar algum”, como bem disse o professor e educador Pierluigi Piazzi.
Portanto, a falta de leitura de livros clássicos brasileiros, mesmo que incríveis como os do próprio Bruxo do Cosme Velho, possui raízes profundas no sistema de ensino, que ao invés de criar o prazer, cria o ódio pela leitura.
Conclusão
Visto a falta de incentivo, o que fazer para que as pessoas leiam mais literatura nacional e, de forma geral, livros? Deve-se reformar o ensino da leitura no país. Não da literatura, mas sim da leitura, porquanto Pierluigi Piazzi dizia que “[...] (Professores de literatura) Antes de se tornarem professores de literatura, tornem-se primeiro professores de leitura”. Não se deve criar o prazer pela leitura por meio de uma obra rica e complexa como Dom Casmurro, mas sim com obras mais simples e de entretenimento, como as de Isaac Asimov (um excelente autor do ramo da ficção científica). Então, à guisa de conclusão, para que o brasileiro valorize a própria cultura literária, deve ele primeiro criar o prazer pela leitura para depois contemplar a sua mais alta literatura.
Referências
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. 1 ed. São Paulo: Antofágica, 2022.
PIAZZI, Pierluigi. Aprendendo Inteligência. 2 ed. São Paulo: Aleph, 2008.
Retratos da Leitura: um país que lê menos. Disponível em: https://www.itaucultural.org.br/secoes/noticias/retratos-leitura-pais-le-menos. Acesso em : 24 de abril de 2025.