Dilema do bonde, utilitarismo e valor da pessoa: uma reflexão filosófica

05/05/2025 às 12:09

Resumo:


  • O dilema do bonde apresenta um cenário ético e moral com um bonde desgovernado e a escolha entre salvar uma pessoa ou cinco pessoas.

  • O utilitarismo, baseado na maximização da felicidade coletiva, sugere sacrificar uma vida para salvar outras cinco no dilema do bonde.

  • No entanto, filósofos como Immanuel Kant argumentam que o valor das pessoas é intrínseco e não pode ser mensurado, questionando a abordagem utilitarista do dilema.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

O dilema do bonde é um dilema ético e moral que faz o seguinte exercício: suponha que há um bonde desgovernado, um operador em uma alavanca que mudará para dois trilhos; de um lado dos trilhos, há uma pessoa e do outro cinco pessoas. O dilema consiste em: o quanto vale a vida de um ser humano? É possível mensurá-la? Entendo que não. A vida não é mensurável, como preto no branco porque as pessoas possuem valor enquanto seres humanos. Explico, mas, antes, vamos ao utilitarismo, filosofia que embasa o dilema.

O utilitarismo é uma filosofia moral que surgiu com Jeremy Benhtam e John Stuart Mill. O utilitarismo de Stuart Mill pode ser condensado na frase “a maior felicidade para o maior número de pessoas”. O que ele quer dizer com isso é a maximização do prazer e a redução da dor. Seguindo um critério hedonista (não entenda no sentido vulgar do termo, mas o filosófico), busca a filosofia moral do utilitarismo a maximização do prazer (não importa como seja ele buscado) e a redução da dor na coletividade. Desse modo, se formos novamente ao dilema do bonde, para o utilitarismo a maior maximização de felicidade seria a sobrevivência de cinco pessoas em detrimento de uma.

Porém, o utilitarismo peca ao tentar mensurar o valor de uma pessoa. Segundo o filósofo Immanuel Kant, o ser humano possui um valor intrínseco enquanto tal, resumido na frase “coisas têm preço, pessoas têm valor”. O que pode ser mensurado são as coisas, mas não pessoas e, por isso, estas possuem valor. Desse modo, o dilema do bonde parte de uma visão utilitarista do valor das pessoas. Contudo, a vida humana não pode ser mensurada em termos quantitativos, estando ela além da métrica.

Portanto, o dilema do bonde é uma redução do ser humano a termos quantitativos, mas o que é desconsiderado é o valor intrínseco que cada ser humano possui enquanto tal, possuidor de sentimentos, sonhos, angústias, razão e necessidades materiais, espirituais e fisiológicas, parafraseando Daniel Sarmento em sua obra “Dignidade da Pessoa Humana: conteúdo, trajetórias e metodologia”.

Sobre o autor
Erick Labanca Garcia

Graduando em Direito, estagiário jurídico, escritor e cronista.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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