Diariamente, observo como o lobby e o advocacy digital transformam a maneira de levar pautas estratégicas aos tomadores de decisão. Em um mundo conectado, o profissional de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) não é mais apenas um articulador de bastidores; ele se torna um estrategista digital, capaz de monitorar tendências nas redes, mapear influências e mobilizar narrativas que impulsionam mudanças políticas em tempo recorde.
Um exemplo perfeito disso aconteceu nos últimos dias. O youtuber Felca publicou, no dia 6 de agosto, um vídeo denunciando a "adultização" de crianças nas redes sociais, expondo casos de exploração de menores por influenciadores. O conteúdo viralizou rapidamente, acumulando mais de 26 milhões de visualizações e gerando um debate nacional sobre a proteção infantil online.
Em resposta direta a essa mobilização, o presidente em exercício da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, anunciou ontem (10 de agosto) que a Casa pautará projetos sobre o tema já nesta semana. Motta destacou que há vários projetos em tramitação que visam combater a exposição indevida de crianças e adolescentes nas plataformas digitais, com conotações sexuais e comportamentos adultizados.
Esse paralelo é emblemático: o que começou como um vídeo de denúncia se transformou em pressão pública massiva, forçando o Legislativo a acelerar agendas paradas. Sem a viralização nas redes sociais, esses projetos poderiam continuar engavetados. É o advocacy digital em ação – em poucos dias, uma mobilização online gerou repercussão suficiente para priorizar pautas críticas, como a regulação de conteúdos que exploram menores.
Para os profissionais de RIG, o caso destaca a urgência de integrar ferramentas digitais às estratégias tradicionais de advocacy. Monitorar hashtags, engajar influenciadores e analisar dados de engajamento não é mais opcional; é essencial para defender interesses legítimos de forma ética e transparente. O lobby digital democratiza o acesso ao poder, mas exige responsabilidade para evitar manipulações.